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Artigo N.º 13464 - Memória
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Postado em: 26/06/15 às 13:09:22 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=13464
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Marisa Bueloni

O que dizer dos dias que passam como se não passassem? O que pensar da estagnação que, às vezes, toma conta de nossa existência, causando desalento? É quando procuramos pela poesia da vida, presente em toda parte, em todos os momentos. Ela sinaliza que estamos vivos e interessados em viver.

A poesia do cotidiano apresenta-se tão bela e tão pequenina. Pode passar despercebida e então teremos perdido um grande espetáculo. Drummond escreveu sobre as coisas lindas, muito mais que findas. Afinal, são as que ficarão.

No seu poema “Memória”, ele reflete sobre “amar o perdido”. Sim, isso deixa confundido qualquer coração. Temos essa obstinação de voltar os olhos para o passado e contemplá-lo com um pouco de sofrimento, de saudade, vasculhando as preciosidades que um dia nos fizeram sonhar.

O poeta mineiro tece palavras para as coisas tangíveis, que “tornam-se insensíveis à palma da mão”. Nem tudo o que tocamos tem o poder de nos tocar. É preciso uma profunda visão de mundo para alcançar o discernimento claro do que de fato importa, sobretudo a noção de certo e errado. Sem um mínimo de sensatez ou juízo, é fácil entrar em confusão.

O poeta termina seu poema assim: “Mas as coisas lindas / muito mais que findas / essas ficarão”. Penso que ficará para todos nós a sublime poesia do invisível, do intocável, do inatingível. Mas que será eternamente celebrada como dádiva maior para nossos corações.

Nada escapa ao tempo. Nem a memória do que durará para sempre, tangível ou não. Ficará o retrato na parede, a foto onde ele e eu estamos abraçados, felizes e sorrindo, felicidade que transcende o memorial da vida. As fotos das viagens, nossas duas filhas pequenas, os baldinhos na areia da praia e o vasto mar ao fundo das férias tão queridas! As reuniões e festas familiares, os que se foram e os novos que chegam, ao redor da abençoada mesa.

A memória de cada momento se fixa nas retinas da alma. Tal um arquivo que se pode consultar a qualquer hora, ali está a fotografia indelével, a habilidade do pensamento que retrocede no tempo e revive cada alegria, cada sonho, cada esperança.

A esperança tem uma memória especial, creio eu. Ela esperou por nós mais do que nós por ela. Este doce substantivo abstrato possui o caráter peculiar de não ter fim, de renovar-se a cada respiração. Assim é a esperança que nos salva e nos redime de toda dor, de toda luta, de todo sofrimento. Como se diz, “a última que morre”.

Enfim, desprovidos da necessária inteligência para desvendar mistérios, consolamo-nos com os versos tímidos da perplexidade diária, do assombro que nos esconde e nos revela sonhos.

Belo é o resgate da história pessoal, da concretude apalpada com as mãos, vistas com a sensibilidade inspiradora, no perfume das manhãs orvalhadas do outono. Quedo-me ante tanta beleza e me deixo ficar. Cultivo a memória destas encantadoras paisagens em sépia, de cromos e delicadezas, perpetuados com a graça da lembrança. Bela é a memória da vida.




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