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Artigo N.º 3667 - A Noite Escura
Artigo visto 4805




Visto: 4805
Postado em: 23/11/09 às 20:26:56 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=3667
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Por: Marisa Bueloni

Madre Tereza de Calcultá sentia a escuridão, o frio e o vazio dentro de si. Nada tocava a sua alma. Foi assim que a madre se manifestou nas cartas a um padre confessor. Durante 50 anos, ela carregou a sua cruz, a escuridão sufocante de nada encontrar no fundo do coração. Madre Teresa faleceu em 1997 e, dez anos depois da sua morte, surgiu a revelação de que viveu o tormento íntimo das dúvidas – até mesmo da existência de Deus.

     Quando li São João da Cruz, compreendi o significado da “noite escura” à qual o santo se referia, à travessia que a alma faz em meio ao pântano espiritual. Um caminho de aridez, de silêncios insuportáveis no espírito, onde não se ouve uma única resposta de Deus. 

     Talvez se possa usar a “noite escura” da alma como uma espécie de valor para graduar o nível de santidade? Quanto mais medonho o caminho a percorrer, quanto mais lúgubre o dia atroz, mais perto de Deus se está? Mais santo se é? Não sei. Estou apenas tentando compreender os caminhos de Deus na trajetória de uma alma. Acima de tudo, compreender por que Deus prova as Suas criaturas. 

     As almas dos não santos também sofrem a escuridão destas trevas interiores. As “noites escuras” são tremendas e delas se quer fugir, inutilmente. Elas nos vencem, qual um exército troiano. Não posso afirmar, com todo rigor, que uma longa “noite escura” se abateu sobre mim, num determinado período da minha vida. Pode ser.

      A noite espectral atraiu sobre mim uma febre incurável. Uma ânsia invomitável. Uma aridez de secar os sentidos e fazer doer os pelos dos braços. Eu fora tocada pela dor. A dor física. E, sem cajado e sem amor, atravessei sozinha a noite escura e febril da desesperança. 

     Era quando pensava na dor dos mártires e no quanto sofreram pela sua fé. Quando menina, amava as histórias da vida dos santos, colecionava as publicações daquela época. Quantos santos e fiéis ardorosos deram suas vidas por amor a Cristo. Nos filmes bíblicos, vemos os primeiros cristãos jogados aos leões na arena, sob o uivo da plebe que a tudo assistia rindo. Os nobres romanos ficavam numa espécie de camarote à parte, em assentos luxuosos, comendo e bebendo, enquanto os mártires eram estraçalhados pelas feras. Nas cenas de alguns filmes, estes personagens odiosos são mostrados apontando o dedo para os cristãos na arena, dizendo: “Veja, eles morrem sorrindo!”. 

     Creio que eles morriam felizes, pois já estavam arrebatados no espírito. Ali estavam apenas os seus corpos. Enquanto os leões avançavam famintos sobre eles, Deus já os abraçava em toda a Sua glória. Por isso eles sorriam, porque estavam vendo a face de Cristo enquanto eram devorados vivos. 

     São Lourenço sofreu um martírio terrível. Fora colocado preso numa grelha, para ser assado. E, estando já bem queimado de um lado, disse aos seus carrascos: “Virem-me do outro!”. Por que ele pediu isso? Não estaria sofrendo dores atrozes, no tormento daquela agonia? Pois só pode pedir para ser queimado do outro lado alguém cuja fé é maior que a dor. Ele não sentia o sofrimento físico do corpo sendo queimado, porque estava já abrasado de amor a Cristo.  

     É este amor que busco dentro de minha alma. Um amor maior que a dor. Uma fé que ultrapasse toda tribulação, a ponto de olhar para o alto, e pedir como os santos e os mártires: “Senhor, manda-me mais um pouco de sofrimento”. “Manda-me um pouco mais desta noite escura e tenebrosa”. 

     Conta-se o caso de uma mocinha muito pura, e muito doce, que amava Nossa Senhora, desejando parecer-se com ela. Um dia, num arroubo de santidade, disse a Deus: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-me em mim segundo a Tua Palavra”. Contou a própria mocinha que, em seguida, ouviu  a voz de um trovão, fazendo-lhe a seguinte pergunta: “Tens certeza? Posso mesmo fazer a Minha vontade em ti?”. A pobre tremeu, tremeu, tremeu... E deixou Deus esperando a resposta até hoje.    

     Não basta querer ser santo. É preciso carregar a cruz. Tento levar a minha, sem reclamar muito. Mas sou miserável e imperfeita e reclamo, sim. Não passo um dia sem ir aos pés do crucifixo pedir o alívio, a cura, a melhora, o livramento. Como todo mundo.


Marisa Bueloni é formada em Pedagogia e Orientação Educacional – marisabueloni@ig.com.br



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