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Artigo N.º 3901 - Como Pinochet enganou João Paulo II
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Postado em: 24/12/09 às 22:19:33 por: James
Categoria: Destaque
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A lembrança do cardeal Tucci: “Ele enganou todos nós”

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 24 de dezembro de 2009 (ZENIT.org).- João Paulo II nunca teve a intenção de aparecer junto a Augusto Pinochet na sacada do Palácio da Moeda, em 1987, mas foi enganado pelo ditador chileno.

Este é o relato do cardeal Roberto Tucci, de 88 anos, que então era o organizador das viagens papais ao exterior, em uma entrevista ao L’Osservatore Romano, na qual revela os bastidores deste episódio que então comoveu a opinião pública em um momento no qual, no Chile, os opositores eram torturados e assassinados.

O purpurado jesuíta confessou que não consegue esquecer “o rosto de Wojtyla quando percebeu o golpe dado por Pinochet”.

“Ele fez o Papa aparecer na sacada do palácio presidencial, contra sua vontade. Ele enganou todos nós”, exclamou.

“Nós, do séquito, fomos acomodados em uma pequena sala, à espera do colóquio privado. Segundo os pactos – com os quais eu havia concordado, por disposição precisa do Papa –, João Paulo II e o presidente não apareceriam para cumprimentar a multidão.”

“Wojtyla era muito crítico com relação ao ditador chileno – revela o cardeal Tucci – e não queria aparecer junto com ele. Eu tinha à vista a única porta que unia a pequena sala, onde estavam os do séquito, com o lugar no qual estavam o Papa e Pinochet. Mas, com um movimento estudado, fizeram-lhe sair por outra porta.”

“Passaram na frente de uma grande cortina fechada – explicou-nos depois o Papa, furioso – e Pinochet pediu que o pontífice parasse lá, como se tivesse algo para lhe mostrar.”

A seguir, “a cortina se abriu de repente e o Papa se encontrou na frente da sacada aberta sobre a praça lotada de gente. Não pôde se retirar, mas lembro que, quando se despediu de Pinochet, dirigiu-lhe um olhar gélido.”

Ao contrário, recordou o cardeal Tucci, o presidente argentino Raúl Alfonsín “foi mais respeitoso e não pretendeu em absoluto aparecer ao seu lado”.

“Na África, ao contrário, reis, ditadores e governantes corruptos o levavam a todos os lugares para aproveitar-se da sua imagem – disse. Ele sabia disso, mas era um preço a ser pago para encontrar-se com as pessoas. Isso lhe custava, mas suportava. Depois ele desabafava conosco. E quando falava, não poupava as denúncias.”

O purpurado, que também foi diretor da revista La Civiltà Cattolica e diretor geral da Rádio Vaticano, falou também das muitas viagens programadas e nunca realizadas.

Por exemplo, recorda o fracasso da visita a Hong Kong, em 1994: “A presença do Papa poderia ser interpretada como um ato descortês com relação a Taiwan: estávamos em 1994, na vigília da passagem de Hong Kong à China, ocorrida em 1997”.

“Outra desilusão foi o fracasso da viagem que o Papa queria fazer ao Iraque, após a guerra do Golfo. (...) No final, disseram-nos que o Papa na terra de Abraão, isto é, no sul do Iraque, na fronteira com o Irã, teria representado um risco muito sério pelos possíveis atentados, pelos quais culparia os iraquianos.”

Tucci falou também dos encontros falidos com o patriarca ortodoxo de Moscou e de todas as Rússias, Alexis II.

Na primeira vez, o Papa deveria ir à Áustria e os tempos pareciam estar maduros para a viagem; depois de acertar todos os detalhes, o patriarcado de Moscou avisou que o encontro não seria realizado.

“O motivo, disseram-nos, era o mau trato dirigido pelos católicos aos ortodoxos, para recuperar suas igrejas na Ucrânia, um pretexto.”

“A mesma coisa aconteceu na visita a Pannonhalma, na Hungria, em 1996. Também daquela vez estava tudo preparado, mas depois colocaram muitas condições e a visita não foi possível.”

O cardeal Tucci recordou também sua amizade com João XXIII, que o escolheu como perito durante o Concílio Vaticano II, recordando um fato: uma audiência que o Papa lhe concedeu na vigília do famoso congresso da democracia cristã em janeiro de 1962, em Nápoles, durante a qual Aldo Moro convenceu todo o grupo dirigente do partido da necessidade de uma aliança com o Partido Comunista italiano.

O Papa então lhe disse que “não entendia de política e que, de qualquer forma, pensava que o Papa, pertencendo à Igreja universal, não deveria envolver-se em questões particulares referidas à Itália”, afirmou.

“A propósito das divisões internas da Democracia cristã, acrescentou – creio que referindo-se à esquerda – que seria preciso respeitar também aqueles que não tinham, por assim dizer, as posições mais aceitáveis, porque se tratava de pessoas que defendiam suas idéias com boa vontade.”

“Eu não entendo muito disso – disse João XXIII –, mas francamente não entendo por que não se pode aceitar a colaboração de outros que têm uma ideologia diversa para fazer coisas boas em si, enquanto não haja cessões doutrinais.”

“Entendi, assim, que Moro teria tido via livre – afirmou o cardeal Tucci. Penso inclusive que esta postura do Papa foi comunicada ao estadista, porque, conhecendo sua fé, não acho que teria procedido de outra forma por esse caminho.”


Fonte: www.zenit.org



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