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Artigo N.º 6693 - COMO VIVER EM UM MUNDO ISLÂMICO
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Postado em: 22/11/10 às 17:09:41 por: James
Categoria: Destaque
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Entrevista com o diretor da “Human Rights Coalition”

FREDERICKSBURG, domingo, 21 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Quando pensa em perseguição religiosa, o reverendo Keith Roderick pensa na história de Vivian.

O reverendo doutor Roderick é um ministro episcopaliano, secretário-geral da Coalition for the Defense of Human Rights, a Coalizão para a Defesa dos Direitos Humanos.

Nesta entrevista, ele conta a história de Vivian, de 15 anos, sequestrada quando voltava da escola para casa, em seu nativo Iraque; seus sequestradores disseram à sua mãe: “Não queremos o seu dinheiro. Queremos destruir o seu coração”.

Nesta entrevista, Roderick fala não somente do caso de Vivian, mas dos problemas fundamentais dos cristãos que vivem no mundo islâmico.

Desde quando você trabalha nisso e qual foi a primeira coisa que você conseguiu quando começou com este trabalho a favor da Igreja perseguida e reprimida?

Roderick: Há mais de 23 anos... O tempo passa rapidamente. Eu trabalhava com uma organização na Inglaterra que ajudava os presos religiosos de consciência na União Soviética. Organizávamos o envio de pacotes às famílias dos presos, que se escrevessem cartões aos campos de prisão em que estavam retidos e outras tarefas. No final, com a dissolução da União Soviética, começamos a receber petições para fazer o mesmo pelos presos religiosos no mundo islâmico. Então, ampliamos nossas perspectivas para conseguirmos um envolvimento primeiro no Egito e no Paquistão e, depois, no Líbano; finalmente, no Iraque, Irã e Sudão.

Você poderia nos situar no contexto? Qual é o problema fundamental para os cristãos que vivem no mundo islâmico?

Roderick: Número um: são uma minoria. Como com tudo o que implica ser uma minoria, há discriminação no trabalho, assim como em outros contextos sociais. Como minoria em um mundo islâmico, também carregam o estigma de ser dhimmi.

O que significa isso?

Roderick: Ser um cidadão de segunda classe institucionalizado. Um dhimmi é, em termos islâmicos, um infiel que paga a jizyaj, o imposto para ser tolerado. Estão isentos de participar do exército – talvez esta seja a única vantagem. É um status muito humilhante e é uma forma, por assim dizer, de manter a população minoritária no lugar que lhe corresponde. É desumanizador e se costuma deteriorar a dignidade básica das minorias como indivíduos, e isso permite atos de violência, assim como outras formas de limpeza étnica.

Qual é o objetivo dos islamitas a respeito disso?

Roderick: Os islamistas querem islamizar a sua sociedade. Isso implica no estabelecimento da lei da xaria sobre a população – e às vezes inclusive estabelecer a lei da xaria sobre os não-muçulmanos – e, por conseguinte, um monte de dificuldades. O objetivo básico é tentar reintroduzir o pensamento islâmico ortodoxo a partir de uma perspectiva muito conservadora.

Em 1900, os cristãos constituíam cerca de 20% da população do Oriente Médio. Hoje representam menos de 2%. Quais são as razões desta diminuição da população cristã?

Roderick: Acho que as contínuas pressões aplicadas às populações minoritárias, sobretudo aos cristãos. Ele se sentem – e assim são definidos pela população majoritária – como intrometidos, que não pertencem a ela, ainda que, de fato, eles sejam a população indígena. O cristianismo estava lá muito antes. Assim, claro, se você é considerado um estrangeiro em seu próprio país, estará em apuros.

Por isso, acho que esta é uma das principais razões não somente da violência que explode de tempos em tempos – como vimos no Iraque –, mas também das constantes classes de discriminação das instituições do governo e da sociedade, que tende a marginalizar e continua marginalizando. Com o novo ressurgimento islâmico, estas pressões se intensificaram e se tornou muito mais difícil agora do que foi no século 20.

Quais seriam os exemplos de discriminação tendente à perseguição absoluta?

Roderick: Uma das formas mais comuns de discriminação institucionalizada começa com o documento de identidade. De fato, em muitos países, como o Egito, você tem de ter em seu documento de identidade sua afiliação religiosa. E isso significa que há restrições automáticas para você em todos os tipos de trabalho para os quais você possa estar qualificado, suas oportunidades educativas e inclusive seu casamento. Você tem de declarar sua preferência religiosa ou sua identificação religiosa: cristão, muçulmano ou judeu. É uma forma de controlar, de alguma forma, é quase comparável à estrela amarela na época dos nazistas.

O que lhe vem à mente quando pensa na perseguição religiosa?

Roderick: Penso em tanta gente que perdeu sua vida somente devido à sua fé ou à sua identidade de cristãos. Como exemplo, no Iraque, uma jovem, de 15 anos, voltando um dia do colégio para a sua casa, foi raptada. Os colegas da escola avisaram seus pais que ela tinha sido sequestrada. Os pais esperaram à tarde por essa ligação telefônica que pediria um resgate, decididos a fazer o que fosse necessário para recuperar sua filha. Enfim, o telefone tocou, a mãe atendeu e disse: “Diga-me o que você quer, nós pagaremos o que for preciso”. E, do outro lado da linha, uma voz respondeu: “Não queremos o seu dinheiro. Queremos destruir o seu coração”.

Isso foi traumático e terrível para a família! Vários dias depois, seu corpo, mutilado, estuprado várias vezes, foi jogado na praça da cidade e a família foi chamada para recolhê-lo. A perda foi assim. É uma degradação, não só o assassinato, mas também mutilar uma pessoa. Até onde vai chegar uma doutrina que permite que um ser humano faça isso com outro ser humano?

E isso não está no Alcorão?

Roderick: Não, isso não está no Alcorão. Mas é exatamente assim. E continua. No Egito, os serviços de segurança do Estado torturam os presos nos três primeiros dias da sua detenção. Eles têm dois departamentos dentro da chefatura de Lazoughly: um para supervisionar os fundamentalistas islâmicos e outro para supervisionar os cristãos. E costumam prender os cristãos, sobretudo os muçulmanos convertidos, para acalmar a pressão que aplicam aos fundamentalistas islâmicos e mostrar imparcialidade. Muitas vezes são torturados de forma atroz durante os três primeiros dias e, se ninguém fala em seu nome, simplesmente desaparecem nas prisões.

Eu gostaria de me centrar um pouco mais no Iraque, especialmente porque existe uma perseguição evidente contra os cristãos. A população cristã iraquiana é agora menos da metade do que era antes da invasão. Todos esses atos, como o sequestro, são uma forma de eliminar os cristãos da região?

Roderick: Sim. Alguns dos atos de violência são, logicamente, oportunistas e criminais, mas a maioria deles está realmente dirigida a pressionar a população para forçá-la a ir embora. Por exemplo, no bairro de Dora, em Bagdá, no qual, em 2004, moravam 20 mil famílias cristãs, em 2006 havia pouco mais de mil pessoas lá, tentando manter suas propriedades. Isso foi, de fato, um programa de limpeza étnica que permitiu que as milícias utilizassem esse bairro como base para as suas operações contra as forças de coalizão em Bagdá. Agora, muitos daqueles elementos – devido à mudança, ocorrida no último ano e meio – se moveram para o norte, por isso há mais problemas em Mossul, Kirkuk ou inclusive nas planícies de Nínive. As aldeias menores de lá se queixaram pelo fato de o Al Qaeda ter fixado suas bases e vai e volta a Mossul, utilizando a população cristã como escudo.

Por que são um alvo tão fácil?

Roderick: São um alvo fácil porque, após a libertação, pediu-se a todas as milícias que entregassem suas armas. A única milícia que obedeceu à petição e entregou suas armas foi a milícia assíria. Então, não há proteção. Não existe uma força policial independente que ofereça proteção à população. Só há consequências e estratégias envolvidas e, infelizmente, os cristãos geralmente estão do lado de quem é atacado.

Os cristãos que permanecem no Iraque falam de uma igreja gueto. O que é uma igreja gueto?

Roderick: Uma igreja gueto está fechada. Permitem-lhe sobreviver em condições abaixo do que seria a plena liberdade dentro da sociedade. Até este ponto está se convertendo em norma em alguns países. Existe um grande medo no Iraque, devido ao translado da população.

Inclusive no lugar do nascimento de Cristo, vemos agora que os cristãos constituem 2,4% de toda a população. Será que os cristãos vão acabar se extinguindo?

Roderick: Acho que a questão é: serão simplesmente cuidadores de monumentos religiosos ou terão um papel significativo a ser desempenhado na sociedade? Acho que esta é a questão mais importante. Não é provável que sejam erradicados completamente. A Igreja é Cristo e Cristo não a deixará desaparecer, mas, infelizmente, muito da vida dessas igrejas existe agora na diáspora e a diáspora alberga muitas promessas e muito potencial para reforçar e apoiar essas populações indígenas onde estão. Sim, a população na Terra Santa diminuiu e quase se tornou insignificante, mas não acho que este seja necessariamente o curso futuro para sempre.

Então devemos ter esperança, mas é preciso protegê-la. Os cristãos têm de comprometer-se na defesa dos seus irmãos e irmãs, e com tudo o que desacreditamos do que ocorreu aos cristãos no Oriente Médio, parte da responsabilidade é dos cristãos do Ocidente. Eles empreenderam alguma iniciativa? Por que não levantaram a voz? Por que não saíram para protestar? Por que se ouve tão pouco falarem dos cristãos perseguidos nos púlpitos? Por que não colocam nos folhetos de orações que se reze pelos cristãos que são perseguidos no Oriente Médio? Parte disso é problema nosso. Não nos envolvemos. Esperamos que os cristãos do Oriente Médio suportem o peso por si mesmos. Eles têm carregado a cruz sozinhos. É necessário que demos um passo adiante e sejamos uma verdadeira força que lhes dê apoio e isso é algo que não fizemos muito bem.

O que podemos fazer – você e eu – como cristãos?

Roderick: Acho que a coisa mais importante é pressionar os responsáveis políticos. Deve haver algum tipo de esforço profundo que lhes dê (aos políticos) o ímpeto e o respaldo para fazê-lo. Acho que também é muito importante que exista alguma forma de relação individual entre aqueles que são perseguidos e os que estão no Ocidente, que faça que as liberdades comecem a ser formuladas, que pressione o governo norte-americano, britânico, francês, europeu, que comece a pressionar aqueles governos que toleram o intolerável em seus próprios países.

* * *

Esta entrevista foi realizada por Mark Riedemann para "Onde Deus chora", um programa rádio-televisivo semanal produzido por Catholic Radio and Television Network, (CRTN), em colaboração com a organização católica Ajuda à Igreja que Sofre.

Mais informação em www.aisbrasil.org.brwww.fundacao-ais.pt.


Fone: http://www.zenit.org/article-26594?l=portuguese



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