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Artigo N.º 5274 - Discurso de Boas-Vindas por ocasião da Visita do Papa (Papa em Portugal/ Maio de 2010)
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Postado em: 25/05/10 às 21:53:59 por: James
Categoria: Artigos
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Espacojames: Sequência de artigos sobre a visita de nosso Santo Papa Bento VI em sua viagem a Portugal - Maio de 2010. Enviado por Maria José (Zés), nossa amiga que acessa o Espacojames diariamente e que mora em Lisboa/ Portugal.

Terça-feira, 11 de Maio de 2010

Discurso de Boas-Vindas de Sua Excelência o Presidente da República,
Discurso de Boas-Vindas de Sua Excelência o Presidente da República, por ocasião da Visita a Portugal de Sua Santidade o Papa Bento XVI
Lisboa, 11 de Maio de 2010


Santo Padre,

É com profundo júbilo que, em meu nome e em nome de todo o Povo Português, dou as boas-vindas a Vossa Santidade, no início de uma Visita plena de significado para Portugal.

O Povo Português tem por tradição receber com hospitalidade todos quantos o visitam. No caso de Vossa Santidade, a essa hospitalidade vem juntar-se a profunda alegria e o intenso fervor dos fiéis que em Vós acolhem o sucessor do Apóstolo Pedro.

Não é possível explicar Portugal sem convocar as nossas relações com a Santa Sé. Relações que ditaram o reconhecimento da nossa própria existência como realidade política independente, em 1179, e que marcaram a afirmação universal da Nação a que os antecessores de Vossa Santidade chamaram “Fidelíssima”.

Relações multisseculares que encontram, hoje, a sua expressão normativa na Concordata assinada pelo Estado português e pela Santa Sé, em 2004. Nos seus termos, que confirmaram os vínculos que nos ligam, Portugal reconhece o papel da Igreja Católica e respeita e apoia o serviço inestimável que presta à sociedade. Um serviço que quero, de forma solene, na presença de Vossa Santidade, agradecer.

Santo Padre,

O país que Vos acolhe é um Portugal livre e plural, cuja identidade se deve a múltiplos contributos, e que se rege pelos princípios da promoção da dignidade da pessoa humana, da justiça e da paz.

Um país onde a separação entre a Igreja e o Estado convive com as marcas profundas da herança cristã presente na cultura, no património e, acima de tudo, nos valores humanistas que determinam o nosso modo de ser e de estar no mundo.

Um modo de ser e de estar que se revê na procura do diálogo com outros credos e com o mundo da cultura, que vem distinguindo o Vosso pontificado e de que cumprireis mais uma etapa, em Lisboa.

Noutros tempos, dando um contributo precioso para a expansão da fé cristã, abrimos o mundo ao diálogo universal. Somos, por isso, um povo vocacionado para o reconhecimento do valor da diversidade.

Uma atitude particularmente adequada a um tempo em que, porventura mais do que nunca, se reclama um entendimento entre o discurso da razão e o discurso da Fé.

Esse é o diálogo que incessantemente vindes promovendo como Pastor de uma Igreja que vive na cidade dos homens e que nela faz ouvir a sua voz.

Santo Padre

Recebemo-Vos em tempos de incerteza que põem à prova a solidez das convicções e a força dos laços que unem as comunidades.


Nestes momentos, os homens precisam de quem traga uma mensagem de esperança à sua sede de justiça e de solidariedade.

Solidariedade entre nações, num mundo marcado por abissais diferenças de bem estar e prosperidade.

Solidariedade entre as pessoas, nos nossos próprios países, em particular quando se fazem sentir, tantas vezes de forma brutal e injusta, os efeitos de uma crise económica de dimensões globais.

Solidariedade que está na base do extraordinário projecto de paz e de desenvolvimento que é a construção da unidade europeia.
Solidariedade, valor que distingue os homens de bem, independentemente da sua Fé, e componente essencial do “Mandamento novo” do amor pelo próximo.

Os Portugueses vão escutar-Vos. 

Escutar-Vos-ão aqueles que, com alegria, Vos esperam nesta capital de Portugal, junto ao rio em que foi dado sinal de partida para o abraço armilar que levou a Fé católica a tantos Povos, que, hoje, a abraçam como sua.

Escutar-Vos-ão no Santuário de Fátima, que bem conheceis e a que Vos ligam laços tão particulares, local de peregrinação dos católicos que a ele acorrem de todas as partes do mundo.
Escutar-Vos-ão, ainda, na cidade do Porto, nesse Norte onde Portugal nasceu e onde Vos será confirmada, mais uma vez, a devoção e fidelidade de tantos Portugueses.

Santidade,

Foi em nome do Povo Português que Vos convidámos a visitar Portugal. É, pois, com profundo regozijo e sentida emoção que, também em nome dos Portugueses Vos digo: sede bem-vindo Santo Padre!

 



Quarta-feira, 12 de Maio de 2010

Saudação de D. António Francisco dos Santos

Santo Padre 

Deseja, Vossa Santidade, logo no início desta Peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, Altar do Mundo, encontrar-se com os sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, consagrados e consagradas e seminaristas de Portugal.

Aqui estamos, Santo Padre, nesta bela e acolhedora Igreja da Santíssima Trindade, cheios de júbilo e de esperança.

Quero agradecer a Deus, em nome de todos, o dom do ministério e da missão de Vossa Santidade como Pastor Universal da Igreja. E em uníssono agradecemos a bênção e a graça que constitui para toda a Igreja e para Portugal esta Visita.

Vivemos hoje e aqui, com renovada alegria, o Ano Sacerdotal, no horizonte da santidade, da comunhão e da missão, sob a intercessão do Santo Cura d’Ars, Padroeiro dos sacerdotes. Sentimo-nos incentivados pelo testemunho exemplar de inúmeros sacerdotes que ao longo do tempo serviram com inexcedível generosidade a Igreja em Portugal.

Há alguns meses, reuniram-se neste Santuário os sacerdotes de Portugal, num oportuno e participado Simpósio, sob o tema «Reaviva o dom que está em ti», segundo o conselho imperativo de S. Paulo a Timóteo. Também hoje, os sacerdotes, aqui reunidos, querem reavivar diante de Vossa Santidade este dom de Deus e olhar o futuro com a confiança da fé no divino Mestre, proclamando em comum, com alegria e esperança, a beleza do ministério e a alegria da vocação.

A história de Portugal transporta em si as marcas de grande fecundidade vocacional e de intenso dinamismo missionário que levou desde há muitos séculos e leva também no nosso tempo muitos sacerdotes e consagrados (as) a viver os seus ministérios e carismas em criativa fidelidade a Cristo, em todos os continentes do universo.

Diante de Vossa Santidade estão os seminaristas diocesanos e religiosos e jovens consagradas a iniciar a aventura fascinante da vocação e da vida religiosa. Eles são para a Igreja e para o mundo um sinal promissor de esperança. Revelam-nos que o testemunho dos sacerdotes, a vida das comunidades religiosas e o exemplo da entrega radical dos consagrados no meio do mundo suscitam novas vocações.

Sabemos, Santo Padre, que é simultaneamente longo e apaixonante este caminho de profecia e de santidade a percorrer e exigente a missão que Jesus nos confia para vivermos segundo o coração de Deus, como mensageiros da esperança e da alegria, da paz e da reconciliação.
Compreendemos que o dom da vocação e a graça do ministério, recebidos de Deus, e as exigências do tempo que vivemos constituem para cada um de nós um apelo incessante à verdade e à santidade de vida.
Sabemos que Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, nosso Mestre e Senhor, nos chama e acompanha.

Queremos percorrer este caminho com alegria, coragem e entusiasmo na unidade da Igreja e na comunhão com Vossa Santidade.
Imploramos de Nossa Senhora de Fátima e dos Pastorinhos, Beatos Francisco e Jacinta, para Vossa Santidade bênção, saúde e graça e para cada um de nós fidelidade, «sabedoria e santidade na missão» para convosco, Santo Padre, «caminharmos na Esperança». 

+António Francisco dos Santos
Bispo de Aveiro,
Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios


Quarta-feira, 12 de Maio de 2010

Saudação de D. Manuel Clemente
Visita apostólica de Sua Santidade Bento XVI a Portugal
12 de Maio de 2010

Encontro /Cultura – Centro Cultural de Belém

SAUDAÇÃO AO SANTO PADRE

Santidade,

É com muito contentamento e grande expectativa que Vos recebemos em Portugal e agora participamos neste encontro com o “mundo da cultura”. Mundo que Vos é tão grato e, para nós, tão inevitável e urgente.

Creio falar em nome de todos os que aqui estamos, ao dizer-Vos, Santo Padre, que compartilhamos a Vossa preocupação constante em não reduzir a consistência cultural das nossas análises e actuações, como cidadãos responsáveis, lúcidos e intervenientes nos diversos sectores da sociedade nacional e internacional.

Tem sido este o Vosso apelo, na sequência do que sempre fizestes, num fértil percurso académico e literário, em que certamente nos inspiramos e inscrevemos, para o presente e o futuro.

Assumimos inteiramente a urgência que Vossa Santidade nos inculca. Tanto mais quanto verificamos as dificuldades levantadas à reflexão e à ponderação – à cultura, propriamente dita – pela velocidade, para não dizer a vertigem, com que hoje nos podemos distrair, de tópico em tópico, sem definir nem aprofundar propriamente nada.

Nas Vossas três encíclicas e em muito outros pronunciamentos oportunos, tendes-nos oferecido, Santo Padre, uma reflexão substancial e sistemática sobre tudo quanto nos interpela, para podermos realizar, em geral e na singularidade das vidas, a humanidade que a todos nos une. Humanidade que Jesus Cristo compartilhou connosco, dando-lhe densidade e finalização absolutas.

Queremos dizer-Vos, Santo Padre, que, em Portugal, a Vossa intenção cultural também é entendida e bem aceite por muitas personalidades das letras, das ciências e das artes, ainda além das fronteiras da confessionalidade estrita. Exactamente por compreenderem a base humana e razoável que Vossa Santidade nunca dispensa, uma vez que, como Santo Agostinho, detecta em cada pessoa o sinal e a expectativa de Deus, o único que satisfaz a inteligência e pacifica os corações.

Assim mesmo manifesta Vossa Santidade a atitude cultural mais necessária e completa, pois tanto sublinha a base comum em que geralmente nos reconhecemos, como estimula todos os passos do caminho intelectual, sem dispensar a luz que a vida e a palavra de Jesus de Nazaré magnificamente nos trouxeram.

Estamos certos de que este encontro nos confirmará a todos em igual propósito, tão propriamente cultural. Muito obrigado, Santo Padre, pela vontade que tivestes de estar connosco. Muito obrigado, Santo Padre, pela clarividência que sempre nos ofereceis.

+ Manuel Clemente

Bispo do Porto e Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais


Quarta-feira, 12 de Maio de 2010
Intervenção de Manoel de Oliveira
Visita apostólica de Sua Santidade Bento XVI a Portugal
12 de Maio de 2010

Encontro /Cultura – Centro Cultural de Belém
RELIGIÃO E ARTE

Antes de mais quero agradecer este muito honroso convite para pronunciar, neste encontro, umas simples e breves palavras. Principiarei por dizer-vos ter pensado que as éticas, se não também mesmo as artes, seriam derivadas das religiões que procuram dar uma explicação da existência do ser humano face à sua inserção concreta no cosmos. Universo e homem, criações dum ser transcendente, colocam-nos problemas inquietantes para cuja solução o Verbo, que se fez carne em Cristo, nos trouxe insuperáveis graças divinas.

As Artes desde os primórdios sempre estiveram estreitamente ligadas às religiões e o cristianismo foi pródigo em expressões artísticas depois da passagem de Cristo pela terra e até aos dias de hoje.

Sou um homem do cinema, do cinema que é a sétima das artes, logo a mais recente de todas as expressões artísticas, pois não tem mais que um século, enquanto outras terão milénios. Em dois dos meus filmes, figurava um Anjo.

No ACTO DA PRIMAVERA, baseado em um auto popular, da família dos chamados Mistérios ainda no século XVI. Este figurava a Paixão de Cristo, projecto que realizei em 1962, e onde a figura de um Anjo fazia parte do próprio contexto religioso desse Auto.

No outro filme, CRISTOVÃO COLOMBO - O ENIGMA , realizado já em 2007, o Anjo não constava do contexto da história do livro em que me baseei. No entanto, pareceu-me bem introduzir o Anjo da Guarda, aqui o da nação portuguesa, como prévia configuração do Destino, tantas vezes adverso e tantas outras favorável às acções humanas, como aconteceu nessa feliz viagem do navegador que, pela primeira vez, encontrou as ilhas americanas de Antilhas. Isto levou-me a repensar as figuras dos Anjos fora e dentro das Igrejas, parecendo-me conotadas com prefigurações dos espíritos. Ora se os espíritos são um só, então temos nele a natureza de Deus.

Considerando, porém, a religião e a arte, ambas se me afiguram, ainda que de um modo distinto é certo, intimamente voltadas para o homem e o universo, para a condição humana e a natureza Divina. E nisto não residirá a memória e a saudade do Paraíso perdido, de que nos fala a Bíblia, tesouro inesgotável da nossa cultura europeia? Acossados pelas especulações da razão, sempre se levantam terríveis dúvidas e descrenças, a que se procura opor a fé do Evangelho que remove montanhas. E os seres humanos caminham na esperança, apesar de todos os negativismos. Como diz o padre António Vieira: «Terrível palavra é o NON, por qualquer lado que o tomeis é sempre NON...», terminando por lembrar que o NON tira a ESPERANÇA que é a última coisa que a natureza deixou ao homem.

Se as artes nada mais aspiram a ser que um reflexo das coisas e acções vivas dos procedimentos e sentimentos humanos do universo real ou em fantasias imaginadas, pode aceitar-se o que um realizador mexicano, Artur Ripstein, classificou dum modo magnífico e surpreendente o cinema como sendo o espelho da vida. E é-o de facto.

Não querendo alongar-me mais, aproveito a circunstância para, como pertencente à família cristã, de cujos valores comungo, e que são as raízes da nação portuguesa e a de toda a Europa, quer queiramos ou não, saudar com profunda veneração sua Santidade, o Papa Bento XVI em visita ao nosso País e rogar filialmente que nos deixe a Sua bênção.

Manoel de Oliveira



Quinta-feira, 13 de Maio de 2010
Saudação de D. António Marto
Saudação

Santo Padre,

É com imensa alegria e profunda emoção que, como bispo de Leiria-Fátima, dou as boas vindas a tão ilustre e amado peregrino, o nosso Papa Bento XVI. Saúdo-o e agradeço-lhe, de todo o coração, em nome pessoal e de todo este povo aqui reunido, em multidão, no Santuário de Fátima, como num cenáculo a céu aberto, onde pulsa o coração materno de Portugal. Bem vindo, Santo Padre!

Muito obrigado porque quis visitar este Santuário tão querido ao nosso povo e ao mundo católico, onde, no dizer de Vossa Santidade, “Maria ergueu a sua cátedra para ensinar aos pequenos videntes e às multidões as verdades eternas e a arte de orar, crer e amar” e nos “pede o abandono, cheio de confiança, nas mãos do Amor que sustenta o mundo”.

Muito obrigado pela oferta da Rosa de Ouro com que quis distinguir o nosso Santuário, sinal do seu particular afecto.

Muito obrigado por nos proporcionar esta extraordinária experiência de beleza da comunhão que constitui a Igreja unida à volta do seu Pastor universal.

Muito obrigado, por fim e de modo especial, porque vem confirmar-nos na fé, de acordo com o seu ministério de Sucessor de Pedro.

A sua peregrinação ocorre, por feliz coincidência, no décimo aniversário da beatificação dos pastorinhos e no centésimo do nascimento da pequena Jacinta. São conhecidos o carinho, a oração e os sacrifícios dos pastorinhos pela pessoa do Santo Padre e pelos seus sofrimentos.

Neste momento quero também assegurar-lhe, Santo Padre, a profunda comunhão e o sincero afecto de todo o nosso povo católico pela sua pessoa e pelo seu ministério na Igreja e na humanidade. Conte com a nossa oração, a nossa docilidade na fé e o nosso afecto filial.

Dispomo-nos a escutar a sua palavra que ilumina a mente e fala ao coração, que confirma na fé e conforta no amor, que é portadora de esperança.

Que o Senhor, por intercessão de Nossa Senhora de Fátima, lhe dê força, coragem e fecundidade no seu ministério apostólico.

+ António Marto, Bispo de Leiria-Fátima



Quinta-feira, 13 de Maio de 2010
Saudação de D. Carlos Azevedo
Saudação ao Santo Padre

É uma feliz responsabilidade, esta de saudar Vossa Santidade, em nome de tantos agentes de organizações sociais aqui convocados. Manifesto a alegria que todos sentimos quando soubemos que o Santo Padre queria encontrar-se connosco.

Tem diante pessoas que aceitaram a lógica do dom e da gratuidade e sentem paixão pelo que fazem, movidas por diversas fontes espirituais e optando por diferentes estilos de acção. Vivem uma entrega ao serviço dos outros mais necessitados e feridos, doentes e pessoas com deficiência, presos, migrantes e abandonados; lutam pela defesa dos direitos humanos, pela paz, pela salvaguarda da criação. Para muitos e muitas esta dedicação decorre da consciência baptismal e do acolhimento da dimensão diaconal de toda a Igreja. Fazem-no com determinação e desejam cada vez mais abrir-se a caminhos inovadores.

Junto do Sucessor de Pedro, queremos renovar a nossa liberdade interior: para darmos mais viva expressão às entranhas de misericórdia do nosso Deus, sem sermos escravos das coisas, para nos abrirmos a uma leitura crente da realidade social, para trabalharmos em rede de comunhão, para sermos felizes na austeridade que os tempos exigem.

Santo Padre: seguimos, com muita atenção, o magistério firme e pleno de actualidade, luminoso e renovador da nossa acção. Agradecemos, hoje, a vizinhança da Vossa palavra de sabedoria evangélica que nos move e desinstala, nos centra no essencial da fé cristã e nos lança permanentes apelos ao testemunho corajoso no âmbito pastoral, social e político.

Neste momento crítico que a humanidade vive, insegura sobre o futuro, queremos agradecer a clareza com que nos propõe a dimensão pública e política da caridade, como nos ensina que a procura da verdade se apoia no amor e nos convida a todos para sermos “cooperadores da verdade”.

Aguardamos de Vossa Santidade uma Palavra profética, nesta hora carregada de apreensões, em que verificamos: pobreza inumana, desemprego crescente, domínio de gente sem uma rota espiritual. Renove os apelos de Cristo Bom Samaritano: retire-nos do fatalismo que acomoda e convoque-nos para uma compaixão que dignifica, para uma ternura que cuida, para uma escuta que valoriza, para uma esperança que acompanha. Anime a nossa vontade de sermos servidores-lideres, muito unidos ao “humilde servidor da vinha do Senhor”, ao Pastor universal que queremos escutar.

+ Carlos Moreira Azevedo

Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social



Quinta-feira, 13 de Maio de 2010
Saudação de D. Jorge Ortiga
Saudação a Sua Santidade, o Papa Bento XVI, no encontro com os bispos portugueses, por ocasião da visita pastoral a Portugal.

Santo Padre,

A alegria que envolve os nossos corações, com a presença de Vossa Santidade no nosso país, é fruto de um fiel compromisso no anúncio da Boa Nova, perante os complexos desafios que encaramos e continuaremos a encarar.

Nascemos de um conjunto de pequenos povos, a que os romanos vieram dar coesão, ordenamento territorial, sistematização jurídica, possibilidades de comunicação, prosperidade material e muitas crenças.

Cedo nos encontramos com o cristianismo, tornando-o o cerne da nossa identidade. Multiplicaram-se os templos, cristianizaram-se festas e costumes pagãos, e o sagrado passou a ritmar o tempo e a vida. O teocentrismo medieval não se dissipou por completo ao soprarem os ventos da era moderna. Pelo contrário. Portugal deu, então, novos mundos ao mundo. E nas naus foram os conquistadores, mas também os missionários, que aos continentes de nova descoberta levaram o Evangelho e a Cruz, ainda hoje sólida em fachadas de igrejas, ou em padrões que, significando posse, assinalam uma referência marcadamente religiosa e cristã.

Nesta breve panorâmica do nosso roteiro crente, uma palavra de destaque merece Fátima, que o Papa Paulo VI, de venerada memória, considerou "Altar do Mundo". Aos pés de Nossa Senhora ajoelham-se crentes e inquietos, poderosos e débeis, ricos e pobres, gratos e suplicantes. Fátima espelha, de forma por demais eloquente, a alma devota deste povo que somos.

Entretanto, não se presuma, pelo roteiro traçado, que tudo são rosas e frutos doces. Portugal tem conhecido, a par do progresso e modernidade, factores de perturbação. Conhece a indiferença, o ateísmo, o indiferentismo, o racionalismo, o hedonismo, os atropelos à vida e à instituição familiar, o desnorte no plano ético, a miséria social. Vivemos imersos na "modernidade líquida", onde as referências cristãs começam a liquefazer-se, fruto de uma campanha que nos quer situar no mundo dos retrógrados e ousa propor modelos comuns a outras mentalidades e apresentados como progressistas. Desconsidera-se a história e não se considera uma alma que a sociedade globalizada vai desvirtuando.

Neste contexto e ambiente, os bispos das vinte dioceses e do Ordinariato Castrense estão empenhados em "repensar" uma pastoral marcada pelo testemunho de unidade e voltada para os novos desafios que a mudança civilizacional nos proporciona. Pretende-se dar prioridade à fé como encontro com o Ressuscitado. Apenas Ele é capaz de mudar a vida, enamorar os leigos e os sacerdotes e suscitar uma nova consciência missionária. Desejamos caminhar para um novo estilo de vida, marcado pelo compromisso e pela paixão ao nosso país, a necessitar de uma urgente reevangelização, nunca esquecendo a responsabilidade histórica de partir para outros continentes.

Queremos ser esperança para todos os portugueses; comprometemo-nos na afirmação da ética e dos valores cristãos; prosseguimos os esforços para um revigoramento de uma fé capaz de dar sentido à vida e geradora de compromissos com as causas nobres, numa aliança entre a racionalidade e abertura ao mistério; testemunhamos a caridade de quem acredita que o amor a todos, sem discriminações de nenhuma espécie, gerará uma sociedade mais fraterna e justa, porque apostado em promover um desenvolvimento integral que, comprometido com todas as realidades humanas, as plenifica com a abertura às exigências do transcendente; não renunciamos ao direito de propor a dignidade familiar como expressão do amor de um homem e de uma mulher, orientada para a geração e educação, e como célula elementar e garantia de um futuro verdadeiramente humano e aberto à transcendência.

Testemunhamos gratidão pela presença de Vossa Santidade e ousamos pedir e esperar palavras orientadoras, nesta hora de uma atitude colegial de "repensar a pastoral", na certeza de que as incarnaremos nos nossos projectos diocesanos, para os quais solicitamos a Vossa Bênção Apostólica.

Que Maria, Nossa Senhora de Fátima e Mãe da Igreja, seja o modelo para as nossas vidas e para as nossas comunidades, de modo a "guardarmos no coração" a Palavra de Deus e nos empenharmos com renovado entusiasmo a testemunhar "as maravilhas que Deus" – e só Ele – faz em nós, mesmo perante as nossas fragilidades e limitações. Que Ela seja alento, consolação e estímulo neste tempo de confronto com realidades que nos entristecem e corresponsabilizam. Da parte do Episcopado Português aceite, Santidade, a expressão de uma comunhão, efectiva e permanente, que reforçamos neste contexto da vida eclesial.

Fátima, 13 de Maio de 2010


Sexta-feira, 14 de Maio de 2010
Saudação de D. Manuel Clemente
SAUDAÇÃO AO SANTO PADRE

Santidade

É com todo o reconhecimento e a máxima alegria que Vos recebemos nesta bela e vetusta cidade do Porto, a “Cidade da Virgem”, que, também por esta designação, se dispõe a acolher a palavra que nos trazeis e a confirmação que nos proporcionais.

Muitos lembrarão jubilosamente a inolvidável presença aqui do Vosso Predecessor, o Papa João Paulo II, de tão grata memória, em Maio de 1982. E todos nos alegramos por Vos vermos e ouvirmos hoje, na actual realização do mesmo ministério.

Deixai-me dizer-Vos, Santo Padre, em nome próprio e de todos os circunstantes, que vos estimamos e admiramos muito, e, se possível, ainda mais agora, no culminar da Vossa presença em Portugal, todo ele “Terra de Santa Maria”.

Na Diocese do Porto – como em todas as Igrejas de Portugal – procuramos incrementar e levar por diante a missão evangelizadora, não como se fosse vocação específica de alguns, mas como realmente é, atribuição geral de todos e de cada um dos baptizados em Cristo, por isso mesmo profetas do seu Reino.

Atitude esta que hoje se torna particularmente necessária e da maior urgência. Nas famílias, nas escolas, na economia e na sociedade em geral, há muitas solicitações – por vezes dramáticas solicitações – da presença e da caridade dos cristãos.

Têm sido notáveis e muito estimulantes a clarividência e a determinação com que Vossa Santidade tem desempenhado o ministério petrino, exortando-nos a levar por diante o anúncio evangélico, não iludindo, aliás, a necessidade de nos convertemos sempre mais, para que tal seja possível. Estai certo, Santo Padre, de que acolhemos o vosso apelo, dispondo-nos a corresponder-lhe com redobrado acatamento.

A feliz ocorrência de celebrarmos a festa litúrgica de São Matias, recorda-nos que nunca é tarde para nos agregarmos às lides apostólicas e de que havemos de ser como ele, testemunhas do Ressuscitado. Isso mesmo queremos ser e disso mesmo precisa o mundo, para que os sinais de vida e de esperança sempre se sobreponham às dificuldades e decepções que a actualidade social e económica, acompanhadas pela grande indefinição cultural, tantas vezes trazem.

A Vossa presença e a Vossa palavra, Santo Padre, trazem-nos conforto, alegria e ânimo. Por tudo agradecemos a Deus o dom da Vossa vida e o grande acerto do Vosso exercício ministerial, a bem da Igreja e do mundo.
No coração desta cidade, pulsará agora o coração eucarístico de Cristo, vida a todos oferecida. Como Pedro, sois Vós agora o primeiro a amá-Lo e a confessá-Lo. Assim nos reforçareis a todos, no mesmo afecto e missão.

- Obrigado, Santo Padre!


Sexta-feira, 14 de Maio de 2010
Discurso de despedida do Presidente da República

Santo Padre

No termo da visita de Vossa Santidade a Portugal, quero renovar os sentimentos de profundo reconhecimento do Povo Português pelos sinais de particular afeição e carinho que Vossa Santidade lhe quis testemunhar.

As impressionantes molduras humanas que acolheram Vossa Santidade, em Lisboa, em Fátima e no Porto, e as manifestações de profunda devoção e júbilo que marcaram esses momentos permanecerão vivas na memória de todos nós.

Os Portugueses puderam estar de perto com o Santo Padre e conhecer melhor a Sua pessoa. E Nela encontraram a bondade humana, o carisma sereno, a profundidade de pensamento, a fortaleza de ânimo, sinais inspiradores num tempo de grandes desafios como aquele que atravessamos.

A Vossa presença, a Vossa palavra e o Vosso exemplo trouxeram esperança aos corações agradecidos dos Portugueses.

Esteve entre nós um Pastor que indica um caminho àqueles que o seguem. Um peregrino sábio que vai ao encontro de todos os homens de boa vontade.

Santo Padre

Quero agradecer-Vos, de novo, a decisão de aceitar o convite que Vos dirigi para efectuar esta visita a Portugal.

Portugal despede-se de Vós revigorado pela mensagem de esperança e confiança que nos deixais. Vemos partir o Santo Padre com um sentimento que nenhuma outra língua ainda soube traduzir em toda a sua profundidade e que reservamos aos que nos são mais queridos, a saudade.

Desejo-Vos uma boa viagem de regresso a Roma e peço-Vos que tenhais sempre presente no Vosso espírito e nas Vossas orações, Portugal e os Portugueses, como os Portugueses não esquecerão a Vossa presença em Portugal.

 




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