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Artigo N.º 7419 - Paz do meu amor
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Postado em: 05/03/11 às 16:39:35 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=7419
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(Marisa Bueloni)


Qual salmista da era eletrônica, pretendo cantar o amor. Preciso digitar o amor. Com licença. É imperioso. Árdua tarefa essa que os Anjos me impuseram. Estou perdida.

Discuti com eles. “Não, meus lindos, ninguém mais liga para isso hoje”. Apresentei meus mais contundentes argumentos com razoável sabedoria, citei o espírito disperso dos homens e de nada adiantou. “Escreva!” – foi a ordem nada angelical.

Está bem. Até que numa sexta-feira à noite, de sólida agonia e êxtase, o próprio Amor impôs-se. E quem há de lutar contra Ele?

Deus é Amor. É Ele o Primeiro a ser lembrado, quando lembramos do amor. Não se pode escrever sobre o amor, sem citar o Amor em toda a Sua glória.

Então, conforme contava, naquela sexta-feira assombrosa, capitulei. Quando a espada de fogo transpassou meu peito, varando-me a alma, sucumbi. Sim, sim, meus Anjos. Escreverei sobre o amor. A vosso pedido. Vou fazer um papel ridículo? Deus tenha piedade de mim.

Começar por onde? Anjos, me ajudem! Venham até aqui com o pote de mel onde habita o amor. Tragam numa bandeja de ouro a Aurora tremeluzindo no rosicler da esperança. Acendam esse segundo sol abrasador. Montem guarda, que estou em febre e conheço o caminho das pedras do coração.

O amor faz com que todos se achem, que as multidões se abracem e os sábios se reconciliem. O amor abençoa, cura, transborda. Ando assim, transbordante. Sinfônica. Loquaz. Verborrágica. Queria sarar deste derramamento despudorado, onde um rio caudaloso varre minhas cidades e pontes interiores, as fortificações que julguei para sempre inabaláveis. Foram as primeiras a cair.

Ah, o amor!... Represa irrepresável.

Falo de um alumbramento fatal, de uma doença dos trópicos, em que o enfermo tem náuseas de mares e vomita flores; o estouro da boiada; um piano fechado e solitário; um vestido de renda; um quadro na parede; uma parábola bíblica onde o Rei diz que é senhor do sábado; uma xícara de chá; saudade do que não se viveu; banana, mamão e maçã; um perfume; pão fresco sobre a mesa; um céu de opalinas e a paz eterna. Ó, quanto amor há em cada elemento!

Mas dirijo-me, acima de tudo, ao amor universal, ao amor por todas as coisas e criaturas – ao amor pelas feras do Serengeti, na África. Abraçar um gnu. Brincar com um guepardo. O reino messiânico do profeta Isaías, quando o leão comerá palha com o boi e a Terra estará cheia da ciência de Deus.

Ah, o amor da vida renovada. O amor de quem ficou de sentinela na plataforma da espera. Como são belos os pés do mensageiro. O amor dos eleitos para repovoar o planeta, a nova geração de sábios que tomará decisões universais.

Refiro-me também – e não consigo ser original – ao amor entre homem e mulher. Aquele. Vós sabeis o qual. O que causa trepidação no solo. O que faz as almas pegarem fogo, as luzes emanando dos corpos no encontro mais belo. Os olhos falando em lugar da boca. Os gestos biológicos, a palma da mão feminina exibindo-se, entregando-se. A natureza é sábia, senhores. Deus fez tudo perfeito. Por isso os olhos brilham e o coração sonha.

Ah, meu caminho andado! O que faço aqui, na longa estrada da vida? Vou seguindo e não posso parar. Como domar o que me queima a alma, o que me faz acreditar que sou uma eleita dos novos tempos? Em que mesa oferecer a ternura irreprimível, para que todos se saciem neste ágape de amor e bondade?

O que aconteceu nesta sexta-feira onde o êxtase superou a agonia? A que horas chega o amor, por favor? Era uma noite como tantas. Desliguei a tevê, rezei e chorei. Fui ao computador. Havia mais gente chorando lá. Algumas... por amor. Alguém disse que “o amor é sofrimento”.

Anjos! Como estou me saindo? Muito mal? Divaguei demais? Nada a ver? Que amor quereis que eu aborde? O do santos pelo martírio? O das virgens prudentes pelas lâmpadas cheias de azeite? O dos cristãos na arena dos leões? O dos monges no seu silêncio? O amor dos esposos? O dos pobres nas suas penúrias? O amor dos ricos e afortunados? O dos puros e dos devassos? O amor dos trabalhadores e laboriosos? Dos cansados e oprimidos? Para todos, reina um amor absoluto:o amor da Cruz!

Não consigo escrever nada de novo. Tudo já foi escrito sobre o amor. “Amai-vos uns aos outros” – é tão antigo! Tem mais de dois mil anos. E os poetas tentam imitar a manhãs orvalhadas de romances, os dias salpicados de volúpias, as ruas varridas de suspiros, as casas feitas de açúcar, os pastéis recheados de beijos, as pessoas grávidas de amor.

Ó, meus Anjos. Perdi a mão, errei na massa, exagerei no sal? Passei do ponto? Bem que tentei. Amor é comida, é alimento. É remédio, é unção. É graça. Cheguei perto de alguma coisa semelhante ao infinito onde dorme o amor? Ouso despertá-lo? Ou deixo-o no sono eterno?

Termino com os versos de quem soube, como ninguém, cantar o amor: “Eu tenho tanto pra lhe falar/ mas com palavras não sei dizer/ como é grande o meu amor por você...”.

Fecho a crônica semanal, calada e muda. Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver e a primeira estrela que vier. Sou menina passarinha com vontade de voar. Você é isso. Uma beleza imensa. Toda a recompensa de um amor sem fim. Parto de ternura. Lágrima que é pura. Paz do meu amor.



Marisa Bueloni mora em Piracicaba, é formada em Pedagogia e Orientação Educacional – marisabueloni@ig.com.br



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