Postado em: 06/11/13 às 22:10:24 por: James
Categoria: Destaque
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Os que lidam com empresas privadas não entendem que o está acontecendo na Venezuela nos últimos 15 anos. Nossa experiência pessoal e formação cristã nos permite entender por que aconteceu o que aconteceu e como isso poderia ter sido evitado. Vamos compartilhar este ponto de vista.
O sistema de livre empresa tem vantagens, sem dúvida, mas também desvantagens que ameaçam sua existência.
A meta do sistema capitalista, que pratica a liberdade econômica total e a concorrência livre, é conseguir a maior produção possível pelo menor custo, para assim obter a mais alta utilidade.
Isso está bem, mas leva a empresa a esquecer sua função social, porque os consumidores-compradores são seres humanos, e não peças de uma máquina de fazer dinheiro. Esquecer disso faz que, nos países capitalistas, a maior riqueza tenda a concentrar-se em uma minoria, enquanto a pobreza só aumenta.
Esta realidade, que não por ser negada deixa de ser verdadeira, é a que impulsionou a existência de regimes de esquerda – socialistas, comunistas e similares –, que se aproveitaram da falta de justiça social nas maiorias para lançar movimentos políticos que se nutrem dos cidadãos que não têm como nutrir-se.
A pessoa humana tem uma dignidade superior, com direitos humanos consequentes; e quando isso é desconhecido pela patologia do lucro a todo custo, é fácil fazê-la reagir contra a ordem política vigente em um país, que, para esse povo carente de recursos vitais, é percebido como um imenso desastre e injustiça.
O que acontece, então? O que acontece é que se lança ao mercado político isso que chamam de “revolução”, e que depois, quando tem o poder político, a justiça social prometida não beneficia o povo (que continua ignorando), mas essa outra minoria, tão exígua ou mais como o capitalismo, que acaba sendo a única beneficiária do novo sistema, em detrimento das maiorias.
Em um sistema capitalista, o povo melhora sua situação fazendo um enorme esforço durante muito tempo, e em um sistema comunista, o povo tem de se conformar com a miséria, porque, se protestar, será preso.
As greves não são consideradas como um direito do trabalhador insatisfeito, mas uma ameaça a quem exerce o poder político, o que traz consequências para a liberdade de quem protesta.
Então, pode pensar o leitor, se nem o capitalismo nem o comunismo servem para fazer justiça social, qual é o caminho? Ou é preciso conformar-se com a ideia de ser pobres para sempre?
Sem dúvida, existe um caminho, e ele foi mostrado pelos papas em diversas encíclicas, que aconselham conhecer e aplicar a doutrina social cristã, que rejeita igualmente o capitalismo (por ser vítima da droga do dinheiro) e o comunismo (porque sua droga preferida é o poder).
A participação dos trabalhadores nos lucros das empresas contribui para melhorar sua distribuição e, além disso, fortalece a unidade de produção econômica, ao incorporar os trabalhadores à empresa, blindando-a frente a inimigos potenciais, porque faz uma verdadeira justiça social, já que, com esta participação, a riqueza não se concentra.
A Igreja não tem empresas e tampouco aspirações políticas de nenhum gênero, pois sua função é outra: semear valores em toda a sociedade. Sua doutrina social poderá ser praticada ou não, mas sua prédica continuará sendo o caminho para chegar a esta justiça social respeitando a dignidade da pessoa humana.
Autor: Valentín Arenas Amigó