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Artigo N.º 5385 - O QUE OS ORTODOXOS ESPERAM DE BENTO XVI EM CHIPRE
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Postado em: 07/06/10 às 17:56:53 por: James
Categoria: Destaque
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Entrevista com o famoso teólogo ortodoxo Theodor Nikolaou

Por Michaela Koller

ROMA, sábado, 5 de maio de 2010 (ZENIT.org).- A primeira celebração prevista do Papa Bento XVI em sua chegada a Chipre, foi sob o sinal do ecumenismo. Devido à sua antiga independência, a Igreja de Chipre tem atrás de si um longo caminho.

 

Hoje, na sede episcopal ortodoxa de Nicósia, o Pontífice fez uma visita de cortesia ao arcebispo Crisóstomo II. Ambos assinaram, em 16 de junho de 2007, uma declaração conjunta, afirmando claramente sua vontade de caminhar rumo à unidade plena.

Por isso há motivos suficientes para considerar, por um lado, a história e o presente da Igreja no Chipre, e por outro, os desafios do ecumenismo.

ZENIT entrevistou sobre este tema o professor Theodor Nikolaou, que foi até 2005 titular da cátedra de Teologia ortodoxa na Universidade Ludwig-Maximilians em Munique, e assim foi diretor na mesma universidade, e que é o representante internacional mais autorizado neste âmbito. Alemão de origem grega, falou muito abertamente das expectativas ortodoxas sobre a visita de Bento XVI a Chipre.

 -No ano 431, a Igreja de Chipre recebeu a independência do patriarcado de Antioquia. Que significado isso tem?

Theodor Nikolaou: Contrariamente à opinião corrente, segundo a qual em 431 a Igreja de Chipre obteve sua independência de Antioquia, parece hoje certo, segundo novas investigações, que a Igreja de Chipre, já no final do século IV como província da diocese do Oriente era também província da Igreja a nível metropolitano, cujos bispos elegiam e ordenavam seu próprio Metropolita. Isso significa que esta já era independente e regulamentava responsavelmente seus próprios assuntos. Em 431 durante o terceiro Concílio ecumênico houve simplesmente uma confirmação desta situação. A ocasião a ofereceu o fato de que, com a introdução do sistema do patriarcado na Igreja, o Patriarca de Antioquia tentou estender seus direitos patriarcais sobre o distrito metropolitano de Chipre.

Com o reconhecimento da independência da Igreja de Chipre se confirmou também o princípio religioso segundo o qual as províncias eclesiásticas se adaptam as circunstâncias políticas e a independência, no sentido de Igrejas independentes comunicantes entre si, constitui a estrutura fundamental da Igreja. Na época não existia um bispo cuja jurisdição se estendia sobre a Igreja global: isto sucedeu o curso de um desenvolvimento sucessivo do papado, o melhor de uma reforma do Ocidente.

 -Durante o domínio latino sobre a ilha, a hierarquia ortodoxa se encontrava em um estado de opressão. Como se estabeleceu depois a hierarquia? Como se chegou ao título de etnarca?

Theodor Nikolaou: A hierarquia ortodoxa não foi somente oprimida, mas diretamente eliminada. Na raiz das Cruzadas, em particular da terceira Cruzada, a ilha foi ocupada em 1191 por Ricardo I Coração de Leão. Foi então quando começou para Chipre a época do "domínio franco" que durou até 1571 (ao final sob os venezianos). O domínio estrangeiro, que durou quase 400 anos, foi muito agravante para a Igreja de Chipre. Pouco depois da ocupação foram ordenados ali quatro bispos latinos. Os bispos ortodoxos, cujo número passou de 14 para 4, receberam sua ordenação por meio de um decreto do Papa Inocêncio III da mão dos bispos latinos.

A Bulla Cypria, emanada em 1260 pelo Papa Alexandre IV, estabeleceu por lei a dissolução da Igreja de Chipre. As poucas diferenças dogmáticas entre ortodoxos e católicos romanos foram naqueles tempos cheios de ódio. Este foi o motivo pelo qual os cipriotas consideraram uma liberação a tomada da ilha por parte dos turcos em 1571. Sob os turcos, a Igreja de Chipre teve de fato um melhor tratamento e a possibilidade de se recuperar. Isto sucedeu sobre tudo ao longo do século XVII, quando o arcebispo de Chipre obteve os mesmos privilégios políticos e religiosos do Patriarca de Constantinopla (porta-vozes do povo, direito de apelação, etc.). Como o Patriarca de Constantinopla correspondeu ao título de Etnarca para todos os cristãos ortodoxos no Império Otomano, assim também o arcebispo de Chipre se converteu em Etnarca para os cristãos da ilha. Contudo nesta questão não faltam tensões.

-Qual é o papel político da Igreja de Chipre hoje?

Theodor Nikolaou: A igreja segundo os ortodoxos não olha por um papel político. Sua relação com o Estado deve ser de pesquisa e de compreensão recíproca. O tema mais importante para a Igreja de Chipre não tem hoje nenhum papel político, sobretudo enquanto a República de Chipre for membro da União Europeia. Mas como você deve saber, quase metade da ilha foi ocupada em 1974 pelos turcos. Os cristãos ortodoxos dos territórios ocupados abandonaram suas casas e suas igrejas; em muitos casos assistiram a destruição dos edifícios de suas igrejas para a venda nos mercados mundiais de seus ícones. É natural que nestes casos a igreja tenha cuidado das pessoas com sistemas pacíficos e oferecendo-lhes consolo. Mas não se trata de interferência política.

 -Quais problemas nacionais o Papa deve abordar com atenção durante sua visita?

Theodor Nikolaou: Dos que eu disse antes, parece evidente que as dificuldades que o Papa poderia ter em sua visita a Chipre não são de caráter nacional. Eu não me permitiria dar conselhos ao Papa Bento XVI. A dura história entre o papado e a Igreja de Chipre que tenho ilustrado antes de levar a sério o Papa, e desde meu ponto de vista é possível que ele - como já fez na Grécia há alguns anos seu antecessor João Paulo II - pedir desculpas pelas traumáticas e más experiências vividas pelos cristãos ortodoxos por motivo dos cristãos da Igreja Católica romana.

 -Sobre o que poderiam discutir juntos o arcebispo Crisóstomo II e o Papa Bento XVI em seu encontro?

Theodor Nikolaou: Creio que o tema prioritário que discutirão o arcebispo Crisóstomo II e o Papa Bento  XVI será sobre as relações entre a Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica romana. É obvio que o diálogo católico-ortodoxo está em fase de estancamento.

O maior obstáculo a este diálogo são - como já reconheceu Paulo VI - os dogmas papais. E precisamente para eliminar estar dificuldades ambos líderes religiosos e todos os cristãos deverão realizar notáveis esforços. Pessoalmente, já faz cinco anos, que expliquei em uma entrevista a opinião de que o Papa Bento XVI é o máximo conhecedor deste problema. Ele sabe perfeitamente que a Igreja Ortodoxa não reconhecerá em nenhum caso os dogmas papais em sua atual formulação. A pergunta  por isso é o que pode ser sua contribuição no sentido de um novo aproximamento a este problema. Uma contribuição semelhante poderia vir do próprio Papa.

Por exemplo, um primeiro passo importante poderia ser a acentuação da importância do papel da Igreja e da colegialidade dos bispos, dos aspectos recodificados no Vaticano II. Estes impulsos deveriam vir do Papa, porque não creio que a Comissão Católico-Ortodoxa seja capaz de resolver o "nó gordo" dos dogmas papais. Em qualquer caso, o Papa e o arcebispo Crisóstomo podem manifestar sua resolução ao diálogo e realizar todo os esforços possíveis cada um dentro de sua própria Igreja. Neste sentido, o Papa Bento XVI jogará um papel decisivo.

 -Qual é a dimensão ecumênica global do encontro entre eles?

Theodor Nikolaou: Uma dimensão ecumênica global poderia se manifestar no reconhecimento por parte de ambas confissões (a ortodoxa e a católica romana) que é necessário muito valor para alcançar a unidade da Igreja querida por Deus. Que Deus possa dar a ambpos, o Papa e o arcebispo, e a todo cristão responsável, este valor. Ou chegamos, com a ajuda de Deus, até a aproximação e a reunião das Igrejas, ou acontecerá uma desmembração interior da Igreja em nível mundial. Mas isto é contrária a vontade de Deus.


Fonte: zenit.org



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