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Artigo N.º 1775 - O CORDEIRO DE DEUS - Parte 12
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Postado em: 14/06/09 às 15:14:27 por: James
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26 Janeiro 2004

Entramos, agora, no capítulo final desta série. A ressurreição é a prova final da vitória de Cristo. De fato, São Paulo nos diz: Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé. De nada então, adiantaria estarmos aqui tentando compreender um pouco do mistério da nossa morte, se não tivéssemos não só a esperança, mas a certeza da Ressurreição. Claro que, nos textos que seguem acabam-se de certa forma os sofrimentos. Mas continua a vida, porque começa agora a vida da Igreja. Ela aguarda e espera, apenas que venha o Espírito Santo e Paráclito, capaz de dar aos apóstolos a compreensão necessária deste mistério.

 

As vésperas da ressurreição

Depois de terminado o sábado, entrou João na sala das piedosas mulheres, chorou com elas e consolou-as. Quando, após algum tempo saiu, entraram Pedro e Tiago o Maior para o mesmo fim, demorando-se também pouco tempo apenas. Retiraram-se então as santas mulheres mais uma vez para a cela, chorando ainda por algum tempo, sentadas sobre a cinza e cobertas do véu de luto.
Enquanto a Santíssima Virgem estava sentada, em ardente oração, cheia de saudade de Jesus, vi acercar-se-lhe um Anjo, que lhe disse que saísse pela portinha de Nicodemos, pois o Senhor se aproximava. Encheu-se então o coração de Maria de profunda alegria; envolvendo-se no manto, ela deixou as santas mulheres, sem dizer onde ia. Vi-a dirigir-se apressada àquela portinha do muro da cidade pela qual tinham entrado, ao voltar do Sepulcro.
Podiam ser cerca de 9 horas da noite, quando vi a Santíssima Virgem parar de repente o passo apressado, num lugar deserto, perto dessa portinha; olhou com radiante amor para o muro da cidade. A alma de Jesus veio voando, resplandecente, sem sinais das chagas, ao encontro de Maria, seguida de um grande número de almas dos patriarcas. Virando-se para os patriarcas e indicando Maria, disse estas palavras: “Maria, minha Mãe” e foi como se a abraçasse; depois desapareceu.
Maria, porém, caiu de joelhos e beijou a terra onde Ele pisara; os sinais dos joelhos e pés da Virgem ficaram impressos na pedra. Voltou então, cheia de indizível consolação, para junto das santas mulheres, que encontrou reunidas em redor de uma mesa, preparando ungüentos e especiarias. Não lhes disse o que lhe sucedera; mas estava confortada e consolou a todos e confirmou-as na fé.
Quando Maria voltou, vi as santas mulheres em redor de uma longa mesa, de pés cruzados, como um aparador e cuja toalha pendia até o chão. Vi algumas escolherem, misturarem e arrumarem variadíssimos molhos de ervas; tinham também alguns frascos com ungüento e outros com água de nardo, como também várias flores vivas, entre as quais me lembro de ter visto uma íris listrada ou um lírio; embrulharam tudo em panos. Durante a ausência de Maria, tinham ido à cidade Madalena, Maria Cleofas, Salomé, Joana Cuza e Maria Salomé, para comprar tudo. Queriam ir na madrugada do dia seguinte ao sepulcro, para derramar e espalhar tudo sobre o corpo amortalhado do Senhor. Vi os discípulos buscarem uma parte das especiarias em casa daquela merceeira e entregarem-nas à porta da casa das santas mulheres, sem entrar lá.

José de Arimatéia é posto em liberdade

Pouco tempo depois do encontro da Santíssima Virgem com a alma do Senhor e da sua volta para junto das mulheres santas, vi José de Arimatéia rezando no cárcere. De súbito vi o cárcere cheio de luz e ouvi chamar-lhe o nome; vi o teto em parte como que levantado do muro e uma figura resplandecente, que desceu um pano, que me fez lembrar do pano em que José envolvera o corpo de Jesus e a figura mandou-o subir pelo pano. José segurou então o pano e apoiando os pés em algumas pedras salientes do muro, subiu até duas vezes a altura de um homem, à abertura que, depois de o ter deixado passar, tornou a fechar-se. Quando José chegou em cima, desapareceu a figura. Eu mesmo não sei se foi o Senhor ou um Anjo que o libertou.
Vi-o depois correr sobre o muro da cidade, sem ser notado, até perto do Cenáculo, que está situado perto do muro sul de Sião. Ali desceu e bateu na porta do Cenáculo. Os discípulos ali reunidos tinham fechado as portas e já se entristeciam muito pelo desaparecimento de José; ao receberem a notícia, pensaram primeiro tivesse sido lançado numa fossa.
Quando, porém, abriram e o viram entrar, reinou a mesma alegria que mais tarde, quando Pedro, libertado do cárcere, reapareceu entre eles. José contou a aparição que tivera; alegraram-se muito e ficaram consolados; deram-lhe de comer e agradeceram a Deus. José, porém, fugiu na mesma noite de Jerusalém, para a cidade natal, Arimatéia; mas recebendo depois notícia de que não havia mais perigo, voltou para Jerusalém.
Pelo fim do Sábado vi também Caifás e outros sacerdotes em casa de Nicodemos, conversando com este e interrogando-o hipocritamente a respeito de muitas coisas; não sei mais do que se tratava. Ele, porém, ficou decidido e fiel na defesa do Senhor e os inimigos saíram então.

A noite antes da ressurreição de Jesus

Pouco depois vi o sepulcro do Senhor. Tudo ali estava quieto e sossegado; cerca de sete guardas estavam sentados ou em pé, defronte e em redor do rochedo. Cássio raras vezes se afastara, durante todo o dia e por poucos instantes; lá estava de novo mergulhado em meditação sobre muitas coisas e em expectativa; pois recebera muitas graças e iluminações e estava interiormente esclarecido e comovido.
Era noite e os braseiros diante da gruta sepulcral projetavam uma viva luz em redor; então me aproximei, na minha contemplação, do corpo sagrado, para o adorar: jazia ainda inalterado, envolto nos panos, rodeado de luz, entre dois Anjos, que vi continuamente, desde que foi levado à sepultura, do lado da cabeça e dos pés, em silenciosa adoração.
Esses Anjos eram como figuras sacerdotais e lembravam-me vivamente os Querubins da Arca da Aliança, pela posição, com os braços cruzados sobre o peito; somente não lhes vi asas. Em geral a sepultura e o túmulo do Senhor me lembravam por diversas vezes extraordinariamente a Arca da Aliança, em várias épocas da história. Talvez que a luz e a prece dos Anjos se tenham tornado até certo ponto visíveis a Cássio e por isso ficasse em contínua contemplação diante do sepulcro fechado, como alguém que adora o SS. Sacramento.
Durante a minha adoração, tive a impressão de que a alma do Senhor, com as almas remidas dos patriarcas, entrava pelo rochedo na gruta, fazendo-os conhecer todo o martírio do seu santo corpo. Nesse mesmo momento me parecia que todos os invólucros eram tirados; vi o corpo sagrado cheio de feridas e era como se a divindade, que lhe permanecia unida, o mostrasse às almas de maneira misteriosa, em todos os maus tratos e cruel martírio que padecera. Parecia-me inteiramente transparente e visível todo o seu interior. Podiam-se-lhe conhecer as feridas, dores e sofrimentos, nas partes mais íntimas. As almas estavam cheias de indizível respeito e pareciam estremecer e chorar de compaixão.
Entrei depois numa contemplação, cujo mistério, em toda a extensão, não posso contar claramente. Vi a alma de Jesus entrar-lhe no corpo sagrado, sem lhe restituir a vida pela perfeita união e com ele sair do sepulcro; pareceu-me que os dois Anjos, que adoravam nas duas extremidades do túmulo, levaram o santo corpo martirizado para cima, nu, desfigurado e cheio de feridas, ereto, mas com os membros na posição em que estavam no túmulo.
Vi-os subir ao céu, passando pelo rochedo que tremeu; tive uma visão de Jesus, apresentando o corpo martirizado ao trono do Pai Celestial, no meio de inúmeros coros de Anjos em adoração, do mesmo modo que as almas de muitos profetas tomaram os respectivos corpos, depois da morte de Jesus, conduzindo-os ao Templo, sem que eles vivessem verdadeiramente e tivessem de morrer de novo; pois foram depois depostos pelas almas sem separação violenta. Nessa contemplação não vi as almas dos patriarcas acompanharem o corpo do Senhor. Também agora não me lembro mais onde ficaram, até que as vi novamente reunidas à alma do Senhor.
Notei nessa contemplação um tremor do rochedo do sepulcro; quatro dos guardas tinham ido à cidade buscar qualquer coisa, os três que estavam presentes, caíram como que desmaiados. Atribuíram-no a um terremoto, não percebendo a verdadeira causa. Cássio, porém, estava muito comovido e abalado; pois viu algo do que se passou, sem ter, entretanto uma clara compreensão. Mas permaneceu no posto, esperando com profundo respeito o que ia acontecer. No entanto voltaram os soldados ausentes.(...)
Eram, porém, cerca de onze horas quando a Santíssima Virgem, impelida pelo amor e pela saudade, não achou mais sossego; levantou-se, envolveu-se inteiramente no manto cinzento e saiu sozinha de casa.(...)
Assim percorreu sozinha toda a via sacra de Jesus, pelas ruas desertas, demorando-se nos lugares onde o Senhor sofrera qualquer dor ou mau trato. Era como se procurasse algo que tivesse perdido. (...)
Ela seguiu o caminho da cruz até o Monte Calvário. Quando se aproximou deste, parou de repente e vi Jesus, com o santo corpo torturado, aparecer diante da Santíssima Virgem; um Anjo ia à frente, os dois Anjos que o adoravam no sepulcro, iam ao lado, seguindo-se um grande número de almas remidas.
O corpo não se movia, era como um cadáver ambulante, rodeado de luz; mas ouvi sair dele uma voz, que anunciou à Mãe Santíssima o que Ele tinha feito no limbo e que em breve ressuscitaria, com corpo vivo e glorificado e viria ao seu encontro; que o esperasse perto da pedra em que caíra, no Monte Calvário. Vi depois essa aparição se dirigir à cidade e a Santíssima Virgem, envolta no manto, prostrando-se de joelhos, rezar no local onde o Senhor a mandara esperar. Já devia ser mais de meia noite, pois Maria gastara muito tempo em seguir a via sacra.
Vi, porém, o cortejo do Senhor percorrer também todo o caminho da cruz. Todo o suplício e os padecimentos de Jesus foram mostrados às almas e os Anjos colheram, de maneira misteriosa, toda a substância sagrada que lhe fora arrancada, durante a Paixão. Vi que lhes foi mostrado também a crucifixão, a elevação da cruz, o golpe da lança no lado, a descida da cruz e a preparação para a sepultura; a Santíssima Virgem contemplou tudo em espírito e adorou-O com amor.
Vi então, na contemplação, o corpo do Senhor jazendo novamente no túmulo e que os Anjos lhe tinham restituído, de maneira misteriosa, tudo quanto lhe fora tirado, durante o suplício. Vi-O de novo envolto na mortalha, rodeado de esplendor e os dois Anjos em adoração, nas extremidades do túmulo, do lado da cabeça e dos pés. Não posso explicar como O vi; são tantas e tão variadas coisas, tão inefáveis, que a nossa inteligência não as pode compreender segundo as leis comuns da natureza. Quando as vejo, é tudo tão claro e compreensível, mas depois se me turva a mente, de modo que não o posso claramente descrever. (...)

A Ressurreição do Senhor

Vi a alma de Jesus aparecer, com grande esplendor, entre dois Anjos de figura guerreira, (os Anjos que eu via dantes tinham figura sacerdotal), rodeado de muitas outras figuras luminosas; passando por cima através do rochedo do sepulcro, desceu sobre o santo corpo, como se inclinasse para ele e com ele se fundisse. Então vi os membros se lhe moverem nos invólucros e o corpo vivo, e resplandecente do Senhor, unido à alma e à divindade, sair, ao lado das mortalhas, como se saísse da chaga do lado. Esta visão me recordou Eva, que saiu do lado de Adão. Tudo estava cheio de luz e esplendor.
Nesse momento vi, na minha contemplação, a aparição de uma forma monstruosa, que dos infernos subiu, por baixo do túmulo. Levantou raivosamente a cauda de serpente e a cabeça de dragão contra o Senhor. Além disso, como ainda me recordo, tinha uma cabeça humana. Vi, porém, na mão do Redentor ressuscitado um belo bastão branco e sobre este uma bandeira desfraldada.
O Senhor pisou a cabeça do dragão e bateu três vezes com o bastão na cauda da serpente; vi-a encolher-se cada vez mais e afinal desaparecer; a cabeça do dragão foi pisada e esmagada na terra e só a cabeça humana lhe ficou ainda. Tenho tido essa visão já por diversas vezes na contemplação da ressurreição e vi também uma serpente semelhante, espreitando à hora da conceição de Nosso Senhor.
A forma dessa serpente lembra-me sempre a serpente do paraíso, mas era ainda mais hedionda. Penso que essa visão se referia à promissão: “A semente da mulher esmagará a cabeça da serpente”. Parecia-me um símbolo da vitória sobre a morte; pois enquanto Jesus esmagou a cabeça do dragão, não vi mais o sepulcro, mas vi o Senhor passar resplandecente através do rochedo.
Tremeu a terra, um Anjo em figura de guerreiro desceu do céu ao sepulcro, como um relâmpago, levantou a pedra para o lado direito e sentou-se-lhe em cima. Foi tal o tremor de terra, que as lanternas oscilavam e as chamas saiam por todos os lados. A vista disso, caíram por terra os guardas, como que atordoados e jaziam como mortos, com os membros tortos.
Cássio viu tudo cheio de luz e esplendor; mas recobrando ânimo, aproximou-se resolutamente do túmulo, abriu um pouco as portas, examinou as mortalhas vazias e afastou-se, para ir relatar a Pilatos o que acontecera. Mas ainda se demorou um pouco na proximidade, esperando que sucedesse mais alguma coisa; pois vira só o terremoto, o Anjo que num instante levantara a pedra e se lhe sentara em cima, o túmulo vazio, mas não vira Jesus. Como também os guardas, foi Cássio um dos primeiros que deram notícia do sucedido aos Apóstolos.
No mesmo momento em que o Anjo desceu ao sepulcro e a terra tremeu, vi o Senhor aparecendo à Mãe SS., perto do Monte Calvário. Estava maravilhosamente belo, sério e luminoso. A veste, que lhe envolvia o corpo como um largo manto, flutuava no ar atrás dEle quando caminhava e tinha reflexos de cor branca azulada, como fumaça vista através da luz do sol. As chagas estavam largas e brilhavam; nas chagas das mãos se podia introduzir bem um dedo. Os lábios das chagas tinham a forma de três triângulos eqüiláteros, coincidindo no centro de um círculo.
Do meio das mãos saiam raios luminosos para os dedos. As almas dos patriarcas inclinaram-se diante da Mãe de Jesus, à qual o Senhor disse, em poucas palavras, que me fugiram da memória, que tornaria a vê-Lo. Mostrou-lhe as chagas e quando ela se prostrou por terra, para beijar-lhe os pés, tomou-a pela mão e levantando-a, desapareceu.
Vi ao longe o brilhar das lanternas ao lado do sepulcro e a leste de Jerusalém uma luz branca no horizonte - o amanhecer do dia.

(1) Segue-se o episódio detalhado da ida das santas mulheres ao santo sepulcro, conforme bem o relatam os Evangelhos.

Relatório da guarda do sepulcro

No entretanto chegara Cássio ao palácio de Pilatos, cerca de uma hora depois da ressurreição. Vi o governador deitado no leito e Cássio apresentar-se-lhe e relatar-lhe, muito comovido, como o rochedo tremera e um Anjo descera do céu, removendo a pedra e as mortalhas ficaram vazias. Jesus era com certeza o Messias e o Filho de Deus; ressuscitara e não estava mais no sepulcro. Ainda contou outras coisas que vira.
Pilatos ouviu tudo com um oculto terror, mas não deixou perceber nada e disse a Cássio: “És um sonhador; fizeste muito mal em colocar-te junto do sepulcro do Galileu; pois os deuses dEle conquistaram poder sobre ti e fizeram-te ver todas essas visões fantásticas. Dou-te o conselho de não falar dessas coisas ao sumo Sacerdote, senão te meterás em maus lençóis”. Fingiu também crer que o corpo de Jesus fosse roubado pelos discípulos e que a guarda descrevesse o sucedido de modo diferente apenas para se desculpar, porque havia permitido o roubo ou porque não cumprira com o dever ou talvez porque tivesse sido enfeitiçada. Tendo Pilatos falado ainda mais tempo dessa maneira indecisa, despediu-se Cássio e o governador mandou oferecer sacrifícios aos ídolos.
Vieram ainda quatro dos soldados da guarda, dando a mesma informação a Pilatos, que os mandou a Caifás, sem lhes manifestar opinião. Vi uma parte dos soldados da guarda dirigir-se imediatamente a um vasto pátio perto do Templo, onde estavam muitos anciãos do povo. Vi estes se reunirem em conselho e depois tomarem os soldados de parte e os induzirem, com dinheiro e ameaças, a dizerem que os discípulos tinham roubado o corpo de Jesus, enquanto os guardas dormiam.
Como, porém, os soldados replicassem que os camaradas contariam o contrário a Pilatos, prometeram os fariseus arranjar tudo com Pilatos. No entanto chegaram os quatro guardas enviados por Pilatos e persistiam em descrever o sucedido como o tinham contado ao governador. Mas já se espalhara também a notícia da fuga inexplicável de José de Arimatéia do cárcere bem fechado e como se os fariseus quisessem lançar suspeitas sobre os guardas, que persistiam em proclamar a verdade, acusando-os de terem combinado com os discípulos o roubo do corpo de Jesus e ameaçando-os violentamente, se não o trouxessem de novo, responderam os guardas que não o podiam fazer, assim como os guardas do cárcere não podiam trazer o fugitivo José de Arimatéia.
Responderam valentemente às acusações e não se deixaram induzir por nenhum suborno a guardar silêncio, a respeito dos acontecimentos; até falaram com muita franqueza do falso e odioso julgamento de sexta-feira e da interrupção das cerimônias da Páscoa; então foram presos e lançados no cárcere os outros, porém, espalharam o boato de que os discípulos tinham roubado o corpo de Jesus e os fariseus mandaram propagar esta mentira em todos os lugares e sinagogas do mundo, junto com outros insultos a Jesus.
Mas esta mentira lhes foi de pouco proveito; pois após a ressurreição de Jesus, apareceram muitas almas de santos judeus defuntos e comoveram os corações dos descendentes, levando a converterem-se os que ainda eram acessíveis à graça e ao arrependimento. Vi também tais aparições apresentarem-se a muitos discípulos que, abalados na fé e desanimados, se tinham dispersado pelo país; consolaram e firmaram-nos na fé.
A ressurreição dos corpos mortos dos sepulcros, depois da morte de Jesus, não tinha semelhança com a ressurreição do Salvador; pois o Senhor ressuscitou com o corpo glorificado e revivificado, andou na terra vivo e em pleno dia e subiu ao céu com esse mesmo corpo, diante dos olhos dos amigos; esse corpo não era mais sujeito à morte e ao sepulcro. Mas os outros corpos ressuscitados eram apenas cadáveres ambulantes e sem movimento, dados como invólucro às almas, que de novo os depuseram no seio da terra, onde esperam a ressurreição final, como todos nós. Em verdade ressuscitaram menos do que Lázaro, que viveu verdadeiramente e mais tarde morreu segunda vez; pois aqueles foram depostos nos sepulcros, como vestimentas das almas, quando o corpo de Jesus foi sepultado.
Ameaças dos inimigos

No domingo seguinte, se não me engano, vi os judeus começarem a limpar, a lavar e purificar o Templo. Encheram o chão de flores e cinza de ossos de mortos e ofereceram sacrifícios de expiação; tiraram os escombros, fecharam as aberturas com tábuas e tapetes e fizeram depois as cerimônias da Páscoa, as quais na própria festa não tinham podido completar.
Proibiram, porém, todos os boatos e murmúrios, explicando a interrupção da festa e as destruições no Templo como conseqüência do terremoto e da presença de pessoas impuras durante o sacrifício; citaram um trecho de uma visão do profeta Ezequiel, sobre a ressurreição dos mortos, não sei mais como a aplicaram a esse fato. Demais ameaçaram com penas e excomunhão. Assim reduziram todos ao silêncio, pois muitos se sentiam culpados, como cúmplices do crime.
Contudo conseguiram acalmar realmente apenas a grande multidão, endurecida no pecado e já perdida; a parte melhor do povo converteu-se silenciosamente nessa ocasião e abertamente na festa de Pentecostes e mais tarde na sua terra, ao ouvir a pregação dos Apóstolos.
Os Sumos Sacerdotes tornaram-se por isso cada dia menos arrogantes e o número dos fiéis aumentou, de modo que já nos dias do Diácono Estevão, todo o bairro de Ofel e a parte oriental de Sião não podia mais conter a multidão da comunidade de Jesus Cristo e os cristãos construíram as cabanas e tendas além da cidade, através do vale de Cedron, até Betânia.
Vi naqueles dias o sumo Sacerdote Anás como que possesso do demônio; puseram-no em reclusão e não apareceu mais. Caifás estava desvairado de secreto furor.
Na quinta-feira depois da Páscoa, vi Pilatos procurar a esposa, mas em vão. Estava escondida em casa de Lázaro, em Jerusalém. Ninguém imaginava que estivesse ali, pois naquela ocasião não se encontravam mulheres no edifício, só Estevão, o discípulo que ainda não era conhecido como tal, entrava e saia de vez em quando da casa, levando-lhe comida e dando-lhe notícias e preparava-a para a conversão. Estevão era primo de Paulo. Simão de Cirene procurou depois do sábado os Apóstolos, pedindo admissão e o batismo.

Ágape após a ressurreição de Jesus

Nicodemos preparou uma refeição para os Apóstolos, as mulheres e uma parte dos discípulos, sob as colunatas abertas, no vestíbulo do Cenáculo. Depois de meio-dia ali se reuniram dez dos Apóstolos; Tomé retraíra-se arbitrariamente, afastando-se um pouco dos outros. Tudo quanto se fez ali, foi para cumprir a vontade de Jesus que na ceia pascal se sentara entre Pedro e João, revelando-lhes diversos mistérios do SS. Sacramento e fazendo-os depois sacerdotes; ordenou-lhes também que ensinassem essas verdades aos outros, juntamente com as doutrinas anteriores a esse respeito.
Vi primeiro Pedro e João, no meio dos outros oito Apóstolos, comunicando-lhes os mistérios que Jesus lhes confiara; explicaram-lhes também a doutrina do Senhor a respeito do modo de administrar este Sacramento e de ensiná-lo aos discípulos. Vi que, de uma maneira sobrenatural, tudo quanto Pedro ensinou, foi dito também por João.
Todos os Apóstolos estavam revestidos das vestes brancas de cerimônia, sobre as quais Pedro e João haviam colocado nos ombros uma estola, cruzada no peito e segura com um gancho; os outros Apóstolos traziam uma estola sobre um ombro, a qual, passando pelo peito e as costas, cruzava debaixo do outro braço e era segura por um gancho. Pedro e João eram sacerdotes, ordenados por Jesus, os outros eram ainda diáconos.(...)
A refeição foi realmente um banquete. Rezaram em pé e comeram deitados sobre os leitos e durante a refeição Pedro e João ensinaram. No fim do banquete foi colocado em frente a Pedro um pão delgado e estriado, que ele partiu nas partes marcadas e subdividiu cada parte mais uma vez.
Depois mandou passar esses bocados, em dois pratos, por ambos os lados da mesa. Passou também de mão em mão um grande cálice, do qual todos beberam. Se bem que Pedro benzesse o pão, não era, contudo o SS. Sacramento, mas apenas um ágape; Pedro disse ainda que ficassem unidos, como era um só o pão que os alimentara e o vinho que beberam. Depois se levantaram todos e cantaram salmos.
Tiradas as mesas, as santas mulheres formaram um semicírculo, na extremidade da sala; os discípulos colocaram-se de ambos os lados e todos os Apóstolos andavam de um lado para outro, ensinando e revelando a esses discípulos mais provados o que lhes podiam comunicar sobre o SS. Sacramento.
    Então vi em todos uma grande comoção. Talvez tivessem sentido só interiormente o que vi exteriormente: pois vi-os, no meio de uma luz brilhante, fundirem-se uns nos outros e tudo formou afinal um templo de luz, em que apareceu a SS. Virgem como cume e centro de todos. Até mesmo vi que toda a luz emanava dela para os Apóstolos e destes voltava, pela SS. Virgem, ao Senhor. Era uma imagem das relações recíprocas entre os presentes.

(1) Segue o episódio de Emaús, conforme está nos Santos Evangelhos!

Jesus aparece aos Apóstolos na sala do Cenáculo

     Apesar de Jesus já ter aparecido a vários Apóstolos, não havia ainda uma fé firme na sua ressurreição. Chegaram então os dois discípulos, anunciando com muita alegria que tinham visto o Senhor e que o reconheceram ao partir o pão.
“Tendo-se reunido de novo para a oração, conta Anna Catharina, vi-lhes os rostos tornarem-se luminosos, pensativos e felizes e vi o Senhor aparecer na porta, que estava fechada. Vestia também uma longa veste branca, com uma simples cinta. Pareciam ter um sentimento indefinido de sua presença, até que, passando pelo meio deles, parou sob o candeeiro; ao vê-Lo, ficaram todos espantados e comovidos.
O Senhor mostrou-lhes os pés e as mãos e abrindo a túnica, mostrou-lhes a chaga do lado. Falou-lhes e, como estavam muito assustados, pediu alguma coisa para comer. Vi que da boca se lhe derramava luz sobre os Apóstolos, que estavam como encantados.
Então foi Pedro atrás de um biombo ou tapete, a uma parte separada da sala, onde era guardado o SS. Sacramento, sobre o forno pascal; havia ali também um aposento lateral, onde guardavam a mesa baixa (tinha cerca de um pé de altura), depois de terminada a refeição.
Sobre essa mesa se encontrava um prato fundo, oval, coberto com uma toalha branca, o qual Pedro trouxe ao Senhor. Havia nele um pedaço de peixe e um pouco de mel; Jesus agradeceu, benzeu a comida e comeu; deu também alguns bocados aos outros, mas não a todos. Ofereceu também à Virgem Santíssima e às outras mulheres, que estavam no vestíbulo.
Depois o vi ainda ensinar e distribuir os poderes. Os discípulos formavam-lhe em roda um tríplice círculo, no meio do qual ficaram os dez Apóstolos; Tomé não estava presente. Pareceu-me maravilhoso que parte das palavras e instruções do Mestre só os Apóstolos percebessem, digo percebessem, pois não O vi mover os lábios.
Estava resplandecente, irradiava-se-Lhe luz das mãos, dos pés, do lado e da cabeça, sobre os Apóstolos, como se soprasse sobre eles e essa luz os penetrava; perceberam que podiam perdoar os pecados, que deviam batizar e curar os enfermos, impor as mãos e que podiam beber veneno, sem que lhes fizesse mal. Jesus explicou-lhes vários trechos da Escritura Sagrada, que se Lhe referem e ao Santíssimo Sacramento e mandou fazer uma adoração ao Santíssimo Sacramento, depois do culto do sábado.
Falou também dos ossos e das relíquias dos antepassados e do respectivo culto, para lhes alcançar a intercessão. Também Abraão tinha em seu poder os ossos de Adão e colocava-os no altar, quando oferecia sacrifícios. Além disso, falou Jesus também do mistério da Arca da Aliança e que esse mistério seria, daí em diante, o seu Corpo e Sangue, que lhes tinha dado para sempre, esse Sacramento. Discorreu também sobre a Sagrada Paixão e ainda algumas coisas maravilhosas de Davi, as quais os discípulos ainda não sabiam. Depois lhes mandou que fossem à região de Sicar, para aí dar testemunho da ressurreição”. (...)
     Nos últimos dias se mostrava Jesus continuamente e muito natural para com os Apóstolos. Comia e rezava com eles e ensinava-lhes. Fazia com eles longos passeios, repetindo-lhes toda a doutrina. Somente durante à noite permanecia em outros lugares, sem que soubessem.

    Seguem-se os episódios da conversão de Tomé, e de outras aparições e manifestações de Jesus, antes da sua ascensão aos céus. Estas partes constam dos Evangelhos e constam dos Atos dos Apóstolos, indo até o Pentecostes. Como nosso intuito maior foi mostrar a Paixão de Jesus e todos os episódios que culminaram com a sua Morte na Cruz, pensamos haver cumprido a parte a que nos propusemos.

    Cremos que, todos os leitores que não tiveram condições de ler o livro original, certamente compreenderam partes do mistério da Cruz, e estão agora mais dispostos e intimamente melhor preparados para amarem ainda mais a Jesus, nosso Salvador, que nos espera todas as vezes que participamos de uma Santa Missa e da Eucaristia, devidamente preparados. De fato, tudo aquilo que nos leva a uma proximidade maior com Ele, a um entendimento maior de tudo aquilo que cercou sua vida, em parte tão misteriosa, deve ser buscado com todo afinco e amor, porque certamente é o melhor que podemos fazer.

    Pedimos, enfim, vossas orações por esta grande mística da nossa Igreja, Ana Catarina Emmerich, para que seu processo de beatificação chegue finalmente ao bom termo que todos desejamos. E junto com ela, também, Madre Maria D´Agreda, que em termos iguais relatou a vida extraordinária de Nossa Senhora, desde sua concepção na mente divina, até sua morte, faltando 26 dias para completar setenta anos.

    De qualquer forma, sabemos que ambas são grandes santas no céu. Até mesmo nos exorcismos, como o leitor pode ver, elas são invocadas pelos padres, mesmo que não constem ainda da relação dos santos canonizados pela Igreja.

Que o Senhor nos abençoe a todos!


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