Postado em: 27/10/09 às 19:40:36 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
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Por: Marisa Bueloni
Há algum tempo – creio ter comentado este fato numa das crônicas publicadas neste jornal –, li numa revista um artigo de uma bióloga, abordando o “silêncio no brejo”. O texto versava sobre o desaparecimento de várias espécies de sapos. Segundo ela, os brejos já não produziam os mesmos ruídos característicos, como o coaxar de sapos e rãs, por causa da extinção destes bichos.
Algumas das hipóteses levantadas, responsáveis pelo fenômeno, seriam as mudanças climáticas, o aquecimento global, as queimadas e demais ações predatórias advindas da atividade humana. Estamos vivendo tempos de grandes mudanças em nosso planeta, e muitas destas revoluções aparentemente inofensivas podem ter origem, de fato, nas diferentes atividades desenvolvidas pelo homem, ao longo dos séculos.
Recentemente, circulou na Internet um artigo do canadense Mark Mallett, cujos textos constituem uma reflexão para os sinais dos tempos, onde o autor comenta o alarmante desaparecimento de abelhas. Além deste fato, ele também se refere a uma outra constatação: o repentino sumiço de dez milhões de pássaros. “Quando o homem já não segue as leis de Deus, isto causa impacto na natureza também, talvez de uma forma que nós não compreendemos completamente”, escreve Mark. Ele termina o artigo com uma pergunta: a natureza está nos dizendo algo?
Aqui no campo, onde moro, venho notando um fenômeno interessante: quase não se vêem bichos rasteiros. E isso me faz lembrar de uma mensagem profética acerca de pequenos animais como calangos, rãs, sapos, preás, ouriços e outras espécies, que “desapareceriam” ou se tornariam escassos, fugindo, buscando a proteção das tocas, pressentindo alguma iminente manifestação da natureza – da mesma forma que os elefantes fugiram para os lugares altos, quando ocorreu o tsunami asiático... A mensagem alude à aproximação de um astro, que primeiro seria “pressentida” pelos animais terrestres.
Não se pode afirmar, é claro, que a aparente escassez destes bichos seja atribuída ao possível surgimento do cometa, tão citado nas profecias antigas e novas. Contudo, algo me inquieta. Quando me mudei para o campo, há 6 anos, ainda víamos alguma perereca na varanda, uma ou outra rã se debatendo na piscina após uma noite de chuva; um sapo pulando pelo gramado; calangos correndo pelos muros e calçadas lá fora. Havia preás em alguns terrenos baldios. Pode ser impressão minha, mas noto que estes bichos estão se tornando escassos. São meses e meses sem ver uma rã ou um sapinho. No inverno, nem lagartixa se vê por aqui...
Enfim, entendo que não seja sensato associar estas observações, com ares de história natural, a algum evento de caráter catastrófico. Ao comentar com meu grupo de estudos sobre este assunto, uma pessoa respondeu em seguida que, onde ela mora, a fauna rasteira é rica e abundante. O fenômeno é irregular e as mudanças se processam gradativamente. Creio que o leitor compreendeu.
Pássaros, há muitos em minha chácara, sobretudo porque temos árvores ornamentais e frutíferas. E mesmo assim, não jogo nada fora. As frutas com jeito de “passadas”, pico bem e coloco sob uma das mangueiras, para alimentar as aves do céu. Elas se juntam ali aos bandos e até brigam pela comida. Há sempre uma mais altiva, que fica de guardiã, vigiando, enquanto as outras comem... Parece uma sentinela e, quando se aproxima uma ave “intrusa”, ela a expulsa dali, correndo atrás com as asas abertas, dando bicadas no invasor.
Quando se constata que está chovendo em regiões onde a precipitação pluvial era rara; que se registra um inaudito aumento da temperatura, em locais normalmente frios durante quase todo o ano; que há rios secando; que este ano, algumas cidades do sul do nosso país já viveram dias de inverno em pleno verão, é sinal de que as alterações estão por toda parte. E quem estiver de olhos abertos, poderá ver o início de um processo que já se mostra quase irreversível.
Para a maioria das pessoas, para os que não se interessam por estes fenômenos, tais mudanças se apresentam como que normais, naturais, integrando o variado cotidiano das notícias. O derretimento das calotas polares – um dia elas teriam mesmo de acabar derretendo... – faz parte de um distante cenário de gelo.
O homem da moderna tecnologia não tem tempo para rezar, conversar com os amigos, contemplar uma flor, apreciar um pôr de sol, brincar com o filho. A vida competitiva obriga as pessoas a se atirarem no trabalho, na luta pela sobrevivência. O dia-a-dia se torna uma rotina massacrante, sem espaço para um olhar mais além. São poucos os preocupados em diminuir o seu ritmo, na busca de compreender o que está ocorrendo.
É de olhos abertos que veremos o fascinante futuro do mundo. Se, de fato, as transformações descortinarão o venturoso tempo novo, aguardado por muitos com a alma em chamas – novos céus e uma nova terra. De olhos abertos, coração contrito, estilo de vida humilde e simples, as mãos cheias de boas obras, o espírito sereno, fé, esperança e caridade, e talvez vejamos a face do Pai.
A graça do Senhor Jesus esteja com todos vós! Amém.