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Artigo N.º 1779 - Quem Foi Francisco de Assis
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Postado em: 16/06/09 às 21:17:38 por: James
Categoria: Biografia
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Francisco de Assis

 

O inicio da Conversão
 
O clima insalubre da prisão, agravado pelos prolongados meses de inverno, haviam-lhe enfraquecido o organismo, provocando agora uma grave enfermidade. Depois de longos meses de sofrimento, sem poder sair da cama, finalmente conseguiu melhorar. Ao levantar-se, porém, não era mais o mesmo Francisco. Sentiu-se diferente, sem poder compreender a o porquê. A verdade é que a humilhação e o sofrimento da prisão, somado ao enfraquecimento causado pela doença, provocaram profundas mudanças no jovem Francisco. Foi o caminho que Deus escolheu para entrar mais profundamente em sua vida. Já não sentia mais prazer nas cantigas e banquetes em companhia dos amigos. Começou a perceber a leviandade dos prazeres puramente terrenos, embora ainda não buscasse a Deus. Na verdade, Francisco não nasceu santo, mas lutou muito para se tornar santo!
 
O Crucifixo de São Damião

Estava ajoelhado em oração aos pés de um crucifixo, que a piedade popular ali venerava, quando uma voz, saída do crucifixo, lhe falou: "Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas". Não percebendo o alcance desse chamado e vendo que aquela Igrejinha estava precisando de urgente reforma, Francisco regressou a Assis, tomou da loja paterna um grande fardo de fina fazenda e vendeu-a. Retornando, colocou o dinheiro nas mãos do sacerdote de São Damião, oferecendo-se para ajudá-lo na reconstrução da capela com suas próprias mãos. Conhecendo o caráter de Pedro Bernardone, é fácil imaginar sua cólera ao ver desfalcada sua casa comercial e perdido o seu dinheiro. Não bastava já o desfalque que dava ao entregar gratuitamente mercadorias e alimentação para os "vagabundos" necessitados? Agora mais essa! E Francisco teve que se esconder da fúria paterna.
Certo dia saiu resolutamente a mendigar o sustento de porta em porta na cidade de Assis. Para Bernardone isso já era demais! Como podia ele envergonhar de tal forma sua família? Se seu filho havia perdido o juízo, era necessário encarcerá-lo! Assim, Francisco experimentou mais uma vez o cativeiro, desta feita num escuro cubículo debaixo da escada da própria casa paterna. Pelo que sabemos, depois de alguns dias, movida pela compaixão, sua mãe abriu-lhe às escondidas a porta e o deixou partir livremente para seguir o seu destino.
 
Uma Decisão Corajosa

Ao final de 1206, Pedro Bernardone, convencido de que nem as razões nem a força podiam torcer o ânimo de Francisco, decidiu recorrer ao Bispo, instaurando-se um julgamento como nunca aconteceu na história de outro santo. O palco do julgamento foi a própria Praça Comunal de Assis, bem à vista de todos.
Bernardone exigiu que seu filho lhe devolvesse tudo quanto recebera dele. Francisco, ciente da sentença de Cristo: "Quem ama o seu pai ou a sua mãe mais que a Mim, não é digno de Mim" (Mt 19,29), sem vacilar um momento se despojou de tudo até ficar nu, jogou os trajes e o dinheiro aos pés de seu pai, e exclamou: "Até agora chamei de pai a Pedro Bernardone. Doravante não terei outro pai, senão o Pai Celeste". O Bispo, então, o acolheu, envolvendo-o com seu manto.
Daquele momento em diante, cantando "Sou o arauto do Grande Rei, Jesus Cristo", afastou-se de sua família e de seus amigos e entregou-se ao serviço dos leprosos, tratando de suas feridas, e à reconstrução das Capelas e Oratórios que cercavam a cidade. Cada dia percorria as ruas mendigando seu pão e convidando as pessoas para que contribuíssem com pedras e trabalho na restauração das "Casas de Deus" que estavam em ruínas.
 
O Louco De Assis

De alguns recebia apoio e incentivo. De muitos, o desprezo e a zombaria. No entender da maioria, o filho de Pedro Bernardone havia perdido completamente o juízo! E não só a garotada da cidade escarnecia dele, chamando-o de louco e outros qualificativos menos nobres. Mais de uma vez sentiu-se tentado a voltar atrás, quando chegava à porta de seus antigos amigos; mas saía vitorioso nessas lutas entre o orgulho humano e o próprio ideal. Já alguns começaram a reconhecer nele traços do futuro santo, embora ele mesmo ainda não conhecesse claramente sua vocação.

Estava já terminando a restauração da última Igrejinha da redondeza, a capelinha de Santa Maria dos Anjos e perguntava-se o que faria depois. O que mais lhe pediria Deus? Não havia entendido ainda que a Igreja que devia restaurar não era a de pedra, mas a própria Igreja de Cristo, enfraquecida na época pelas divisões, heresias e pelo apego de seus líderes às riquezas e ao poder. Devia ser aquele o ano de 1209. Certo dia, Francisco escutou, durante a missa, a leitura do Evangelho: tratava-se da passagem em que Cristo instruía seus Apóstolos sobre o modo de ir pelo mundo, "sem túnicas, sem bastão, sem sandálias, sem provisões, sem dinheiro no bolso ..." (Lc 9,3). Tais palavras encontraram eco em seu coração e foram para ele como intensa luz. E exclamou, cheio de alegria: "É isso precisamente o que eu quero! É isso que desejo de todo o coração!" E sem demora começou a viver, como o faria em toda a sua vida, a pura letra do Evangelho. Repetia sempre para si e, mais tarde, também para seus companheiros: "Nossa regra de vida é viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo"!

Os Primeiros Seguidores

 

A partir daquele dia, Francisco iniciou sua vida de pregador itinerante, percorrendo as localidades vizinhas e pregando, em palavras simples, o Evangelho de Cristo. Muitos começaram, enfim, a compreender o sentido dessa vida e manifestaram o desejo de seguí-la. O primeiro foi um homem rico de Assis, Bernardo de Quintaval. Ao perguntar para Francisco: "O que devo fazer para seguir-te"?, este decidiu, como em todos os momentos decisivos de sua vida, recorrer ao Evangelho para que o próprio Cristo lhes desse a resposta.

 
O Caminho Do Evangelho

 

De manhã, bem cedo, foram ambos à missa. Pelo caminho juntou-se aos dois Pedro de Catânia, doutor em Direito e novo companheiro. Por três vezes abriram o livro do Evangelho, e as três respostas que encontraram foram as seguintes: "Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá-o aos pobres. Depois vem e segue-me" (Mt 19,21). "Não leveis nada pelo caminho, nem bastão, nem alforge, nem uma segunda túnica..." (Lc 9,3). "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me" (Mt 16,24). "Isto é o que devemos fazer, e é o que farão todos quantos quiserem vir conosco" - exclamou Francisco, que subitamente viu brilhar uma luz sobre o caminho que ele e seus companheiros deveriam seguir. Finalmente encontrou o que por tanto tempo havia procurado! Isto aconteceu a 24 de fevereiro de 1208, dando início à fundação da Fraternidade dos Irmãos Menores. No mesmo dia, Bernardo de Quintaval vendeu todos os seus bens e repartiu o dinheiro entre os pobres de Assis.

 
A Aprovação da Igreja

 

No ano de 1210, Francisco e seus seguidores viajaram até Roma para buscar a aprovação do Papa para o seu modo de vida. Mas como aquele bando de mendigos, maltrapilhos e desconhecidos seria recebido pelo severo Inocêncio III? Francisco rezava e confiava. Afinal, não era o próprio Cristo que o estva conduzindo? Por coincidência ou providência divina, encontrava-se em Roma, nessa ocasião, o Bispo de Assis, grande admirador de Francisco. Graças a ele o Papa os recebeu. Inocêncio III ficou maravilhado com o propósito de vida daquele grupo e, especialmente, com a figura de Francisco, a clareza de sua opção e a firmeza que demonstrava. Reconheceu nele o homem que há pouco vira em sonho, segurando as colunas da Igreja de Latrão (a igreja-mãe de todas as Igrejas do mundo!), que ameaçava ruir. O Papa reconheceu que era o próprio Deus quem inspirava Francisco a viver radicalmente o Evangelho, trazendo vida nova a toda a Igreja, naquele tempo tão distanciada dos ensinamentos de Cristo! Por isso deu a seu modo de viver o Evangelho a aprovação oficial da Igreja. Autorizou Francisco e seus seguidores a pregar o Evangelho nas igrejas e fora delas e os despediu com sua bênção.

Este fato histórico ocorreu a 16 de Abril de 1210, marcando o nascimento oficial da Ordem Franciscana.

 
Santo Antonio De Padua e Lisboa

 
 
Algum tempo depois, sobretudo quando Santo Antônio, professor de Teologia, ingressou na Ordem, passou a ensinar Teologia aos frades e alguns deles passaram a se ordenar sacerdotes. Mais tarde, devido principalmente às necessidades da Igreja, a maioria dos frades passou a se ordenar. Mas até hoje, dentro da ordem Franciscana, convivem como irmãos, em igualdade de condições, frades sacerdotes e não sacerdotes (estes chamados outrora de irmãos leigos, por não serem sacerdotes), cada um exercendo a sua função. Esse é, sem dúvidas, um dos aspectos mais belos da Ordem criada por São Francisco.

Obs.: A sigla O.F.M., que geralmente aparece depois do nome dos frades, quer dizer Ordem dos Frades Menores.

 
Os Estigmas De Francisco

Em 1223 o papa InocencioIII aprovou a regra franciscana e, no ano seguinte, deu-se a "estigmatização" de são Francisco: apareceram-lhe nas mãos, pés e costas chagas semelhantes às de Cristo na cruz, marcas que ele tudo fez para esconder até a morte. A partir daí, ficou quase cego, devido a uma doença oftalmológica contraída no Oriente. Uma estada em Rieti para tratamento de nada lhe valeu.

 
O CÂNTICO DO IRMÃO SOL

Altíssimo, onipotente, bom Senhor, Teus são o louvor, a glória, a honra E toda a benção. Só a ti, Altíssimo, são devidos; E homem algum é digno De te mencionar.

Louvado sejas, meu Senhor, Com todas as tuas criaturas, Especialmente o Senhor Irmão Sol, Que clareia o dia E com sua luz nos alumia.

E ele é belo e radiante Com grande esplendor: De ti, Altíssimo é a imagem.

Louvado sejas, meu Senhor, Pela irmã Lua e as Estrelas, Que no céu formaste claras E preciosas e belas.

Louvado sejas, meu Senhor, Pelo irmão Vento, Pelo ar, ou nublado Ou sereno, e todo o tempo Pela qual às tuas criaturas dás sustento.

Louvado sejas, meu Senhor, Pela irmã Água, Que é mui útil e humilde E preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor, Pelo irmão Fogo Pelo qual iluminas a noite E ele é belo e jucundo E vigoroso e forte.

Louvado sejas, meu Senhor, Por nossa irmã a mãe Terra Que nos sustenta e governa, E produz frutos diversos E coloridas flores e ervas.

Louvado sejas, meu Senhor, Pelos que perdoam por teu amor, E suportam enfermidades e tribulações.

Bem aventurados os que sustentam a paz, Que por ti, Altíssimo, serão coroados.

Louvado sejas, meu Senhor, Por nossa irmã a Morte corporal, Da qual homem algum pode escapar.

Ai dos que morrerem em pecado mortal! Felizes os que ela achar Conformes á tua santíssima vontade, Porque a morte segunda não lhes fará mal!

Louvai e bendizei a meu Senhor, E dai-lhe graças, E servi-o com grande humildade.

 
A Morte de São Francisco

Depois de uma temporada em Siena, Francisco foi levado de volta a Assis. Morreu em Assis, em 3 de outubro de 1226. Sepultado temporariamente na igreja de São Jorge, em 1230 seus restos foram trasladados para a igreja inferior da basílica edificada em sua memória na mesma cidade. São Francisco foi canonizado em 1232, e é festejado a 4 de outubro.

 Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz
Onde houver ódio, que eu leve o amor
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão
Onde houver discórdia, que eu leve a união

Onde houver dúvida, que eu leve a fé
Onde houver erro, que eu leve a verdade
Onde houver desespero, que eu leve a esperança
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria
Onde houver trevas, que eu leve a luz


Ó mestre, fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado
Compreender, que ser compreendido
Amar, que ser amado
Pois é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se vive para a vida eterna




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