Postado em: 04/01/16 às 12:14:13 por: James
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Diretor da revista satírica francesa: "As convicções dos ateus e dos laicos podem mover mais montanhas do que a fé dos crentes"
A polêmica revista satírica francesa Charlie Hebdo chega às bancas nesta quarta-feira com uma edição especial em memória do atentado terrorista sofrido em 7 de janeiro do ano passado, evento em que doze profissionais da publicação foram mortos por radicais assassinos ligados ao Estado Islâmico. O ataque, segundo seus perpetradores, foi causado pelo deboche constante com que a revista trata a religião amparando-se num conceito bastante “generoso” de “liberdade de expressão” – conceito semelhante ao alegado pelos racistas para tentar justificar o seu racismo.
Passado um ano da tragédia, a “memória” proposta pela revista consiste em trazer na capa a manchete “1 ano depois, o assassino ainda corre”. O assassino em questão é Deus, que aparece desenhado barbudo, munido de um fuzil e com a roupa ensanguentada.
O cartunista Riss, atual diretor do semanário e sobrevivente do ataque de 7 de janeiro de 2015, adiciona a esta edição “especial” uma defesa inflamada da laicidade, ao mesmo tempo em que aponta o seu dedo acusador indistintamente aos “fanáticos alienados pelo alcorão” e aos “devotos de outras religiões” que queriam a morte da publicação por “ousar rir do religioso“.
E, ainda deixando as portas abertas à interpretação pobre de que “crente é tudo igual”, arremata: “As convicções dos ateus e dos laicos podem mover mais montanhas do que a fé dos crentes“.
Talvez fosse o caso, Riss, de você “fazer memória” dessa tragédia abominável perguntando a si próprio até que ponto aquilo que você entende por “fé”, “crentes”, “religião”, “fanatismo”, “alienação”, “ousadia” e “laicidade” corresponde ao que esses termos realmente podem significar.
Perguntar-se isto, porém, exige apontar o dedo para TODO tipo de fanatismo e desejo da morte alheia – não só para o dos supostos “crentes”.