Aos 40 anos de idade, o carpinteiro Renan Pellegrino de Melo nunca se sentiu tão próximo da morte como em abril de 1984, quando entrou em coma após um violento aneurisma cerebral que lhe valeu a implantação de uma prótese na artéria aorta.

Nos 40 dias em que permaneceu internado na Unidade de Tratamento Intensivo do Instituto do Coração em São Paulo, Renan esteve entre a vida e a morte, principalmente quando teve uma complicação de pulmão.

“Eu me lembro –conta Renan, que estava muito agitado e por isso me mantinham amarrado ao leito. Eu sentia uma grande falta de ar, quando sonhei que estava em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, rodeado por enfermeiros e médicos aos quais pedia ajuda.

Havia uma festa no local, em homenagem à padroeira da cidade, Santa Madrezita, com toques de tambores e queima de ervas.

Quando a queima começou, no sonho eu senti um forte aroma de mato (diferente de todos que conheço no Brasil) invadir o quarto e um grande alívio da dor no pulmão, quando respirei aliviado.“

Renan de Melo disse que jamais saiu do Brasil, que nunca teve informações nenhuma sobre a cidade de Santa Cruz de La Sierra.

Quando voltou a si, seu companheiro de quarto na UTI disse que ele falara o tempo todo em castelhano, chamando com muita insistência pela Madrezita.


No quarto de recuperação conheceu um boliviano chamado Arturo a quem contou o sonho e teve a confirmação de que a festa com a queima de ervas é uma tradição em Santa Cruz de La Sierra, e que a virgem de Catoca, mais conhecida por Santa Madrezita, é muito milagrosa.

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