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Artigo N.º 4975 - Parte 03 - Resumo do Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Santíssima - São Luis Maria Grignion
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Postado em: 24/04/10 às 18:40:26 por: James
Categoria: Devoção
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Resumo do Livro "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem " Segundo orientações de São Luís Maria Grignion de Montfort

(Resumido por Pedro Longo - Movimento Salvai Almas)

Parte 03

Devemos despojar-nos do que há de mau em nós

 

78. Terceira verdade. – Nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo fundo de maldade que há em nós. Quando se despeja água limpa e clara em uma vasilha suja, que cheira mal, ou quando se põe vinho em uma pipa cujo interior está azedado por outro vinho que aí antes se depositara, a água límpida e o vinho bom adquirem facilmente o mau cheiro e o azedume dos recipientes. Do mesmo modo, quando Deus põe no vaso de nossa alma, corrompido pelo pecado original e pelo pecado atual, suas graças e orvalhos celestiais ou o vinho delicioso de seu amor, estes dons divinos ficam ordinariamente estragados ou manchados pelo mau germe e mau fundo que o pecado deixou em nós; nossas ações, até as mais sublimes virtudes, disto se ressentem. É, portanto, de grande importância, para adquirir a perfeição, que só se consegue pela união com Jesus Cristo, despojar-nos de tudo que de mau existe em nós. Do contrário, Nosso Senhor, que é infinitamente puro e odeia infinitamente a menor mancha na alma, nos repelirá e de modo algum se unirá a nós.

 

 

 

79. Para despojar-nos de nós mesmos, é preciso conhecer primeiramente e bem, pela luz do Espírito Santo, nosso fundo de maldade, nossa incapacidade para todo bem, nossa fraqueza em todas as coisas, nossa inconstância em todo tempo, nossa indignidade de toda graça e nossa iniqüidade em todo lugar. O pecado de nossos primeiros pais nos estragou completamente, nos azedou, inchou e corrompeu, como o fermento azeda, incha e corrompe a massa em que é posto. Os pecados atuais que cometemos, sejam mortais ou veniais, perdoados que estejam, aumentam em nós a concupiscência, a fraqueza, a inconstância e a corrupção, deixando maus traços em nossa alma.

 

 

80. Depois disto, por que admirar-se de ter Nosso Senhor dito que quem quisesse segui-lo devia renunciar a si mesmo e odiar a própria alma; que aquele que amasse sua alma a perderia e quem a odiasse se salvaria? (Jo 12, 25). A Sabedoria infinita, que não dá ordens sem motivo, só ordena que nos odiemos porque somos grandemente dignos de ódio: só Deus é digno de amor, enquanto nada há mais digno de ódio do que nós.

 

81. Em segundo lugar, para despojar-nos de nós mesmos, é preciso que todos os dias morramos para nós, isto é, importa renunciarmos às operações das faculdades da alma e dos sentidos do corpo, precisamos ver como se não víssemos, ouvir como se não ouvíssemos, servir-nos das coisas deste mundo como se não o fizéssemos (cf. 1Cor 7, 29-31), o que São Paulo chama morrer todos os dias: “Quotidie morior” (1Cor 15, 31). “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só, e não produz fruto apreciável: Nizi granum frumenti cadens in terram mortuum fuerit, ipsum solum manet” (Jo 12, 24-25).

 

82. Em terceiro lugar, é preciso escolher entre todas as devoções à Santíssima Virgem, a que nos leva com mais certeza a este aniquilamento do próprio eu. Esta será a devoção melhor e mais santificante, pois é mister reconhecer que nem tudo que luz é ouro, nem tudo que é doce é mel, e nem tudo que é fácil de fazer e praticar é o mais santificante. Do mesmo modo que a natureza tem segredos para fazer em pouco tempo, sem muitos gastos e com facilidade, certas operações naturais, há segredos, na ordem da graça, pelos quais se fazem, em pouco tempo, com doçura e facilidade, operações sobrenaturais, como despojar-nos de nós mesmos, encher-nos de Deus, e tornar-nos perfeitos.

 

A prática que quero revelar é um desses segredos da graça, desconhecido da maior parte dos cristãos, conhecidos de poucos devotos, praticado e apreciado por um número bem diminuto. Antes de abordar esta prática, apresento uma quarta verdade que é conseqüência da terceira.

Temos necessidade de um medianeiro junto do próprio medianeiro que é Jesus Cristo

 

83. Quarta verdade. – É muito mais perfeito, porque é mais humilde, tomar um medianeiro para nos aproximarmos de Deus.

 

84. Nosso Senhor é nosso advogado e medianeiro de redenção junto de Deus Pai; é por intermédio dele que devemos rezar com toda a Igreja triunfante e militante; é por intermédio dele que obtemos acesso junto de sua majestade, em cuja presença não devemos jamais aparecer, a não ser amparados e revestidos dos méritos de Jesus Cristo, como Jacob revestindo-se da pele de cabrito para receber a bênção de seu pai Isaac.

 

 

85. Mas temos necessidade de um medianeiro junto do próprio medianeiro? Será a nossa pureza suficiente para que nos permita unir-nos diretamente a ele, e por nós mesmos? Não é ele Deus, em tudo igual ao Pai, e, por conseguinte, o Santo dos santos, digno de tanto respeito como seu Pai? Se ele, por sua caridade infinita, se constituiu nosso penhor e medianeiro junto de Deus seu Pai, para aplacá-lo e pagar-lhe o que lhe devíamos, quer isto dizer que lhe devemos menos respeito e tomar por sua majestade e santidade?

 

Digamos, pois, ousadamente, com São Bernardo, que temos necessidade de um medianeiro junto do Medianeiro por excelência, e que Maria Santíssima é a única capaz de exercer esta função admirável. Por ela Jesus Cristo veio a nós, e por ela devemos ir a ele. Se receamos ir diretamente a Jesus Cristo Deus, em vista da sua grandeza infinita, ou por causa de nossa baixeza, ou, ainda, devido aos nossos pecados, imploremos afoitamente o auxílio e intercessão de Maria nossa Mãe; ela é boa e terna; nela não há severidade nem repulsa, tudo nela é sublime e brilhante contemplando-a, vemos nossa pura natureza. Ela não é o sol, que, pela força de seus raios, nos poderia deslumbrar em nossa fraqueza, mas é bela e suave como a lua (Cant 6, 9), que recebe a luz do sol e a tempera para que possamos suportá-la.

 

86. Tudo isto é tirado de São Bernardo e de São Boaventura. De acordo com suas palavras, temos três degraus a subir para chegar a Deus: o primeiro, mais próximo de nós e mais conforme à nossa capacidade, é Maria; o segundo é Jesus Cristo; e o terceiro é Deus Pai. Para ir a Jesus é preciso ir a Maria, pois ela é a medianeira de intercessão. Para chegar ao Pai eterno é preciso ir a Jesus, que é nosso medianeiro de redenção. Ora, pela devoção que preconizo, mais adiante, é esta a ordem perfeitamente observada.

 

 

 

É muito difícil para nós conservar as graças e tesouros recebidos de Deus

 

87. Quinta verdade. – É extremamente difícil, devido à nossa fraqueza e fragilidade, conservarmos em nós as graças e os tesouros que recebemos de Deus:

 

1º Porque este tesouro, mais valioso que o céu e a terra, nós os guardamos em vasos frágeis: “Habemus thesaurum istum in vasis fictilibus” (2Cor 4, 7); em um corpo corruptível, em uma alma fraca e inconstante que um nada perturba e abate.

 

88. 2º porque os demônios, que são ladrões finórios, buscam surpreender-nos de improviso para nos roubar e despojar; espreitam dia e noite o momento favorável a seu desígnio; andam incessantemente ao redor de nós, prontos a devorar-nos (cf 1Ped 5, 8) e, pelo pecado, arrebatar-nos, num momento, tudo que em longos anos conseguimos alcançar de graças e méritos. E tanto mais devemos temer esta desgraça, sabendo quão incomparável é sua malícia, sua experiência, suas astúcias e seu número. Pessoas tem havido muito mais cheias de graças do que nós, mais ricas em virtudes, mais experientes, mais elevadas em santidade, que foram surpreendidas, roubadas, saqueadas lamentavelmente. Ah! quantos cedros do Líbano, quantas estrelas do firmamento se têm visto cair miseravelmente, perdendo em pouco tempo toda a sua altivez e claridade. A que atribuir tão estranha mudança? Não foi falta de graça, pois a graça não falta a ninguém; foi falta de humildade. Essas pessoas acreditavam-se mais fortes e suficientes do que o eram na realidade; julgavam-se capazes de guardar seus tesouros; fiaram-se e apoiaram-se em si próprias; creram sua casa bastante segura e bem fortes os seus cofres para guardar o precioso tesouro da graça, e, devido a essa segurança imperceptível que tinham em si (conquanto lhes parecesse que se apoiavam na graça de Deus), é que o justíssimo Senhor, abandonando-as às próprias forças, permitiu que fossem roubadas. Ah! se tivessem conhecido a devoção admirável que vou expor, em seguida, teriam confiado seu tesouro à Virgem poderosa e fiel, que o teria guardado como seu próprio bem, fazendo mesmo, disso, um dever de justiça.

 

89. 3º É difícil perseverar na justiça, por causa da corrupção do mundo. O mundo está, atualmente, tão corrompido, que é quase necessário que os corações religiosos sejam manchados, se não pela lama, ao menos pela poeira dessa corrupção; de modo que se pode considerar um milagre o fato de uma pessoa manter-se firme no meio dessa torrente impetuosa sem que o turbilhão a arraste; no meio desse mar tempestuoso sem que o furor das ondas a submerja ou a pilhem os piratas e corsários no meio desse ar empestado sem que os miasmas a contaminem. É a Virgem, a única fiel, na qual a serpente não teve parte jamais, que faz este milagre em favor daqueles e daquelas que a servem da mais bela maneira.

 

 

 

Escolha da verdadeira devoção à Santíssima Virgem

 

90. Conhecidas estas cinco verdades, é preciso, mais do que nunca, fazer agora uma boa escolha da verdadeira devoção à Virgem Santíssima, pois, como jamais, pululam falsas devoções a Maria Santíssima, as quais passam facilmente por devoções verdadeiras. O demônio, como um moedeiro falso e um enganador fino e experimentado, tem já enganado e perdido inúmeras almas, inculcando uma falsa devoção à Santíssima Virgem, e todos os dias vale-se de sua experiência diabólica para lançar outros mais à eterna condenação, divertindo-as e acalentando-as no pecado, sob o pretexto de algumas orações mal recitadas e de algumas práticas exteriores que lhes inspira

 

91. É, portanto, de grande importância conhecer primeiramente as falsas devoções à Santíssima Virgem, para evitá-las, e a verdadeira, para abraçá-la; segundo, entre tantas práticas diferentes da verdadeira devoção à Virgem Santíssima, distinguir a mais perfeita, a mais agradável a Maria Santíssima, a que mais glória dá a Deus, a mais santificante para nós, para a esta nos apegarmos.

 

 

 

Os sinais da falsa e da verdadeira devoção à Santíssima Virgem

 

 Os falsos devotos e as falsas devoções à Santíssima Virgem.

 

92. Conheço sete espécies de falsos devotos e falsas devoções à Santíssima Virgem: 1º os devotos críticos, 2º os devotos escrupulosos, 3º os devotos exteriores, 4º os devotos presunçosos, 5º os devotos inconstantes, 6º os devotos hipócritas, 7º os devotos interesseiros.

 

1º Os devotos críticos

 

93. Os devotos críticos são, em geral, sábios orgulhosos, espíritos fortes e presumidos, que têm no fundo uma certa devoção à Santíssima Virgem, mas que vivem criticando as práticas de devoção que a gente simples tributa de boa-fé e santamente a esta boa Mãe, pelo fato de estas devoções não agradarem à sua culta fantasia. Põem em dúvida todos os milagres e histórias narrados por autores dignos de fé, ou inseridos em crônicas de ordens religiosas, atestando as misericórdias e o poder da Santíssima Virgem. Repugna-lhes ver pessoas simples e humildes ajoelhadas diante de um altar ou de uma imagem da Virgem, às vezes no recanto de uma rua, rezando a Deus; chegam a acusá-las de idolatria, como se estivesse adorando a pedra ou a madeira. Dizem que, de sua parte, não apreciam essas devoções exteriores e que seu espírito não é tão fraco que vá dar fé a tantos contos e historietas que se atribuem à Santíssima Virgem.

Esta espécie de falsos devotos e orgulhosos e mundanos é muito para temer e eles causam um mal infinito à devoção à Santíssima Virgem, dela afastando eficazmente o povo, sob pretexto de destruir-lhes os abusos.

 

2º Os devotos escrupulosos

 

94. Os devotos escrupulosos são aqueles que receiam desonrar o Filho, honrando a Mãe, e rebaixá-lo se a exaltarem demais. Não podem suportar que se repitam à Santíssima Virgem aqueles louvores justíssimos que lhe teceram os Santos Padres; não suportam sem desgosto que a multidão ajoelhada aos pés de Maria seja maior que ante o altar do Santíssimo Sacramento, como se fossem antagônicos, e como se os que rezam à Santíssima Virgem não rezassem a Jesus Cristo por meio dela. Não querem que se fale tão freqüentemente da Santíssima Virgem, nem que se recorra tantas vezes a ela.

 

Em certo sentido é verdade o que eles dizem. Mas, pela aplicação que lhe dão, é bem perigoso e constitui uma cilada sutil do maligno, sob o pretexto de um bem muito maior, pois nunca se há de honrar mais a Jesus Cristo, do que honrando a Santíssima Virgem, desde que a honra que se presta a Maria não tem outro fim que honrar mais perfeitamente a Jesus Cristo, e que só se vai a ela como ao caminho para atingir o termo que é Jesus Cristo.

 

 

3º Os devotos exteriores

 

96. Devotos exteriores são as pessoas que fazem consistir toda a devoção à Santíssima Virgem em práticas exteriores; que só tomam interesse pela exterioridade da devoção à Santíssima Virgem, por não terem espírito interior; que recitarão às pressas uma enfiada de terços, ouvirão, sem atenção, uma infinidade de missas, acompanharão as procissões sem devoção, farão parte de todas as confrarias sem emendar de vida, sem violentar suas paixões, sem imitar as virtudes desta Virgem Santíssima. Amam apenas o que há de sensível na devoção, sem interesse pela parte sólida. Se suas práticas não lhes afetam a sensibilidade, acham que não há nada mais a fazer, ficam desorientados, ou fazem tudo desordenadamente. O mundo está cheio dessa espécie de devotos exteriores e não há gente que mais critique as pessoas de oração que se dedicam à devoção interior sem desprezar o exterior de modéstia, que acompanha sempre a verdadeira devoção.

 

4º Os devotos presunçosos

 

97. Os devotos presunçosos são pecadores abandonados a suas paixões, ou amantes do mundo, que, sob o belo nome de cristãos e devotos da Santíssima Virgem, escondem ou o orgulho, ou a avareza, ou a impureza, ou a embriaguez, ou a cólera, ou a blasfêmia, ou a maledicência, ou a injustiça, etc.; que dormem placidamente em seus maus hábitos, sem violentar-se muito para se corrigir, alegando que são devotos da Virgem; que prometem a si mesmos que Deus lhes perdoará, que não hão de morrer sem confissão, e não serão condenados porque recitam seu terço, jejuam aos sábados, pertencem à confraria do santo Rosário ou do Escapulário, ou a alguma congregação; porque trazem consigo o pequeno hábito ou a cadeiazinha da Santíssima Virgem, etc.

 

98. Não há, no cristianismo, coisa tão condenável como essa presunção diabólica; pois será possível dizer de verdade que se ama e honra a Santíssima Virgem, quando, pelos pecados, se fere, se traspassa, se crucifica e ultraja impiedosamente a Jesus Cristo, seu Filho? Se Maria considerasse uma lei salvar essa espécie de gente, ela autorizaria um crime, ajudaria a crucificar e injuriar seu próprio Filho. Que o ousaria pensar?

Confesso que, para ser alguém verdadeiramente devoto da Santíssima Virgem, não é absolutamente necessário ser santo ao ponto de evitar todo pecado, conquanto seja este o ideal; mas é preciso ao menos (note-se bem o que vou dizer):

Em primeiro lugar, estar com a resolução sincera de evitar ao menos todo pecado mortal, que ofende tanto a Mãe como o Filho.

 

Segundo, fazer violência a si mesmo para evitar o pecado.

 

Terceiro, filiar-se a confrarias, rezar o terço, o santo rosário ou outras orações, jejuar aos sábados, etc.

 

 

FIM


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Artigo N.º 4946 - Parte 01 - Resumo do Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Santíssima - São Luis Maria Grignion
 

 

 

 

 

 


Extraído do livro: "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem " Segundo orientações de São Luís Maria Grignion de Montfort



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