Marisa Bueloni

Há um sinal no céu e qualquer um pode vê-lo com os olhos da alma. Olho para o céu todas as noites, à procura de uma luz que nos indique o tempo aproximado de todas as coisas. É impossível não ouvir o rumor que perpassa no vento, as folhagens tocadas por um frêmito levíssimo, sussurrando o prenúncio de uma nova aurora. Vasculho o céu noturno, à espera do novo dia.

     Nem sempre o vento é a tímida manifestação da brisa diária. Nos últimos meses, alguns países têm conhecido a violência de vendavais devastadores, tufões que passam deixando um rastro de morte e destruição. Também as águas ainda não disseram tudo. E talvez tenham mais a dizer, embora o Senhor tenha nos dado Sua palavra de que nunca mais o mundo será destruído pela água. O elemento agora seria o fogo? 

     Cada um entenda este “fogo” como quiser. Uns o interpretam em seu sentido literal e físico.  Cairá do céu um fogo devorador e do mundo só restarão cinzas. Cidades inteiras arderão. Outros crêem que um astro se chocará com a Terra, causando uma explosão milhões de vezes maiores que as das bombas de Hiroshima e Nagazaki.  

     De qualquer forma, este “fogo” anunciado por tantos profetas de hoje é algo de tirar o sono, na força de ser um fogo de verdade, que queima e faz os elementos derreterem, como consta na carta de São Pedro. A Terra e suas torres arrogantes podem ser atingidas por esta fornalha,  juntamente com toda espécie de vida, numa dimensão assombrosa. Também pode ser um fogo purificador. Que não queima a carne e sim a alma. Então, seria o fogo do Espírito Santo, o mais devorador de todos – o fogo de Deus. 

     Será que, como no Antigo Testamento, o Senhor enviará um Anjo para marcar as portas dos que crêem e são tementes a Ele? Será que o Anjo agirá exatamente como na noite em que marcou com o sangue do cordeiro as portas das casas dos hebreus, a fim de poupá-los do castigo divino?  Quem será o Moisés dos novos tempos, para nos conduzir à Nova Terra? 

     Quando irá partir o povo do Senhor desta Terra sedenta de justiça, amor e paz? Quando irá partir o povo que vaga no deserto, atravessando a noite escura da alma? Quando irá partir o povo com um canto novo em seus lábios e palmas em suas mãos, saudando o Senhor que vem? Ninguém sabe. Aquele dia e aquela hora, ninguém sabe. Somente o Pai. 

     Há tantas especulações, tantas teorias e cálculos para o fim do mundo e a vinda do Senhor. Mas nenhum deles consegue acertar, porque se trata de matéria divina, conhecida somente pelo Pai. Há os que apontam o ano de 2012, quando uma hecatombe final ocorrerá. Mas os estudiosos sérios pesquisam e consultam a Bíblia, em busca de um tempo aproximado, que corresponda aos sinais proféticos encontrados nas Escrituras. E são prontos a afirmar que estamos vivendo muito próximos destes sinais,  no que diz respeito à falta de amor, de caridade, de justiça e de temor de Deus. Tempos de tribulações, de catástrofes naturais, de apostasia e da perda da fé. 

     Se vier um fogo que queima a carne, livrai-nos Deus dele. Se vier o fogo que queima a alma, bendito seja Deus. Este sim, é o fogo tão esperado, a chama de amor alimentada pela misericórdia divina. Este é o fogo misericordioso do Coração de um Deus eternamente apaixonado pela Sua criação. Louvemos este fogo. 

 Mais belo ainda é louvar a sua espera, reconhecer o privilégio de estar aqui no planeta, neste momento da história, mesmo sem penetrar nos critérios divinos. Nós nunca entenderemos o mistério da vida e da morte, as coisas que acontecem conosco e à nossa volta. Mas o coração espiritualmente maduro, o espírito contrito, a alma em constante oração compreendem o sentido oculto aos olhos, o  desejo de viver na humildade e praticar o bem. Amar a Deus, acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo. Eis toda a Lei e os Profetas. 

     Que este fogo devorador de almas caia sobre nós e mude a face da Terra. A humanidade pode mudar, se um coração  pode se transformar. Se eu mudo, o mundo todo começa a mudar. Um bater de asas de uma borboleta aqui no nosso hemisfério produz um vento sublime na Ásia. 

     E é com esta dimensão na fé que vasculho os céus e vejo luzes distantes, vagando solitárias. Quem viaja tão alto? Por que estamos aqui? De onde viemos e para onde vamos? Viemos de Deus e vamos para Deus. É este o trajeto, Ele é o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim.  

     “Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.” (Salmo 31, 24).

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Marisa Bueloni é formada em Pedagogia e Orientação Educacional - marisabueloni@ig.com.br