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Artigo N.º 5679 - Gosto demais...
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Postado em: 13/07/10 às 20:05:43 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=5679
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Marisa Bueloni

Gosto demais do silêncio, da solidão, da quietude da casa, das madrugadas serenas. O tique-taque do relógio na sala, um galo cantando, a poesia emergindo, a noite vasta!... Gosto de interrogar as estrelas – o meu lindo é a mais brilhante delas. Olhos grudados no céu, pergunto: onde está você?

Gosto de uma torta de bacalhau chamada “Dakoana”, que tem uma história. Uma amiga de uma cunhada fez uma viagem de navio e experimentou a torta. Aquilo aguçou sua curiosidade – como é feita esta maravilha? - e foi até o cozinheiro. Ele acabou lhe dando a receita em segredo. É coisa dos deuses, de comer rezando. Abrir um vinho para saboreá-la é obrigatório, por favor.


Gosto demais de ler os e-mails todos os dias. Deles transborda uma beleza que me toca muito particularmente. Há sempre alguém enviando uma mensagem especial. É algo muito precioso e deve ser preservado como joia rara. Diria que é um carinho indispensável nos tempos de hoje, quando impera no mundo a aridez da indiferença, da falta de amor e de gentileza.


Gosto demais da missa no domingo. É um dos mais belos momentos da minha vida. Domingo sem missa não é domingo. Minha preferida é a das 11 da manhã, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, onde frei Augusto celebra regularmente. Na homilia, sua voz tonitruante enche o templo de sabedoria e evangelho.

Gosto das coisas organizadas. Ordem e limpeza são tudo numa casa. Detesto bagunça. Cada coisa no seu lugar. Aqui eu guardo a tesoura, ali uma trena, a caixa de costura dentro de um armário, tal utensílio numa prateleira da despensa e assim por diante. Gavetas do armário grande da sala de jantar guardam as toalhas de mesa, os guardanapos de cozinha, paninhos rendados diversos; outros compartimentos guardam a louça e outras peças. Roupas de uso pessoal é um capítulo à parte. Mulher que se preza tem tudo em perfeita ordem.


Gosto de retrato em branco e preto na moldura dourada, eu com 15 anos, de braço dado com meu pai, na saída da missa de formatura do ginásio.


Gosto de deitar numa rede e pensar na vida, ouvindo as músicas da orquestra de Ray Conniff. Besame mucho. Ou as do Simon & Garfunkel. Alguém se lembra deles? “Sound of silence”, “Scarborough fair”, “El condor pasa”. Ou um CD dos Beatles. Algo de mágico adentra meu pobre peito. Anjos desabam sobre mim, no maravilhoso embate que eleva o pensamento. E acalma o coração.


Gosto dos poetas. É uma gente à parte nesta longa estrada da vida. Vou seguindo e não posso parar. Espera-se do poeta uma postura inovadora. Quiçá revolucionária. Um gesto de originalidade, de bravura, de entendimento superior. Quero ver no poeta o que não vejo nas outras pessoas. Nem que seja um cacoete. Poeta tem a aura daquilo que nos comove profundamente, no primeiro olhar.


Gosto muito de rezar. De rezar sozinha, na sala da minha casa, contemplando a imagem de Nossa Senhora Campestre, pequenina, e ao mesmo tempo majestosa. Gosto de rezar o terço com minhas irmãs Rosa Maria e Antonia. Rosa Maria reza de olhos fechados, de tanto fervor. Antonia flexiona cada palavra das orações como se os fonemas se marcassem a ferro e a fogo em seus lábios. Em geral, sou eu quem “puxo o terço” meditado e ele se torna poderoso, a ponto de, às vezes, nossas contas se enrolarem, se enroscarem do nada, nos confundindo, porque o “príncipe das trevas” detesta o rosário e o combate ferozmente. São Miguel Arcanjo, rogai por nós!


Gosto de macarrão com frango assado. Mas tem de ser aquela macarronada com molho de manjericão. Pique uns 10 tomates maduros em pedaços meio grandes. Refogue-os no azeite, com alho e cebola, deixando-os se desfazerem levemente, ficando molinhos. Tempere do seu jeito. Aí, juntar um bom punhado de folhas de manjericão fresco picadinho. Nesta altura, a sua massa preferida já está cozida. Queijo ralado. Vinho tinto. Que tal?


Gosto do outono, das tardes de abril que me dão febre. Do céu azul de maio, das noites estreladas de junho, do frio do Campestre e do calor no coração. Ai, as avezinhas que vêm comer as frutas que pico e deixo sob o pé de lichia. Sonoro o pio das que voam o que eu sonho. Deus, por favor! Dai-me asas de pássaros, se não for pedir demais.


Gosto muito de saber dirigir e de ter um carro. Ma-ra-vi-lha. Recuso-me a trocar meu Palio 2007, preto ônix, que foi do meu lindo. Tem o cheiro dele e isso é vida para mim. Vivo quietinha aqui no meu Campestre, estou cercada daquilo que amo e que me toca a alma. Meu celular é jurássico, tenho roupas de 20 anos atrás que vão durar outros 20. Resisto o quanto posso a trocar o velho pelo novo.


Gosto de pinhão, de milho verde cozido na água e sal. Gosto de pipoca. Serve até a de microondas. Gosto de peixe, aliás, amo peixe! Tem uma peixadinha rápida, com pescada branca, ai m pescada branca, ura. e preto na moldura dourada, eu de braço dado com meu pai, na saque eu faço num tapa. Vai cheiro-verde, tomate, cebola, pimentões, alcaparra, azeitona. Depois, por cima, umas batatas em rodelas meio grossas. Tapar a panela, abaixar o fogo. Cozidas as batatas, a peixada está pronta. Servir com um arrozinho branco. Eita!


Gosto de vinho. Sobretudo do tinto suave. Mas se tem do branco, a gente seca a garrafa também. Marvada pinga! Mofia é danada de boa. Não tomei o fogo homérico ainda e não será de vinho. Uma vez, meu lindo contou que o pior fogo tomado na vida dele foi de licor, numa aposta com amigos. Quem virava mais o copinho. Não podia nem com o cheiro de licor... rsrsrsrs.


Gosto de comedimento, elegância, classe e educação. Mas até certo ponto. Se alguém tiver uma boa razão para rodar a baiana, eu rodo junto. Sou solidária até nas baixarias. Que me importa. O legal da vida é o reconhecimento de que certas situações pedem justiça. Ainda que isso exija perder um pouco o refinamento. Que seja.


Gosto de café. Que pode ser benéfico e prolongar a vida e também matar de repente. Vai saber. Cada hora vem uma notícia sobre o café. Eu não ligo para o que dizem. Faço bom uso, damo-nos bem, sobretudo um gole generoso ali pelas 3 e meia da tarde, e uma fatiazinha de pão com manteiga. Para mim, é o lanche dos deuses. O que seria de muitos de nós sem a rubiácea aromática?


Gosto de você, meu anjo, que me lê aqui, neste espaço. Gosto de saber o que sente, o que pensa, o que lhe vai dentro da alma. E do que você gosta. Se você sonha junto comigo esse sonho de olhos abertos e coração pegando fogo. Sei que em vosso peito arde uma chama de dar gosto. Vejo isso, no vosso comentário que é puro fogo. Puro fogo. Puro fogo.


 


Marisa Bueloni mora em Piracicaba,SP. Formada em Pedagogia e Orientação Educacional – marisabueloni@ig.com.br



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