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Artigo N.º 1926 - O SANGUE DO CORDEIRO - I - Beata Alexandrina de Balasar
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Postado em: 10/07/09 às 15:56:26 por: James
Categoria: Artigos
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“O QUE O MUNDO ERA
E O QUE VIRÁ A SER”

(1.ª Parte)


“O mundo levantou muralhas”


Acamada, Alexandrina continua a viver, todas as sextas-feiras, a dolorosa Paixão de Jesus, muitas vezes assolada pela aridez, pelo “deserto espiritual”, que é em si mesmo um sofrimento atroz:

Querer amar a Deus e nada sentir que prove aquele amor que a alma quer dar ao Senhor, não sentir o Seu amor, nem a mínima consolação espiritual:
Estar verdadeiramente no meio dum imenso deserto, sem saber para onde voltar-se, sem saber a quem de agarrar para não perecer.
As palavras que seguem exprimem bem os sentimentos da alma, o estado em que se encontrava então a Alexandrina...


« "Vivo, não vivo; estou no mundo, não estou?"
Não é, mas quase poderia ser uma pergunta contínua a mim mesma.
Todo o meu ser foi como que um sopro, que se espalhou no espaço.
Nada em mim tem vida nem valor.
Jesus ressuscitou. Em mim nada houve que ressuscitasse » [1].

Para melhor ainda confirmar este estado da sua alma, a “Doentinha de Balasar” prossegue, como acima já vimos, sentindo-se apenas ressuscitada para o mal, para ofender o Senhor seu Deus:

« Fiquei morta para a vida, para a Graça, para tudo quanto é do Senhor.
Só o pecado, só as maldades, crimes hediondos, esses nascem, esses ressuscitam em mim, de momento a momento ».


No mesmo Diário desse dia, ela escreve ainda, um pouco mais adiante, confirmando não somente o seu “deserto espiritual”, mas também as trevas em que então se encontra mergulhada a sua alma:

« O mundo levantou muralhas, com fortes grilhões, à volta de mim; não deixa que nesta morada haja luz, ou entre um raiozinho de sol.
Posso gemer, posso bradar, mas não sou ouvida ».

Desde há vinte e sete anos ― 14 de Abril de 1925 ― que a Alexandrina se encontra acamada. Vinte e sete anos de dolorosos sofrimentos, mas também vinte e sete anos de oferta total, de dom de si a Jesus, seu Divino Esposo, que sempre a acompanha, que sempre a encoraja e regularmente lhe oferece aquela gota de Sangue Divino; Sangue que lhe dá vida e que é o influxo necessário à Missão a ela confiada.

Com um amor indizível e uma vontade inquebrantável, ela nada recusa; tudo quer aceitar para a maior Glória do seu Amado e para a salvação das almas pecadoras, que tanto ofendem e fazem sofrer o Coração amante de Jesus.
Alexandrina parece ter sempre presentes aquelas palavras que outrora ouvira do Senhor: "Sofrer, Amar, Reparar".


“O meu coração fez-se pomba”


A Paixão que Alexandrina vive, começa regularmente na noite da quinta para a sexta-feira, noite em que ela vive o Horto, o Jardim das Oliveiras, à sombra das quais Jesus sofreu e suou sangue.

« Com os olhos fitos no Horto ― escreve Alexandrina ―, só o amava e por ele ansiava.
Era já de noite, o meu coração fez-se pomba, e o mundo uma pequenina bola.
Esta entrou toda dentro do coração. E a pombinha, com o bico enterrado na terra apodrecida, começou a remexê-la e a cortar pela raiz toda a árvore ruim e venenosa.
A bolinha do mundo foi tão amada e abraçada num abraço eterno!

« Porém, certas árvores não se deixaram destruir por completo. As suas raízes venenosas cresceram, estenderam-se.
E daí, vem para Jesus o suor de sangue, os açoites, a coroa de espinhos e a morte.
Mais ainda: Jesus não ia ter o Calvário dum só dia; ia tê-lo por muitos e muitos séculos.
Tudo isto se passou em mim, e eu tudo sofri com Jesus ».

Depois do Horto, o Calvário e a visão do todos os sofrimentos, não só os presentes e próximos, mas ainda aqueles de “muitos e muitos séculos”, como acima ela disse e abaixo vai confirmar:
“O que o mundo era, e o que viria a ser”.
Terrível visão esta, que nos interessa ao mais alto grau.

« No alto do Calvário, pousava-se a mesma pombinha nos braços da cruz, mudando-se ora para um, ora para outro; e de vez em quando dava-me com o biquinho como que uma injecção no coração.
O corpo sem sangue, já quase moribundo, a nada podia resistir; era aquela pombinha que me dava a vida.

« Eu via o que o mundo era, o que viria a ser.
Bradava tão profundamente, fazia estremecer toda a terra.
Ao entregar ao Pai o meu espírito, ao pronunciar a última palavra, ainda sentia aquele biquito a dar-me no coração o último retoque.
E expirei com aquela mesma vida ».


Logo a seguir, Jesus vem falar à Sua amada, vem queixar-se, como outrora o fizera junto de Santa Margarida Maria Alacoque:

― « Reparai e vede como sangra o Coração Divino de Jesus.
Reparai e ponderai, não pode deixar de sangrar.
Os crimes, os crimes, são o cúmulo das desordens e dos desvarios.
Quem é o ferido, quem é o ofendido?
É Jesus, só Jesus, minha filha.

« Minha filha, a tua vida não é vida inútil, nem de ilusões.
A tua vida foi e será a vida mais proveitosa, a vida de maior reparação.
Dá-Me a dor, dá-Me a dor, repara-Me, repara o Meu Eterno Pai.

« A tua prisão no leito é a Minha prisão no Sacrário.
Eu vivo para Me dar às almas, tu vives para as conduzires a Mim.
Como é bela, como é bela, como é encantadora a tua Missão, minha filha! »

É na verdade encantadora a Missão da Alexandrina; é uma missão raramente proposta por Jesus às outras almas vítimas.
Mas a Vítima de Balasar não busca elogios nem encantos: Só a Vontade do Senhor a encanta, só a vontade do Senhor alimenta e fortifica a sua alma, ateando nela a força e coragem para continuar.
Assim se exprime ela, respondendo ao seu Amado Jesus :

― « Não sei, não sei, meu Jesus. Não lhe vejo nenhuns encantos.
Eu quero viver para amar-Vos e reparar o Vosso Divino Coração, e não para encontrar ninguém.
Encanto sois Vós, encantos têm a Vossa Lei, a Vossa Doutrina, a Vossa Divina Vontade, meu Jesus.
Que mar, que mar agitadíssimo, meu Jesus! Que vida de dúvidas e de temores!
Duvido enganar-me e enganar. Temo ofender-Vos com o meu viver.
Ai, Jesus! Custa tanto viver assim! »
[2]



O medo de se enganar e enganar aqueles que a rodeiam, que dela se ocupam com tanto carinho, está sempre presentes no pensamento da Alexandrina, e muitas vezes, sente que deve exprimir esse medo, essas dúvidas a Jesus.
Como sempre, também o Senhor consola-a, convence-a da veracidade e da importância de tão sublime Missão, porque conhece bem o coração da Sua esposa e sabe quanto ele é “frágil”:

― « Minha filha, minha filha, encanto do Paraíso; tem sempre, sempre presente, a palavra "vítima", a tua entrega total ao Senhor.
Em tudo te assemelhas à verdadeira Vítima do Gólgota.
Faço-te saber e compreender o muito, a gravidade com que Eu sou ofendido, mas isso
[o sofrimento da Alexandrina] não é nada, em comparação com os crimes que se praticam.
O teu coração, tão frágil e tão sensível, não resistiria a tanta dor.
Não aguentavas com o sentimento a visão total das ofensas feitas ao teu Jesus, a quem tanto amas ».

Palavras para meditar, palavras que nos interpelam:
“Não aguentavas com o sentimento a visão total das ofensas feitas ao teu Jesus”.
E, pouco depois, Jesus diz-lhe, ainda:

― « Tu és, Minha filha, a violeta florida que aparece em toda a Vida de Jesus.
Adornas a Eucaristia, o Sacrário, a Cruz e o Meu Divino Coração.
A alma humilde é grande, é poderosa, alegra e consola a Jesus ».

A Humildade é, na verdade, uma das maiores virtudes, e Jesus faz muitas vezes a apologia desta virtude salutar, precisando bem que “a alma humilde é grande, é poderosa, alegra e consola a Jesus”.

― « Meu Jesus, meu Amor, mais uma vez me entrego a Vós, mas quero ir pela Mãezinha.
Mais uma vez me ofereço como vítima, mas pelos Seus Lábios.
Mais uma vez me submeto à Vossa Divina Vontade, mas sempre com Ela.
Quero viver com Ela, quero sofrer com Ela. Com Ela quero fazer a Vossa Divina Vontade e ser imolada como Vos aprouver.
Só agora, Jesus, só agora fizestes luz na minha alma. Estava com tanta escuridão e Vós faláveis-me de tão longe! »


“Parece que a gotinha de Sangue
caiu fora e não em mim”


Uma vez mais, depois tantas outras, a Alexandrina oferece-se a Jesus, oferece-se sem reservas:
Ela só deseja que em tudo a Vontade de Jesus se faça nela.

Jesus sabe que, se a vontade da Alexandrina é inquebrantável, as suas forças, mesmo se heróicas, não suportariam, como Ele mesmo o disse, “o sentimento e a visão total das ofensas feitas”, o que O leva a dar-lhe regularmente o alimento que a fortalece, que lhe dá vida à alma e ao corpo: a gota do Seu Divino Sangue.

― « És vítima, Minha filha; na escuridão vivem as almas pecadoras; longe estão elas, e muito longe, do Meu Divino Coração.
Longe, porque Me expulsaram; longe, porque Me perseguiram; longe, porque cruelmente Me crucificaram.
Vem receber a gota do Meu divino Sangue ».

Não podemos deixar de sorrir, respeitosamente, ao lermos a reacção da Alexandrina à chegada da gota do Sangue de Jesus.
As suas palavras, duma rara inocência e ingenuidade, são maravilhosas, e provam quanto ela era humilde, simples, honesta, e muito “familiarizada” com Jesus:

― « Ó Jesus, ó Jesus, ao unirdes ao meu o Vosso Divino Coração, parece que a gotinha do Sangue caiu fora, e não em mim ».

Não sabemos, claro está, se Jesus sorriu a esta pergunta inquieta da Alexandrina, mas Ele respondeu-lhe, explicando-lhe porque razão ela teve essa mesma sensação:
― « Não caiu, não, Minha filha, porque [o Meu Sangue] é a tua vida, é o teu alimento.
Sabes o que quer significar?
Sem o teu sofrimento, sem a tua imolação contínua, essa gota de Sangue era inútil para muitas, muitas almas.

« Essa gota, que significa todo o Meu Sangue derramado no Calvário, sem a tua imolação seria a perda de milhões e milhões de almas.
Tem coragem, fica na Cruz. Acode, acode ao mundo perdido, ao mundo desvairado.
Apaga com a tua dor o incêndio das paixões.
Coragem, coragem, que o Senhor é contigo! »
[3]

Quinze dias mais tarde, depois dela ter “vivido” a Paixão dolorosa, Jesus volta a confortá-la, volta a dar-lhe a gota do Seu Divino e Preciosíssimo Sangue, que “é Vida Divina, que é Graça Divina”, e diz-lhe:

― « Vem, vem então receber a gota do Meu Divino Sangue.
O Coração Divino de Jesus, unido ao da Sua vítima, formou um só Coração.
A gotinha do sangue correu. Levou para ti a Vida, a Vida Divina, a Graça Divina, o Amor Divino.
És forte, nada temas; tens contigo a Força Divina.
Onde está a Vida Divina, está a verdadeira Vida.
Onde está o Poder Supremo, está a vitória e o triunfo de todas as coisas »
[4].



Vítima pelos Sacerdotes


No dia seguinte, primeiro Sábado, Jesus faz à Sua vítima uma confidência dolorosa. Ela diz respeito às Almas consagradas, e sobretudo aos Sacerdotes, “os Seus representantes sobre a Terra”:

― « Os pecadores ferem-Me muitíssimo, mas os desertados aos milhares, milhares de almas consagradas, a Mim, ah, essas ferem-me muito mais ainda!
Nunca se pode esperar coisa boa dos grandes inimigos, mas quando as afrontas vêm dos amigos, as ofensas mais cruéis e dores mais pungentes, ah, então o coração sangra, sangra, não pode deixar de sangrar!

« E tu, que és a Minha vítima mais amada, não podes deixar de sofrer Comigo. Dá-Me a dor, dá-Me a dor.
Minha filha, és vítima do mundo, do mundo inteiro, mas és mais, muito mais, dos sacerdotes, que, às dezenas, às centenas, aos milhares, renovam a minha Sagrada Paixão »
[5].

Todos somos pecadores e todos cometemos faltas; todos beneficiamos da Misericórdia Divina.
Se o Senhor sente pelos Sacerdotes uma dor mais profunda, podemos facilmente compreendê-lo, visto que foi a eles que Ele deu o poder de “representação”, o poder de transformar o pão no Corpo de Cristo, e o vinho no Seu divino Sangue; mas não deixam por isso de ser homens, sujeitos às mesmas tentações, às mesmas faltas que cada um de nós.

Não devemos, pois, julgá-los, porque, pela medida que os julgarmos, seremos também julgados.
Não devemos nunca esquecer que a Misericórdia Divina é infinitamente maior do que o maior pecado, e que o arrependimento sincero atrai essa Misericórdia, como um íman atrai o metal.


“Tu és cofre riquíssimo”

 

Vinte dias depois, numa sexta-feira, e depois de ter vivido a Paixão, Alexandrina recebe a visita de Jesus, e ouve d’Ele estas palavras deliciosas, antes de receber a gota do Sangue Divino:

― « Tu és, Minha filha, mais que um depósito, tu és cofre riquíssimo, tu és tabernáculo do Rei do Céu.
É por ti que as almas são enriquecidas, é por ti que elas recebem a sua felicidade.

« Dei-te tudo, para que tudo lhes dês. Dá-Me, dá-Me a tua reparação.
É com ela, com os méritos da Minha Bendita Mãe, e da minha Santa Paixão, que Eu sustento o braço do Meu Eterno Pai.
Ele pende, pende, esmaga, quer cair sobre a terra culpada.
O mundo, pobre mundo!
O Portugal ingrato, ingrato e cruel!

« Vem, vem, Minha filha, recebe a gota do Meu Divino Sangue.
Uniu-se, uniu-se nas Minhas veias, o Sangue que trouxe do ventre da Minha Mãe.
O Sangue que te dá a vida, o Alimento que te faz viver.
É a força, é a vitória da tua cruz”.

― « Ó Jesus, com a gotinha do Vosso Sangue desapareceu a dor, desapareceu a noite.
Tem luz, tem vida, sente agora o meu coração.
Muito obrigada, Jesus. Estou mais forte! »
[6]

Mas logo o Senhor previne-a que depressa virá a noite, o sofrimento, a reparação, porque o mundo continua sem luz, continua nas trevas.
Alexandrina tem que continuar a sua Missão reparadora e redentora.

― « Foi para isso, filha querida, foi para que ficasses mais forte, que to dei.
Fica na Cruz. A dor vem já. A noite aparece.
Os crimes do mundo fazem a noite, roubam a luz ao Sol, o brilho às estrelas.
Fica na cruz, dá-Me a tua reparação. Dá-ma, dá-ma sempre, por bem pouco tempo ma darás.
Do Céu, continuarás a tua Missão, a missão para que foste escolhida, para que foste criada.
Fica na Cruz; pede sempre oração, penitência e emenda de vida.
Fica na cruz. Coragem! »

(Continua)



Fonte: O Sangue do Cordeiro



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