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Artigo N.º 3946 - As Visões de Fanny Moisseiva - O Inferno - Parte 2
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Postado em: 30/12/09 às 22:50:05 por: James
Categoria: Sonhos e Visões
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Espacojames: As Visões de Fanny Moisseiva - Em 1928, aconteceu um fato extraordinário com uma russa de nome Fanny Moisseiva, que sendo hospitalizada foi dada por morta. Ela só não foi enterrada, porque um médico amigo percebeu que a temperatura do corpo dela não baixava. E assim ela permaneceu por nove dias em profundo sono letárgico. Durante este tempo, ela foi levada a visitar, o Céu, o Purgatório, o Inferno, e ainda teve a visão do Fim do Mundo, da Vinda Gloriosa de Jesus e do Juízo Universal, e deles faz a descrição.


Segue a seqüência da visão do inferno, por Fanny Moisseieva.

Por todas as partes se fez um silêncio de túmulo. Satanás começou seu discurso que se ouvia distintamente em todos os ângulos do amplo salão: “– Eu vim para anunciar-vos novos tormentos”, disse, e sua voz se tornou ainda mais ameaçadora e estridente e seus olhos se acenderam ainda mais pelo ódio. “– Far-vos-ei sofrer tantas torturas que, em comparação com elas, as penas anteriores empalidecerão. Cada ano eles serão mais terríveis e assim será eternamente.”

Com um espantoso ruído se abriram detrás de suas costas as duas grandes asas negras. Que terrível era, imensamente terrível, o grande Satanás! Todos os seus demônios, ao ouvir-lhe prometer novas penas, estrondearam em risos de alegria. Os pecadores, pelo contrário, pressentindo os tormentos que lhes esperavam, se agacharam gemendo e chorando, enquanto as colunas de fogo brilharam com uma luz sangüínea, bem como se tornou sanguinolenta a estrela de cinco pontas colocada sobre o trono. Tudo se cobriu de vermelho.

Satanás se sentou novamente. Então vi que uma multidão de espíritos malignos se precipitar sobre a bela mulher de olhos negros, fazendo-a levantar a pontapés. Ela se pôs de pé como uma fera ferida e seus olhos relampejavam de ódio. Mas de improviso se direcionou sorrindo e com passo seguro, impressionantemente descarada, dirigiu-se até o trono, movendo os quadris, levantando seus seios alvos, ostentando sua graça e todo seu encanto pessoal. Mas Satanás riu com uma risada de zombaria e desprezo.

“– Na terra, você subjugava os homens com sua voz, com seus olhares, em uma palavra com seus encantos, e oferecia-lhes todas as alegrias da felicidade terrena: ouro e até o poder. Não deixava em paz aqueles que escolhia. Assegurava-lhes em seus cantos que ninguém a não ser você podia dar a felicidade plena. Desperdiçava o ouro e as riquezas sem se preocupar e se vangloriava de sua glória efêmera e do esplendor de seu palácio, e assim conseguia conquistar o coração que tinha escolhido. Mas depois saciada e indiferente, ordenava a morte sem piedade para aqueles que antes haviam sido seduzidos por você.”

Com um gesto da mão, Satanás chamou o mais nojento de todos os demônios e, apontando-lhe a pecadora, ordenou: “– Acaricie-o, beije-o e ame-o o quanto ele desejar. Vá com ele, eu não tenho necessidade de você. Mas eu gostaria muito de sentir o sabor de seus beijos e, para isso, aqui está meu pé.”

Ele ria, fazendo mover suas asas negras. Pálida, mordendo os lábios, a pecadora estava de pé sem mover-se, como uma estatua de mármore. Mas logo respondeu áspera e taxativamente: “– Nunca”, e em sua atitude orgulhosa estava belíssima. “–  Nunca? - perguntou Satanás, roxo de raiva - Mas você não sabe que minha vontade é capaz de domar qualquer orgulho?”

Vieram então os espíritos malignos que apanharam a pecadora e jogaram-na aos pés de Satanás e obrigaram-na a beijar-lhe o pé. Depois disto levantaram-na e levaram-na até a coluna ardente e apoiaram-na contra ela. Ficou negra pela dor insuportável e pelas queimaduras, mas seus olhos rebeldes, como antes, estavam fixos, terríveis em seu ódio, cheios de maldade, sobre Satanás.

Enquanto isso, alguns demônios que se encontravam junto ao trono agarraram os dois pecadores de má reputação, aquele calvo e aquele de traço polonês, e à força os arrastaram diante de Satanás e lançaram-nos aos seus pés. E olhando-os com um olhar irado e terrível, Satanás disse:

“– Vêem a todos estes milhares de pecadores que reuni aqui junto ao meu trono? Por minha vontade diante de vocês e deles passará agora uma parte de suas vidas de criminosos e eu verei de novo suas ações, e far-me-á gozar deste espetáculo como uma festa.”

Satanás fez um gesto e tudo ao redor ficou escuro. No fundo da sala apareceu um disco luminoso, como uma tela sobre a qual todos viram representada uma sangrenta batalha. Ouviu-se o estalido dos projéteis, o ruído das metralhadoras e o assobio das granadas. Viram-se regimentos com seus oficiais à frente, baterem-se com valentia sem igual. Viram-se cair os mortos e feridos e viu-se também como os soldados salvavam aos oficiais  e vice-versa, todos irmãos no ideal comum. E todos aqueles guerreiros pertenciam à mesma gloriosa terra à qual pertencia também o pecador calvo.

“– Eis aqui que se inicia o período de suas inumeráveis feitorias”, disse Satanás. Ouvindo-se estas palavras, o pecador calvo que se encontrava aos pés do trono, começou a gemer penosamente, e ao mesmo tempo sobre o disco branco apareceu seu rosto, já suplicante, já fechado, o rosto sobre o qual se refletia o espanto e o nascente triunfo; e ao redor dele tudo era escuridão semelhante a uma parede negra, impenetrável. Neste momento, a cena da batalha mudou rapidamente. Ouviram-se  novamente canhonaços e o ruído das metralhadoras. Depois apareceu uma praça sobre a qual se erguia um palácio todo de pedra vermelho-escura. No centro da praça surgia uma coluna alta e elegante sustentando a estátua de um anjo. Toda a praça estava cheia de uma multidão enfurecida que assaltava o palácio. E a cena mudou novamente: apareceram, solenes e maravilhosos, os salões do palácio. A plebe havia conseguido apoderar-se dele. Uma das salas tinha as portas defendidas por garotas: estavam armadas de fuzis e defendiam com desesperada coragem o palácio de seus soberanos. Entretanto, o povo conseguiu invadir todo o palácio.

Feras com uniformes de marinheiros ou soldados, com faixas ou cintos vermelhos e cintos para completar sua ostentação, foram e arrancaram os fuzis das fracas e delicadas mãos das heróicas jovens. Gritando e blasfemando alucinadamente, violaram até a morte às nobres heroínas. E sobre toda aquela orgia se ouviam gritos rudes que enalteciam a vitória conseguida: “– Viva a liberdade”. “Viva nosso líder.”

Vendo aqueles horrores e ouvindo aqueles gritos, o pecador calvo, prostrado aos pés de Satanás, chorou ainda mais tristemente. De novo tudo caiu na escuridão e sobre o fundo luminoso apareceu uma nova cena. Vi um grupo de prisioneiros, entre os quais se destacava uma mulher de alta estatura, de rosto altivo e maneiras nobres. Junto a ela se encontravam umas jovens e diante de todos, sentado numa cadeira, estava um homem de idade com um garoto de uns 14 anos sobre seus joelhos. Usava um simples uniforme de soldado, sem ombreiras, e calçava botas longas.

Senti-me atraída por seu olhar doce, tão suave e sonhador. Lembrei que já havia visto aquele olhar uma vez em outro lugar. Olhei melhor e vi e pareceu-me reconhecer meu imperador. De repente esta cena desapareceu de minha vista e vi uma pobre cabana no meio da qual estava de pé uma mulher magra como um esqueleto, vestida de trapos com o cabelo emaranhado e com olhos cheios de loucura. Aproximou-se tremendo do armário e do forno, procurando com as mãos trêmulas algo: naquele instante um menino gritou em seu berço e a mulher, rindo com uma gargalhada de louca, deu um salto até o berço, pegou o pequeno e, continuando a rir, estrangulou-o e lançou o pequeno cadáver em uma panela cheia de água fervendo que estava sobre o fogão. Fiquei profundamente aterrorizada por esta cena terrível, mas um sentimento inexplicável me fez compreender que aquela mulher era uma mãe canibal da Rússia faminta.

Aquela cena horripilante foi seguida por outra que representava as minas de carvão. Aqui vi as mesmas cenas que tinha observado um pouco antes no inferno. Velhos e jovens, de maneiras diferentes, mas com uma dor e uma tristeza infinitas em seus olhos, realizavam um trabalho inumano, eram forçados por golpes de chicotes e perseguidos por guardas robustos, cujas feições revelavam uma estúpida bestialidade. E de novo o mesmo sentimento me fez compreender aqueles desgraçados eram os melhores generais e oficiais russos, cuja culpa consistia em ter amado profundamente a sua Pátria, a Rússia.

Também esta cena desapareceu. Satanás estava sempre sentado no trono, enquanto que o pecador calvo, invadido pelo terror, apertava convulsivamente a cabeça entre as mãos, murmurando fracamente palavras sem sentido. “– Você viu o que você fez em sua vida?” O pecador calvo respondeu com voz muito baixa: “– Eu vi!” E Satanás, dirigindo-se de novo aos espíritos malignos, gritou furiosamente: “– Pegai-o e mantei-o junto a mim, enquanto eu julgarei aos que foram seus cúmplices na terra”.

Os demônios pegaram o pecador, lançaram-no por terra junto ao trono, depois se puseram a dançar furiosamente sobre seu corpo. O outro pecador, aquele de tipo polonês, abaixou a cabeça e fechou os olhos: seu rosto estava alterado pela dor, mas já não tinha forças para gritar nem para chorar. Satanás lhe disse: “– Levante a cabeça e olhe. Far-lhe-ei ver só uma cena que lhe fará lembrar todas as suas ações”.

Viu-se então uma rua comprida e ampla, mas tão comprida que parecia não ter fim. Por aquela rua caminhavam lentamente dezenas de milhares de homens, velhos e jovens, mulheres e crianças, homens de todas as condições e de todas as profissões, bispos e sacerdotes, generais e jovens oficiais, soldados e licenciados, operários e camponeses. Alguns tinham o peito perfurado pelas balas, outros a cabeça ferida, outros levavam ainda ao redor do seu pescoço a corda da forca. Todas estas sombras de mártires caminhavam sem pressa pela rua sem fim, em uma direção desconhecida.

Mas de repente ocorreu uma coisa extraordinária: todas aquelas sombras espantosas de assassinados se transformaram em um instante – vi-os vestidos com trajes brancos, leves, etéreos, e em suas mãos vi brilhar velas acesas. Sobre eles descia uma luz nova, azul, estranha. Suas terríveis feridas desapareciam e seus rostos serenos de novo emanavam o sentido de uma felicidade plena, de um bem-estar tão luminoso que parecia que a própria luz emanasse de seus corpos. Toda a rua foi enfeitada com flores de extraordinária beleza. E aquelas dezenas de milhares de assassinados iam, serenos e purificados, com os braços levantados para a luz deslumbrante que brilhava diante deles e chamava-os para si.

Depois desapareceu tudo outra vez e a tétrica festa de Satanás continuou. Ele disse: “– Tudo isto foi você quem causou com suas próprias mãos. Todos estes que você viu foram mortos por você, mas eles, por meio das torturas que você os fez sofrer, expiaram seus pecados e encontraram a beatificação, enquanto que se tivessem continuado vivendo, muitos entre eles teriam vindo parar em meu reino. Por tudo isto, minha vingança sem piedade os alcançará. Eis aqui que já se aproximam para vocês”.

E diante do trono desceu um monstro repugnante, provido de um grande número de tentáculos que se expandiam avidamente em todas as direções. O monstro, aproximando-se do pecador calvo e seu discípulo, pegou os dois com seus tentáculos e arrastou-os. Eles se agitavam, gemiam e lamentavam-se como duas moscas que estivessem presas entre as patas tenazes e impiedosas da aranha.

Todos os pecadores, com a respiração cortada estavam à espera do que lhes ia passar. Compreendiam perfeitamente que nenhum entre eles poderia escapar ao terrível castigo de Satanás e na espera, um terror secreto os paralisava. Nada mais parava o ruído produzido pela fuga do monstro, a bela mulher de cabelo vermelho se aproximou espontaneamente do trono e jogando para trás a cabeça flamejante, olhou para Satanás com seus olhos ardentes. Mas o olhar de Satanás estava cheio de ironia e com um sorriso de maldade lhe disse: “– Conheço sua mão terrena. Eras uma famosa cortesã cuja beleza e inteligência foram admiradas por velhos e jovens sem distinção. Eras riquíssima e para teu palácio vinha a mais alta aristocracia de sua época. Tinhas declarado sempre que não reconhecias outras coisas que as materiais e terrenas. A única ocupação de tua vida foi a libertinagem e experimentavas grande alegria em destruir a vida e a felicidade dos outros. Gostavas de subjugar a um homem e logo ser para ele como uma serpente. E então agora, por estes teus pecados, deverás arrastar-te como uma serpente ante meus demônios que não te abandonarão jamais. Eles te obrigarão a fazer o que eles gostam e nunca poderás rebelar-te.”

“– Tenha piedade de mim”, disse a beldade caindo de joelhos diante do trono e estendendo para Satanás, em um gesto desesperado, seus braços, pela primeira vez impotentes em sua beleza. Mas Satanás continuava rindo e a um sinal seu, uma multidão de demônios agarrou a mulher e, entre saltos e zombarias, arrastaram-na até a saída, deleitando-se com os sofrimentos que lhe causavam.

IV

Durante todo este tempo, o velho grisalho tinha estado à parte. Mas de todos os lugares chegavam os lamentos dos que tinham sido seduzidos por sua incredulidade e por sua falsa doutrina. Seu rosto se escurecia cada vez mais e cada vez se afundavam mais as rugas da testa. Era óbvio que estava pensando em coisas da maior gravidade. Depois sacudiu a cabeça aturdida como para retirar da mente cansada as contínuas meditações, os pensamentos e as lembranças penosas. Mas no inferno não existe o esquecimento do passado e dos próprios pecados.

Parecia que tivesse compreendido isto, com sua aguçada inteligência, porque inclinou a cabeça em uma expressão de desespero completo. Por seus olhos passou uma nuvem de tristeza: compreendia muito bem que devia responder por ele mesmo e também por aqueles que tinham sido extraviados por ele e por todo o povo.

Mas o que atemorizava o velho não era o castigo que lhe esperava. Todo seu horror consistia no fato de que, finalmente, agora lhe parecia claro como se tinha equivocado durante toda sua vida e como sua doutrina não tinha semeado mais que incredulidade e pecado em lugar de felicidade e amor. Nisto consistia seu drama íntimo e seus sofrimentos morais eram indescritíveis. Satanás o olhou com olhar imperativo. O velho levantou a cabeça e, sem a menor subserviência, mas com severidade e valentia, manteve o olhar em Satanás. Depois, com atrevimento, deu alguns passos adiante e pôs-se na frente do trono. Satanás continuava olhando-o em silêncio sem que por isso seu olhar insistente desse medo ao velho, que se atreveu a dirigir a Satanás uma pergunta: “– Assim é que você existe realmente”. E Satanás, com uma risada irônica, respondeu: “– Sim”. E o velho continuou: “– Mas, por que vive deste modo? Por que está sempre em meio a estas frias trevas e passa séculos inteiros em hostilidades vazias contra todo o Universo e envolve na mais profunda dor aos homens que lhe servem? Que necessidade tem de todos estes tormentos e deste diabólico ruído?”

A gente em silêncio conteve a respiração com a ânsia de saber o que ia acontecer. “– Por que não quer recomeçar o caminho reto, voltar a ser bom e terminar em um bom dia com todo o mal que faz?” Com o olhar fixo à distância, Satanás respondeu sombriamente: “– Porque fui amaldiçoado.”

Durante algum instante reinou um profundo silêncio. O velho estava meditando e o próprio Satanás esperava ouvir suas palavras. O velho continuou: “– Agora não somente creio que você existe realmente, mas também que você foi amaldiçoado. Para você estão apagadas todas as estrelas e em seu céu não há sol. Difamou a terra, conduzindo seus habitantes para o pecado. Que você quer fazer no futuro? Continuar destruindo ou bem criar algo novo e mais digno?”

O olhar de Satanás brilhou sinistramente pelo ódio e murmurou com voz que soava a ameaça: “– Enviarei ao mundo o Anticristo e ainda e sempre lutarei contra Aquele que me amaldiçoou!”

“– O Anticristo?”, perguntou assombrado o velho. “– Sim, o Anticristo”, exclamou Satanás. Seu olhar ficou ainda mais triste. Depois de uma pausa, Satanás continuou:

“– Virá o tempo em que em um lugar, que já tenho designado, viverá uma cortesã que terá uma filha ainda mais perversa do que ela. Ela há seu tempo parirá outra cortesã e assim durante onze gerações consecutivas. Na décima segunda geração, nascerá uma mulher que superará em depravação, perversidade e imoralidade todas as outras. Esta será a que porá no mundo aquele que deverá ser a perdição da humanidade inteira. Ele será o Anticristo. Nem se saberá quem é o pai porque será concebido em estado de embriaguez imunda. Desde seu nascimento, eu viverei nele e ele em mim. A mãe notará muitos sinais incompreensíveis no momento do nascimento, mas eu a induzirei ao silêncio”.

Será um homem de uma inteligência extraordinária, que superará em muito a inteligência de seus contemporâneos. Terá também uma vastíssima cultura. Quando alcançar a idade adulta, sentirá dentro de si uma desenfreada avidez de comando e encontrará o apoio de um povo que será seu predileto. Por-lhe-ei nas mãos, riquezas imensas, e por meio delas será grande e poderoso. E quando se desencadear uma grande guerra, na qual participará todo o mundo, o Anticristo participará nela em qualidade de simples oficial. Devido a suas capacidades, a sua bravura e coragem, ele fará em pouco tempo uma brilhantíssima carreira e ocupará os mais altos postos da hierarquia. Não conhecerá os fracassos e, conseguindo uma vitória atrás da outra, ganhará uma popularidade sem limites e infundirá em todos a simpatia e a confiança em sua pessoa.

Nenhum projétil poderá alcançá-lo nunca e as armas de todos os tipos lhe farão apenas sorrir. Em qualquer posto em que se encontre, será sinal seguro de que este posto não poderá ser tomado. Os barcos e os aviões que se encontrem ao seu comando terão a vitória segura.

Eu farei de maneira que a água, o fogo e os outros elementos da natureza lhe estejam submetidos. Vencerá e destruirá os poderes de todos os outros povos, de modo que ainda aumentará mais a admiração por ele entre as populações. Destronará reis, expulsará ditadores e presidentes e subjugará, por último, a todos os povos que se inclinarão diante de seu poderio e o reconhecerão por líder supremo. Reinará sobre todo o mundo e será o verdadeiro dono e senhor de toda a terra (São João 5, 43: “Eu vim em nome de Meu Pai e vocês não me receberam, se outro vier em seu próprio nome, a esse o receberão.”) E eu lhe darei o poder de operar milagres, de forma que o mundo acreditará que ele é o próprio Cristo (II Tessalonicenses 2, 9-10: “A vinda do ímpio vai acontecer graças ao poder de Satanás, com todo tipo de falsos milagres, sinais e prodígios, e com toda a sedução que a injustiça exerce sobre os que se perdem, por não se terem aberto ao amor da verdade, amor que os teria salvo.”) (4). Ainda sem compreender seus atos, não se atreverão a criticá-lo e assim, por meio dele, eu corromperei a todo o gênero humano, empurrando-o à busca de novos conceitos no campo da filosofia e colocando-os em contradição com a religião.

(4) Naturalmente que os textos bíblicos citados, o são pela autora e não por Lúcifer.

Destruiremos também todas as leis da moralidade e, através do escárnio, cultivaremos na terra o sacrilégio e a blasfêmia, faremos que ocorra toda classe de acontecimentos desagradáveis ao extremo. Em todas as partes criaremos um número incrível de obstáculos e envolveremos a todos os homens e a todas as mulheres na sede das mais refinadas depravações. Recolheremos deliciosos frutos nos campos do mal. Durante o reinado do Anticristo enviado por mim, meus servos fiéis assumirão formas tais que não deixarão supor que sejam demônios. Levarão a tentação às mentes e os homens perderão sua personalidade e sua capacidade de governar os próprios instintos. E deste modo o mal reinará.

Teremos que realizar muito esforço nesse período, porque cada invocação e cada oração dirigidas a Jesus Cristo serão suficientes para converter uma alma. Mas nós continuaremos sem trégua em nosso terrível avanço: criaremos uma vida absurda e brutal, destruiremos tudo e teremos constrangido a todos os povos entre nossas mãos. Destruiremos e devastaremos os templos, apagaremos todas as lâmpadas acesas em honra ao Altíssimo. Ó, como eu odeio aos que rezam nos templos! Odeio as Missas, as predicações e os cantos litúrgicos. Em meu reinado do Anticristo só haverá maldade e sofrimentos em tal quantidade, que desde que o mundo é mundo não se terá visto tanta. Então, em um excesso de dor e de louco desespero, os homens começarão, gemendo, a murmurar e culpar a Deus. Esta será a culminação de todos os meus desejos. Este será meu reinado, reino do mal e do ódio eternos”, assim gritava Satanás, flamejando com seus terríveis olhos.

O velho franziu a testa e seus olhos brilharam com uma estranha luz. “Nunca, nunca, você compreendeu?”, disse a Satanás em um impulso de impetuosa violência. “Nunca as trevas triunfarão sobre a luz. O mal não vencerá o bem. Estive errado durante toda a minha vida, mas agora creio com toda a alma e estou seguro que Jesus Cristo vencerá e lhe esmagará, a você que é o filho das eternas trevas”.(5)

(5) Estas palavras não são de arrependimento, mas simples constatação. No inferno não existe mais o arrependimento e milhões há que somente quando caíram lá é que entendem a verdade.

Ao ouvir estas palavras, Satanás, levantando-se, gritou furiosamente: “Por seu atrevimento, por sua incredulidade sobre o que lhe digo e pelas palavras insolentes que pronuncias aqui em meu reino, poderia fazer-lhe sofrer tais torturas como jamais se viram aqui no inferno. Mas deves saber que minhas leis, as leis do mal, são tão exatas como as leis do bem de Deus. Tudo o que eu disse acontecerá exatamente como eu lhe descrevi”.

Depois, indicando-lhe a sala com um amplo gesto da mão: “Olhe quantos pecadores estão aqui reunidos. Após a chegada do Anticristo, o seu número aumentará milhares de vezes. E eu já tenho desde agora inventadas uma quantidade incomensurável de novas torturas, de modo que cada pecador tenha a pena apropriada”.

Naquele instante junto ao velho apareceu uma figura negra, desordenada. Satanás se sentou. “– Não lhe farei sofrer nenhuma tortura física – continuou entre o mais completo silêncio da massa – porque compreendo perfeitamente que elas não seriam apropriadas para você, que não as mereceria. Eu não lhe deixarei em meu reino, mas lhe mandarei sobre a terra, colocando-o junto a um companheiro que lhe seguirá nas reuniões de seus sequazes. Você assistirá às suas reuniões e ouvirá seus discursos sacrílegos, escutará seus erros que você mesmo lhes inspirou e dos quais só agora você se arrependeu. Escutando seus erros, você tentará em vão dirigir-lhes pelo caminho reto fazendo-os esquecer sua falsa doutrina, mas sua voz não será ouvida e estará invisível e inatingível para eles. E seu castigo será tanto maior quanto que os seus esforços não darão nenhum resultado”.

Assim será durante um larguíssimo tempo. Depois lhe enviarei sobre um planeta, todo coberto de um mar eternamente tempestivo. No meio deste mar só há uma rocha alta sobre a qual passarão meus fiéis súditos transportando ao meu reino a todos os seus sequazes. Você estará sempre ali e verá continuamente como se enche meu reino graças a suas doutrinas. Vai!” e estendeu a mão com gesto imperativo.

O velho se virou silenciosamente e, sempre acompanhado da sombra negra, dirigiu-se até a saída sem pressa e dignamente, seguido do olhar atônito de todos aqueles que se encontravam no salão infernal. Apenas tinha desaparecido o velho, quando um pequeno e esperto demônio se aproximou saltando ao trono de Satanás. Colocou-se na mesma ponta e sussurrou ao ouvido de Satanás algo. E Satanás disse: “– Está bem”.

Como uma bola, o demônio rodou pela areia e dirigiu-se até o grupo de pecadores que se encontrava diante do trono. Com um gesto chamou os outros demônios e todos juntos se puseram a empurrar a multidão dos pecadores, gritando desmedidamente. Em poucos momentos, uma grande parte da arena estava completamente livre e então se ouviu por todas as partes um terrível ranger. Inumeráveis chamas brotaram do chão e saltaram ao alto, torcendo-se e entrelaçando-se. Milhares de estrelas coloridas e de globos ardentes voavam pelo ar. Tudo foi iluminado por uma luz tão forte que causava dano aos olhos. Todos os pecadores juntos entoaram um canto e entre uma estridência de assobios ensurdecedores, apareceu um corpo de baile composto de milhares de dançarinas. Todas estavam identicamente vestidas: uma túnica curtíssima feita de correias, enquanto as costas e os ombros nus estavam adornados de grinaldas de espinhos que lhes causavam dores insuportáveis, ferindo suas imagens incorpóreas a cada movimento. Cheias de tristeza, rodearam o trono de Satanás em um círculo multicolor, executando uma antiga e meticulosamente estudada e solene dança. Mas ainda querendo, era impossível compreender o significado destas complicadas figuras.

Na terra, elas haviam sido dançarinas que tinham perseguido somente os prazeres terrenos, esquecendo completamente a vida do espírito, esquecendo também que , depois da vida terrena, existe outra vida, a eterna, durante a qual se prestará conta de todos os pecados cometidos.

Depois apareceu uma centena de bailarinas de categoria superior. Eram as melhores bailarinas que o mundo havia tido e se encontravam ali por haver-se entregue demais ao pecado. Havia de todas as nações. Tinham o olhar triste e nos olhos e nas dobras da boca se escondia uma profunda amargura que dizia melhor que toda palavra o penoso que eram suas vidas. Não tinham, entretanto, esquecido sua arte e flutuavam, leves e graciosas, etéreas aparições tocando a arena apenas com a ponta dos pés, com o acompanhamento da música infernal. Algumas pareciam que se lembravam de seus êxitos passados e mantinham a cabeça erguida, enquanto outras, ao contrário, choravam resignadamente pensando nos belos dias felizes terminados para sempre. De vez em quando se detinham e tomavam formas, atitudes pitorescas e apáticas ante o trono do soberano das trevas, que as olhava sorrindo com um sorriso maligno, mas sem que seu rosto expressasse verdadeira alegria.

Riam junto com ele todos os demônios que se encontravam na sala, mas os pecadores, pelo contrário, estavam esgotados por todo o que tinham visto. Algumas bailarinas, sem forças por aquela dança ininterrupta, caíam exaustas no meio da arena, mas em seguida se lançavam em cima delas os demônios ferozes, golpeando-as nos rostos sempre em vão. Nenhuma oração, nenhum grito podia comover a Satanás, que não parava de rir. E seus servos, com novos ímpetos arrastavam as bailarinas, que soluçavam. De novo se formou ante o trono um espaço livre. Satanás, sempre tenebroso, disse em voz alta: “– Não há qualquer divertimento, sinto-me triste”. Como um furacão soou a terrível voz e ninguém pôde suportar seu olhar sinistro. Agitando suas enormes asas, levantou-se em toda sua estatura e em sua testa apareceram rugas. Ao redor dele zumbiam uma espécie de moscas para diverti-lo.

Então os espíritos do mal as empurraram à parte para deixar lugar a um coro que se aproximava. Mas ainda que o coro executasse cantos belíssimos, Satanás, submerso em quem sabe que tristes pensamentos, não prestou qualquer atenção ao mesmo, cujos cantos se extinguiam antes de chegar aos seus ouvidos.

Ele olhava um ponto indefinido do espaço. Os coristas, depois de ter emitido as últimas notas da canção, levantaram seus olhos em súplica para o tremendo Satanás, mas não receberam dele nenhum elogio, pelo contrário, flechas de fogo, aparecidas de improviso, fincaram-se em seus peitos. Entraram depois saltando bailarinas, malabaristas, palhaços e acrobatas, que executavam todo tipo de exercícios cômicos e prodigiosos. E minha atenção foi atraída especialmente por um palhacinho de cabelo vermelho, eriçado e todo emaranhado. Realizou toda classe de exercícios tentando fazer rir com trejeitos extraordinários e até então nunca vistos. Sua boca tentava esboçar um sorriso e todo seu ser tentava aparentar um aspecto alegre. Mas era evidente sua trágica situação e foi-me possível notar em seguida a dor íntima que o consumia. Me causou uma dó imensa. Mas também ele seguiu a sorte dos outros e foi conduzido para fora por um demônio cinzento.

Mas não havia alegria. O terror reinava pr todas as partes: milhões de seres cantavam e dançavam, mas em seus cantos se ouviam gemidos. Todo este espetáculo era tão estranho, terrível e feroz e mudava tão continuamente, que era difícil dar-se conta de todos os graus de terror que suscitava.

Depois vi voar seres estranhos, transparentes como se fossem tecidos com teia de aranha. Dos olhos emanava uma estranha luz verde. Flutuavam daqui para lá, buscando alguma alma para torturar e com seus mordiscos venenosos proporcionavam aos pecadores uma dor insuportável. Na sala, no entanto, os gritos dos pecadores continuavam ressoando, gritos de espanto, e seus rostos estavam transformados, mas para ele não pareciam suficientes estes sofrimentos e desejava desfrutar ainda mais.

Fez um gesto imperativo e seus olhos lançaram chamas. Todos os demônios que ocupavam a sala compreenderam em seguida o gesto e o olhar. Com prontidão se lançaram sobre os pecadores, segurando homens e mulheres e fazendo-os dar voltas em uma dança louca. Tudo ardia com uma luz deslumbrante. Os globos de fogo se haviam separado de seus apoios e, descendo, misturavam-se à multidão em redemoinho. Como ferro ardente, queimavam os corpos dos pecadores. Faíscas de muitas cores caíam por todas as partes, enquanto que chamas altíssimas, saídas das entranhas da terra, envolviam como serpentes sinuosas aos pecadores como se fossem fitas de fogo.

Eu estava literalmente ensurdecida por este caos de ruídos e gritos, e tudo começou a confundir-se e a girar ante meus olhos. De repente, através de alguma fenda invisível, começou a penetrar na sala uma fumaça sulfurosa, esverdeada, sufocante, que pouco a pouco encheu o salão, envolvendo tudo como na neblina. As luzes se escureceram e todo ruído parou: só se ouviu, naquela misteriosa escuridão, um estalido que fazia estremecer. Era Satanás que lentamente abria suas gigantescas asas negras. De golpe, com um assobio estridente, abriu-as totalmente e, como um pássaro fantasmagórico, levantou-se sobre os pecadores e os demônios que havia na sala. Entre a neblina verde pareceu-me descobrir as sombras dos demônios que continuavam perseguindo a suas vítimas, enquanto Satanás, voando soberbamente sobre tudo, triunfava rindo e emitindo palavras e frases cujo significado só ele compreendia.

Depois, pouco a pouco, a densa neblina clareou e pude ver nitidamente o que acontecia. Os pecadores, exaustos pelas incalculáveis torturas, já não puderam suportar mais, haviam-se rebelado contra os demônios e tinham começado a lutar com eles, que fora de si ocupavam-se em acabar com o tumulto entre horríveis palavrões. Venceram ao final os terríveis e impiedosos demônios e ouvi ressoar nas profundezas da enorme caverna seu relincho, com o qual expressavam seu menosprezo pelos pecadores. Deste modo Satanás celebrava sua festa anual. Mas minha mente se ofuscou e senti um zumbido incômodo na cabeça. Depois passou por meu lado um redemoinho e fui arrastada para fora por uma força desconhecida.

     Arnaldo escreve: Termina aqui este relato horripilante. Serve para que todos nós nos compenetremos da terrível realidade do inferno, destino eterno daqueles que se rebelam contra Deus, dos que fazem pouco caso da Justiça Divina, dos que não crêem que o demônio existe, e especialmente de todos aqueles que não fazem uso da divina misericórdia, rejeitando assim a graça e a salvação eterna de suas almas. Ele é o destino eterno dos orgulhosos, dos mentirosos, dos invejosos e de todos aqueles que amam ao pecado e ao mal. Não se trata de castigo demasiado forte e sim de rebeldia além do limite extremo. O inferno quem deseja é o homem mau! E ele o terá!

Arnaldo

Tradução livre de Maria, este o nome de uma professora universitária. Lembremos de nossa Mãe Maria Santíssima, o terror do inferno e apeguemo-nos nela.


Fonte: www.recadosaarao.com.br



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