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Artigo N.º 5452 - Mulher entende de futebol?
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Postado em: 16/06/10 às 18:12:15 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=5452
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Marisa Bueloni

Bem, amigos do Espaço James, bom dia. Ou boa tarde. Ou boa noite. Que pretensão a minha, achar que sou lida em todos os turnos da vida. É brincadeira, tá? Bem, amigos! Estamos em pleno mundial de 2010, essa Copa do Mundo meio “pasteurizada”, que não desce nem redonda nem quadrada, porque há muita coisa entalada em nossa brasileira garganta canarinho.


Deixa pra lá? Deixa. Apesar dos pesares, respeito Mestre Dunga, sua vasta e indiscutível experiência no futebol. Quem sou eu?

Comecei a me interessar por futebol aos 8 anos de idade, na Copa do Mundo da Suécia. Por que acompanhei esta Copa? Porque via meu pai grudado no rádio, com os olhos cheios de lágrimas. “O senhor tá chorando, pai?”. “É, mas de alegria”. Porque num domingo maravilhoso (a final foi num domingo?), fui brincar perto da casa de uns parentes que moravam próximos, e vi meus tios e primos festejarem feito uns loucos, em volta de um rádio ligado. Eles passavam por baixo da mesa, pulavam e se abraçavam.

Fui perguntar o que era aquilo e um dos meus primos, Antonio, me explicou. Ele teve a bondade, em meio àquela euforia toda, de me contar o que estava acontecendo. Voltei correndo para casa; meu pai ria e chorava. “Pai, eu sei o que é tudo isso, o Brasil ficou campeão do mundo, não é?”. Ele me abraçou, com uma alegria que poucas vezes vi em seus olhos.

Desde então, gosto de futebol. Porque o associei à alegria. Não vejo os jogos para admirar as pernas lindas dos jogadores - mas que são lindas, são. E também não acho que estão posando para uma foto no momento da barreira. Aprendi muita coisa perguntando ao meu lindo que, pacientemente, foi elucidando minhas dúvidas.

Houve um tempo em que comecei a escrever sobre futebol, aqui na imprensa da minha cidade. Recebia elogios e até algumas cartas. Uma vez, fiz uma campanha aberta para o São Paulo. Naquele ano, o amado clube paulista conquistara mais um lindo título para a sua carreira de glórias e, como não havia ainda o e-mail, os tricolores ligavam, ou escreviam para me cumprimentar.  Lembro que o escritor Afonso Romano de Sant´Anna me mandou um belo livro que versava sobre futebol. Onde foi parar este livro, meu Deus?

Se na Copa da Suécia eu tinha 8 anos, na de 62 – foi no Chile -, eu tinha 12 e então Didi, Garrincha e Pelé eram os ídolos de uma nação apaixonada. Em 66, com 16 anos, ouvi do diretor da Escola Normal, onde eu estudava para ser professora: “Amem o nosso país. Ele é lindo. As pessoas que foram para a Copa na Inglaterra nos contam que lá é frio, cheio de neblina e tem um ar triste.” A classe queria ouvir mais, porém ele encerrou aí. Afinal, aquele ano fora terrível para a nossa seleção. Mas já éramos as garotas que amavam os Beatles e os Rolling Stones.

Veio a Copa de 70 no México, eu fazia faculdade, lecionava em escola de zona rural, e havia uma explosão de ufanismo no ar. Para quem, timidamente, já gostava de futebol, foi um prato cheio. Contudo, não sou aquela torcedora brasileira de 4 em 4 anos. Desde menina, torcia pelo glorioso XV de Novembro de Piracicaba, vendo a paixão do meu pai pelo “Nhô Quim”. Nos meus tempos de namoro, me apaixonei pelo torcedor sãopaulino com quem me casei e também pelo time que ele amava. Ah, quantos jogos emocionantes, tricolor paulista! As decisões nos pênaltis, quanto sofrimento!... Futebol é apaixonante, é de chorar.

Então. Será que mulher entende de futebol? Acredito que sim. Aposto em todas as mulheres que dizem gostar e entender as regras do nobre esporte bretão. E aí começam as controvérsias. Há quem afirme que o futebol se originou na China, outros dizem que foi no Japão. Mas acho que ele se encantou mesmo foi pelo Brasil.

Há pouco tempo, numa troca de e-mails com um amigo, ele pediu, assim, rápido, que eu escrevesse sobre a regra do impedimento, sem procurar no Google. Respondi o e-mail na hora. Mas ele não aceitou, fez algumas elucubrações eruditas sobre a “geometria” do impedimento, o tal “tempo futuro”, a contar do lançamento da bola até o atacante lá na frente, e ainda respondeu que não entendo nada de futebol...

Paciência. Homem sempre acha que mulher não entende nada mesmo. De futebol. E eu, só de raiva (mentira) respondi que, se para ele era uma questão de “geometria”, para mim era um mero detalhe técnico. Enfim, a regra número 11 - a do impedimento - confere à partida uma certa disciplina. Embora nem sempre seja aplicada com retidão pelo árbitro – que pode cometer muitos enganos, anular gols legítimos, marcar impedimento quando há condições legais de jogo.

Dizia o meu lindo que aí reside a beleza e a graça do futebol. Nos erros da arbitragem, no ângulo de visão do árbitro, que não consegue ser onipresente no gramado, anulando gols, dando faltas demais, marcando pênaltis duvidosos, expulsando injustamente. Se colocarem um chip na bola, o futebol perderá a graça. Não pode haver esse detalhamento de falhas em busca da precisão: é vital para o nobre esporte que o homem imponente de calção preto desempenhe o seu limitado papel humano, para o bem ou para o mal, e tome atitudes equivocadas. Aí está tudo certo.

Aproveito este final de texto para prestar minha homenagem a um dos mais notáveis árbitros na história do futebol, considerado um dos maiores em campo: Armando Marques. Polêmico, rigoroso, folclórico e tremendamente respeitado. Cometia os seus erros e os admitia mesmo publicamente, sem jamais perder o brilho de sua atuação inconfundível.

Mulheres que gostam e entendem de futebol, uni-vos!

De resto, pra frente, Brasil! Salve a seleção! E seja o que Deus quiser.

 



Marisa Bueloni mora em Piracicaba, SP, é formada em Pedagogia e Orientação Educacional – marisabueloni@ig.com.br



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