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Listar Marisa Bueloni




Artigo N.º 7326 - Nunca antes...
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Visto: 3474
Postado em: 20/02/11 às 16:05:20 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=7326
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(Marisa Bueloni)


... choveu tão forte. Aqui no Campestre tem caído uma chuva atípica, com ventos que lembram um mini-tufão, uma ventania que uiva em nossos ouvidos como lobos voadores pelos ares. Pego uma folhinha seca da palma benta no Domingo de Ramos, que está atrás do quadro de Nosso Senhor Jesus Cristo, e chamo: “Santa Bárbara, rogai por nós!”.


... houve tanta inundação e enchente nos grandes centros. Os rios que cortam as cidades se tornaram depósitos de lixo e por aí vai. O discurso é velho, dá até preguiça de escrever sobre. Enfim, nossa ecológica alma não cessa de lutar. E luta, mal rompe a manhã. Maldito vício.

... muitos enganaram tantos. Mas será que houve engano mesmo? Ou foi um tiro errado dado pela história? Vinte anos no poder? Mas essa não era a meta da Revolução? Não, mulher, você tá fazendo conta errada. Volta para trás, começa lá de 31 de março de 1964. Volto não. Isso me dá um medo, um terror apocalíptico. Esquece. Mas eu jamais vou me esquecer de que, quando Jânio renunciou, eu tinha 11 anos e ouvi a notícia no rádio, ao lado de minha mãe. Que largou o que estava fazendo e foi correndo avisar meu pai.

... a propaganda se viu tão livre, leve e solta para fazer você comprar o que você jamais compraria. Vamos todos voltar a ser inteligentes e começar o tal “passeio socrático” pelos shoppings e lojas da vida para afirmar, entusiasticamente: “Ó, quanta coisa à venda! Sim, estou vendo! Quantas vitrines mostrando tudo aquilo de que eu não preciso para viver”.

... cada um tem feito o que dá na telha e acaba dando certo. Caramba! Parece não ter mais fim essa contradição, em que os que se mataram de estudar estão por aí, ganhando a vida com uma carrocinha de cachorro-quente, enquanto os que flautearam até ontem estão ganhando rios de dinheiro, Deus sabe como.

... a miséria foi tão dolorosa. Há uns 15 anos, havia 32 milhões de indigentes em nosso País, segundo comprovadas estatísticas. Hoje, são uns 20 milhões que não conseguem deixar a linha da pobreza. A questão social é premente e, segundo o Evangelho, “pobres sempre tereis no meio de vós”. Isso significa que o homem é um animal racional da pior espécie, egoísta e mesquinho até a medula, que não sabe repartir com o próximo. Se o ser humano praticasse o amor, o altruísmo, a partilha e a solidariedade, não haveria fome e desgraça neste País.

... se vendeu tanto carro. O bicho é caro pra burro, mas todo mundo quer ter o seu. As vias de trânsito estão entupidas de automóveis. Mais um pouco e todos estarão entalados numa fila sem sentido e sem saída. Haverá sua compensação. De dentro dos carros, um motorista começará a puxar prosa com o outro, uma vez que o engarrafamento colossal será eterno. E descobrirão que a fraternidade pode tornar o mundo melhor. Cada um sairá andando a pé, abraçado ao outro, rumo a uma luz nunca antes vista, nem em nenhum outro lugar no mundo.

... as pessoas expuseram sua vida íntima com tanto estardalhaço. É uma pena. Ah, o “mistério” – um encanto que jamais deixa de ser interessante e maravilhoso, se alguém quer ser sucesso de verdade. Não mostrem tudo, gente! Guardem um pouco. Saibam dosar essa exposição, andem um pouco mais vestidos, rebolem menos, contem menos de suas aventuras sexuais e serão mais respeitados e admirados. Além de passar uma imagem de educação, elegância e integridade. (Sou muito ultrapassada?).

... houve tanta morte e truculência, tanta mulher assassinada pelo marido, pelo companheiro, pelo namorado, pelo ex. Nunca houve tanto abuso de menores, tantas crianças mortas por espancamento dentro de suas casas, vítimas de pais, padrastos ou parentes próximos. Às vezes, são jogadas pela janela do apartamento. Às vezes, os responsáveis vão para a cadeia.

... o amor e a esperança fizeram tanta falta! Ah, Deus que mundo árido e ferido! Como precisamos de refrigério, de luz e de paz! Como as avenidas duras e ardentes precisam de água e sombra! Como a cidades necessitam de uma transformação urbana, que faça delas locais fecundos e acolhedores! Como todos precisam de descanso, de uma rede preguiçosa pra deitar.

... estar vivo foi tão assustador e perigoso. Pelo amor de Deus, respeite o morto e seus parentes e, nos velórios da vida, não diga que “basta estar vivo para morrer”. Não use esta frase pouco inteligente ou pouco sensata. Uma vez, meu marido a disse e eu dei um cutucão nele. “Que foi, bem?”. “Depois te falo”, rosnei.

... o sol pareceu tão quente; a lua tão distante; as paredes tão frágeis; o solo tão inseguro; as panelas tão pouco reluzentes; a comida tão insossa... Por que, meu Deus? Onde está o tempero da vida? Onde está nosso porto seguro, aquele ao qual nos agarrávamos tão cheios de fé e esperança até ontem mesmo?

... vimos uma catástrofe tão aterradora como a da região serrana do Rio. Se pensar bem, vimos sim. Vimos outras tragédias, muitas delas. Muitas. Só que nossos olhos vão se acostumando, anestesiados pela rotina dos acontecimentos, sobretudo porque se passam longe, muito longe de nós. Até o dia em que as lágrimas baterem na soleira da nossa própria porta. E do nosso coração.

... sentimos tanta necessidade de estar junto, de estar perto, de dar um abraço e de estender nossas mãos. Nunca precisamos tanto beijar nossos filhos e netos e dizer-lhes, olhando em seus olhos, que os amamos de todo o nosso coração! Ah, bendita atitude de amor! Ela ainda salvará a humanidade.

... desejei tanto falar com você, meu amigo leitor. Que aperto no peito quando escrevo esta crônica semanal! Você não tem noção. Vontade de dizer que gosto demais de você, meu leitor, minha leitora. Posso? É bom demais nos encontrarmos aqui, no site da vida – só por um momento, eu sei. Mas é tão grandioso! Espero que faça tão bem a você como faz a mim. E toca o barco, como se diz aqui em Pira. Toca o barco, gente linda. Pergunto a vocês que são sábios: tem outro jeito?




Marisa Bueloni mora em Piracicaba, é formada em Pedagogia e Orientação Educacional – marisabueloni@ig.com.br



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