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Artigo N.º 8534 - Obra de arte
Artigo visto 3478




Visto: 3478
Postado em: 24/08/11 às 16:40:10 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=8534
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(Marisa Bueloni)


Pegou-me, especialmente, a tal da obra de arte. “Pegou-me” é muito feio, literariamente falando. Ou escrevendo. Diria que a coisa anda me inquietando, sobretudo à noite, que é quando minha alma vaga pelos rumos insondáveis do pensamento e do assombro.


Tenho mais tempo para mim agora, sem os 1.200 m2 de chão para cuidar, zelar, manter maravilhoso. Agora, numa casinha menor e mais prática, ouço música. Leio. Rezo. Medito. Vejo filmes – ah, Deus Pai, ver um bom filme na tevê, deitada quietinha no sofá. Esta semana, revi “As pontes de Madison”. Acho Merryl Streep uma grande atriz e presto atenção nos diálogos – que são delicados e perfeitos.

Uma obra de arte tem de ser perfeita. Ou não? Uma vez li um texto belíssimo, com a seguinte conclusão: nada está acabado, tudo está por concluir. Não existe questão fechada. Mesmo uma obra de arte poderia ser retocada, se fosse o caso... Um quadro, uma pintura pode ser modificada com uma leve pincelada... Mais luz aqui... Mais sombra ali...

Tudo conspira à universalidade. E neste conceito de latência universal, tudo está aberto e em pleno andamento. Teilhard de Chardin, grande filósofo e teólogo, ficou conhecido por sua tese de que a Criação ainda está se realizando, dia a dia. Haveria uma constante e profunda revolução ocorrendo no cosmo. E quando penso nisso, sei que todos nós – eu e você, meu anjo – estamos também nos “processando”, nesta feitura diária de todas as coisas.

Ó, todas as coisas! Que impressão me causam! Estariam latentes e belas, aqui e ali, o tempo todo, sem que as vejamos? E isso é doloroso, a partir do momento em que nascemos. Queremos tomar posse de tudo – estou certa? No entanto, nada nos pertence. Tudo vem do Criador do céu e da terra.

Dia destes, numa situação complicadíssima, ouvi isso: “A gente nasce peladinho e limpinho; e é assim, limpinhos, que temos de voltar para o Pai”. Penso dia e noite nesta “limpeza”. Como é ser limpo de corpo e de alma, meu Deus? Como a gente se suja, às vezes, com um simples pensamento; com um julgamento indevido; com a poluição terrível do mundo à nossa volta!

Na universalidade de tudo o que está por concluir, incluo a minha tal obra de arte. Pobre de mim! Assim, dou a mim mesma a merecida trégua. Abandono a sofreguidão de perseguir esta massa etérea e absolutamente abstrata que jamais executarei com minhas próprias mãos. Quieta, Marisa. Sossega, leão!

Que bom. Não preciso mais me preocupar. Se tudo ainda está em curso – a Criação também – eu vou relaxar um pouco na minha cadeira de tomar sol lá no terraço e deixar a vida me levar, feito o Zeca Pagodinho. Vai a risadinha? Hi hi hi...

Sossegai todos vós. Há coisas que podemos e devemos fazer, porque compete a nós tão somente, e é imperioso tomar determinadas decisões. Cada um sabe quais são e que peso elas têm. No entanto, quedo-me ante a perplexidade do que não se tem como mudar, transformar, restando admitir nossa pequenez diante da Criação e do universo.

Uma obra de arte. Não vou mais persegui-la. Vou pegar meu terço e rezar. Se o ofereço às almas do Purgatório, darei alívio a elas. Se o ofereço pela paz do mundo, posso deter um conflito tribal na África e impedir um banho de sangue. Se o ofereço para os doentes e para os que sofrem, talvez, quem sabe, alguém alcance a cura tão almejada...

Conheço o poder da oração, pois já o provei em mim mesma. Sei do valor do rosário, da santa missa, das penitências, dos oferecimentos – em circunstâncias em que nada mais teria efeito. Às vezes, uma imposição de mãos feita com fé apostólica pode curar mais do que remédios e tratamentos caríssimos.

Ah, quanta gente doente há no mundo, meu Deus! Quantas mulheres andando de turbante, por causa da quimioterapia! Quantos sofredores com os olhos injetados de pranto, e de outras coisas, buscando alívio para suas penas. E quando padre Edvaldo passa em meio ao povo, elevando o Santíssimo Sacramento, preciso me segurar no banco para não levitar.

Sossega, pobre peito. Deixa as florzinhas brotarem da terra. Deixa o sol nascer todos os dias. Um dia de cada vez. Deixa teu físico se recuperar de todas as cirurgias. Deixa a respiração taoista fluir nos pulmões, no sangue, nas vértebras. Que teu coração ame cada vez mais e teu corpo se encha de saúde e de paz. Uma obra de arte. Amém.

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Marisa Bueloni mora em Piracicaba, é formada em Pedagogia e Orientação Educacional – marisabueloni@ig.com.br




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