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Artigo N.º 6844 - Surge uma Igreja, nasce uma cidade
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Postado em: 13/12/10 às 19:17:06 por: James
Categoria: Nossas Igrejas
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Enviado ao Espacojames por: Eva Lurdes Bongalhardo/ Arroio Grande

O núcleo urbano mais primitivo de Arroio Grande teve como centro a Igreja e seu jardim (hoje Praça Maneca Maciel) a exemplo da maioria das cidades brasileiras. A primeira Igreja e seu jardim se localizaram onde hoje está a Igreja Matriz e a Praça Maneca Maciel.

Ainda, como referência o relato do Padre Neves: - "Nos primórdios do século passado (1803) surgiu a idéia entre as famílias dos Souza e dos Ferreira de se construir uma igrejinha nestas plajas. E surgiu também uma divergência. Os Ferreira queriam a igreja do outro lado do arroio, e os Souza deste onde atualmente se encontra. Recorreram ao Padre Thomaz para resolver a contenda. E ele recorreu a uma sentença salomônica, onde se fizesse primeiro uma igreja, em que se pudesse rezar uma missa aí ficaria ela definitivamente. [Nesse tempo tudo aqui era uma enorme estância de gado com muitas famílias e muitos agregados.]

Os de lá começaram logo a construir uma capela de material, cujos vestígios de alicerces ainda devem existir. [Até poucos anos atrás existiam os alicerces de pedra no local Chácara do Dr. Paulo Carriconde no Bairro Promorar.] Os de cá, aparentemente, nada faziam. Um dos Souza, Manuel de Souza Gusmão (neto de Manuel Jerônimo de Souza) era casado com Dona Maria Pereira das Neves (descendente de Francisco Soares Louzada), cuja família morava 12 quilômetros mais abaixo, na mesma margem do arroio Grande, e lá, às escondidas, o carpinteiro João Ferreira construía uma igrejinha de madeira sobre rodas. [Havia naquele tempo duas famílias Ferreira, a dos ricos que já foi mencionada, e a dos pobres, a que pertencia o construtor da primeira Igreja do Arroio Grande. Era ele pai de 14 filhos, 5 mulheres e 9 homens. Os rapazes tinham todos o mesmo oficio do pai. Ainda hoje aquela propriedade pertence aos dependentes do primitivo dono. Lá existe em pleno uso, feitos naqueles tempos, em madeira de mato, com ferramentas rudimentares, uma mesa de varanda e um banco tipo sofá. Por esses móveis, vê-se a perfeição com que trabalhavam esses carpinteiros e conclui-se que a capelinha, não obstante a pressa, poderia ter sido muito bem trabalhada.]

Esboço da Capela de
Nossa Senhora da Graça
 





:: A história continua...



Imagem de Nossa Senhora das Graças em monumento
na Praça Central


Em 1815 a capela de Nossa Senhora da Graça foi erguida canonicamente e foi confirmada pelo Rei D. João VI no ano de 1821 ficando filiada à Paróquia do Espírito Santo de Jaguarão.

Em 1822, a Capela de Nossa Senhora da Graça foi elevada à categoria de Capela curada, isto é, com direito a um Cura (Vigário). Seus limites eram os mesmos do município de Arroio Grande, até a emancipação de Pedro Osório. [Na época do Império, devido a forma de governo adotada, a Igreja e o Estado eram unidos, isto é, um interferia nos assuntos do outro. Para fins administrativos o Governo usava a mesma forma de administração adotada pela Igreja. A separação da Igreja e do Estado só se efetivou com a Proclamação da República.]

Em 1826, o vigário de Jaguarão benzeu a nova capela de pedra que deu origem a atual Igreja Matriz. Em 1846, o curato de Nossa Senhora da Graça foi elevado à categoria de freguesia (Paróquia) e designado o sacerdote Luiz Lourenço Carvalho Chaves para seu cura. Como freguesia passou a ter o direito de eleger cinco representantes que elegiam três Deputados Provinciais. Nessa época o Arroio Grande era o 2° Distrito de Jaguarão

 Uma vez terminada, não foi difícil uni-la aos bois e transportá-la, à noite, por uma estrada naturalmente plana. E, numa radiosa manhã de 1803 [Entende-se que não havia ainda sido doado o terreno para a construção da capela. Apenas ela começou a existir antes da doação do mesmo, e com ela o início do povoamento, por isso ele data de 1803.], ao amanhecer o dia, estava a igrejinha de Nossa Senhora da Graça, no seu lugar e o sino alegremente bimbalhando, chamando para a missa.

O Padre Thomaz Pereira Machado avisado de antemão, rezou a primeira missa no Arroio Grande. [Num livro do "Tombo" existente no arquivo da Cúria Diocesana lê se que o Presidente da Irmandade Nossa Senhora da Graça, Máximo Pereira Machado, vendeu por três mil e quinhentos réis o sino rachado da figueira. Por essa nota conclui-se que uma figueira brava serviu de torre a primeira igrejinha.]

Por isso, é dito e afirmado, que o Padre Thomaz foi o principal responsável pelo início do povoamento urbano (cidade). [Padre Thomaz, rezou muitas missas na capelinha quinchada de sapé, que visitava todos os pontos do interior pregando o Evangelho, batizando e abençoando casamentos. Era muito estimado, morreu aqui e foi enterrado no cemitério, onde hoje fica a Praça de Esportes Getúlio Vargas - enfrente ao Instituto Aimone. Quando houve a transferência dos restos mortais do Padre Thomaz do cemitério velho para o novo (atual), em 24 de junho de 1874, a Câmara, em corporação, assistiu ao ato junto com toda a população prestando uma homenagem solene a tão ilustre cidadão. Seu túmulo está ao lado do jazigo da Família do Padre Neves.]

O orago da capela ficou sendo Nossa Senhora da Graça, com sua festa no dia 8 de dezembro, portanto Nossa Senhora da Graça Conceição Imaculada. Hoje, a imagem da Padroeira que está no altar-mor da Igreja Matriz e na coluna ao centro da Praça Maneca Maciel não é a da Padroeira, é a de Nossa Senhora das Graças. Naquele tempo o título e imagem de Nossa Senhora das Graças nem existiam na Igreja Católica. (Notas do Padre Neves).

A verdadeira imagem da Padroeira está no alto do altar-mor da Igreja Matriz, uma pequena e valiosa imagem esculpida em madeira.

A Promessa

Em 1812, apesar de já existir a pequena capela de madeira, Manuel de Souza Gusmão e sua esposa Maria Pereira das Neves (da família do Padre Neves) doaram uma grande área de suas terras para ser aforada (vendido, doado...), e as esmolas, que desses aforamentos se obtivessem, seriam empregados nas obras da igreja de Nossa Senhora da Graça, conforme se lê na escritura do terreno a qual só foi feito definitivamente em 1826. A administração desse terreno, que corresponde as quadras em volta da Igreja, coube à Irmandade Nossa Senhora da Graça. Com esses e outros auxílios foi possível construir-se uma nova igreja de pedra.

A doação teria sido feita em pagamento de uma promessa a Nossa Senhora da Graça em dia de grande angústia na família Souza Gusmão. Um filho do casal, com 14 anos, ao passar o arroio cheio, caiu nas águas correntosas, sendo encontrado semimorto 3 dias mais tarde enredado em umas "unhas-de-gato" (vegetação abundante ao longo do arroio Grande), apenas com a cabeça fora dágua. Socorrido, voltou a si e salvou-se. Sua mãe atribuiu o fato à promessa que havia feito para Nossa Senhora da Graça que se "o encontrasse com vida doaria o terreno para construção da capela definitiva". Não há um documento que possa comprovar cientificamente o fato, mas o certo é que a cidade surgiu em cima desse terreno, havendo a escritura de doação. A partir do início da Igreja, em torno dela começam a surgir casas e até algumas ruas. Em 1827 o casal Manuel de Souza Gusmão e Dona Maria Pereira das Neves fazem a escritura definitiva do terreno doado nos seguintes termos (cópia fiel da escritura):

"Dizendo nós Manuel de Souza Gusmão, e minha mulher Maria Pereira das Neves, que sendo senhores possuidores de um pedaço de campo cito na margem oriental do Arroio Grande, fizemos de uma parte deste dito campo doação a Nossa Senhora da Graça, para efeito de se fundar nele uma Igreja e Povoação, ficando-nos a obrigação de passarmos os competentes títulos, a todos os moradores que quiserem edificar suas casas, devendo contudo pertencer a esmola que cada um desse a Nossa Senhora a beneficio de suas obras. Pelo que tendo Thomaz Miz de Freitas tirado um terreno na mesma Povoação, com setenta palmos de frente ao Oeste, e fundos competentes, ficando esse terreno com frente para a Praça na esquina de frente à casa e terreno de José de Freitas Guimaraens, e pelo dito terreno deu a esmola de doze mil e oitocentos réis, poderá gozá-lo e desfrutá-lo como seu legítimo proprietário e dono, sem que nós ou pessoa alguma mais embargá-lo em nenhum tempo, ficando obrigado a pagar a competente Siza (imposto de transmissão); e por não haver tabelião no lugar, pedimos a Gaspar Coelho Leal, que este por nós fizesse, que valerá como se fosse passado em pública forma e por não sabermos ler nem escrever pedimos a Manuel Pereira da Silva, e Antonio de Souza Coelho, que ele a nossos rógos assinassem. Arroio Grande, 24 de agosto de 1827 (seguem-se as assinaturas de praxe).

Até 1899 as medidas dos terrenos eram consignados em palmos, a partir desse ano os registros passaram a ser feitos em metros. A partir dessa Escritura cria-se a Irmandade Nossa Senhora da Graça para administrar a venda e doação dos terrenos. Na época a importância paga pelo adquirente chamava-se esmola, assim toda renda obtida pela venda dos terrenos deveria ser revertida para a construção da Igreja em honra de Nossa Senhora da Graça. Isso foi feito e até poucos anos atrás a Prefeitura pagava a luz da Igreja Matriz por conta da ocupação, ainda, de uns terrenos à margem do arroio onde havia uma olaria da Prefeitura. A Irmandade Nossa Senhora da Graça torna-se a primeira "Imobiliária" de Arroio Grande. Inicia-se assim a urbanização definitiva da cidade. No século XIX a municipalidade para ampliar a área habitacional precisava comprar os terrenos da Irmandade ou pedir licença a ela para construir.

Foto Atual




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