Do diário do Padre Agostinho, o qual foi um dos diretores espirituais do Padre Pio, soube que o Padre Pio, desde 1892 quando tinha apenas cinco anos, viveu já suas primeiras experiências místicas espirituais. Os êxtases e as aparições foram freqüentes, e já começava a sua luta contra o demônio, que também tornou-se freqüentemente visível, de modo obsessivo e assustador. Mas para ele pareciam serem absolutamente normais pensando que fosse um acontecimento comum a todos, não falava sobre eles.
Foi um menino muito sensível e espiritual, calado, diferente e tímido, muitos dizem que a tão pouca idade já mostrava sinais de uma profunda espiritualidade. Era piedoso, permanecia longas horas na Igreja depois da missa. Pedia ao sacristão para que lhe permitisse visitar ao Senhor na Eucaristia, nos momentos nos quais a Igreja permanecia fechada.
As aparições eram do Anjo da Guarda, do Senhor, de Maria, e até outros; os demônios, geralmente, apareciam sob formas bestiais, pavorosas e ameaçadoras. Esse tormento, embora significativo, da aparição dos demônios e o conforto das aparições divinas foi uma característica quase cotidiana para Padre Pio, pelo menos até o desaparecimento dos estigmas.
Mas seu pai, percebendo sua inteligência e seu desejo, forçou-o a estudar. Aos quinze anos havia terminado o terceiro colegial; já havia decidido ser sacerdote e, tinha decidido também entrar nos “frades com barba”, porque era admirador do bom frade Camillo, um irmão de longa barba negra, que andava pedindo esmolas. Mas como havia amadurecido aquela decisão? Aqui começamos a entrar na via extraordinária pela qual o Senhor conduziu Padre Pio. O amor à oração, somando ao amor à penitência ajudaram, tanto que ainda pequeno, algumas vezes sua mãe o surpreendeu enquanto se flagelava.
A Ordenação Sacerdotal
Foram quase sete anos que Padre Pio passou em Pietrelcina, de 1909 a 1916, com um contínuo vai-e-vem, de um convento para outro, na esperança de poder se firmar, mas inutilmente. Apenas ficava um pouco melhor e os superiores se apressavam em mandá-lo a outro convento; mas, de repente, bastava qualquer distúrbio no estômago para que os superiores o mandassem de volta ao vilarejo. Podemos imaginar o imenso incômodo para Padre Pio, que desejava com toda a sua alma poder viver a vida conventual, e ai sendo sempre forçado a abandoná-la; aumentava também o grande desafio de seus superiores, que não sabiam a que destinar aquele frade, que rapidamente adoecia, em qualquer lugar aonde o mandassem. Enquanto isso, como se desenrolava a vida do padre Pio?
Muita oração, uma contínua meditação da dilaceração, da Paixão do Senhor, muitas lágrimas, ao ponto de lhe embaçar a visão.
Todavia, continuou seu itinerário teológico, e no dia 10 de agosto de 1910, padre Pio é ordenado sacerdote na Catedral de Benevento, Itália. A tarde daquele dia, escreve esta oração:
“Oh! Jesus, meu suspiro e minha vida, te peço que faças de mim um sacerdote santo e uma vitima perfeita”.
Ao finalizar a Santa Missa, sua mãe e seus irmãos se aproximaram para receber sua primeira benção. Sua mãe não podia conter suas lágrimas, tanto da emoção como da dor de pensar na ausência de seu esposo, cujo sacrifício havia feito possível a ordenação de seu filho. Como era costume, o novo padre celebraria sua primeira missa na Igreja de seu povoado, na Igreja Sant’Anna. Na mesma Igreja na qual a 23 anos antes havia sido batizado, em onde havia recebido a primeira Comunhão e o Sacramento da Confirmação. Foi iniciada uma etapa decisiva em sua vida, porque naquele momento começou o que podemos chamar, sem exagero, “o mistério da Missa de Padre Pio”: mistério que poucos conheceram e pouquíssimos participaram naquele primeiro momento.
O padre dizia a seus filhos espirituais “Se vocês desejam assistir a Sagrada Missa com devoção e obter frutos, pensem na Mãe Dolorosa ao pé do Calvário. Enquanto isso, mais uma vez, a vida de Padre Pio continuou se desenvolvendo, por aproximadamente seis anos, naquele esconderijo de Pietrelcina, com breves interrupções, na tentativa de reintegrá-lo em algum convento. Sem aprofundamento, para aproximarmos melhor ao mistério daquela Missa, no mesmo ano da ordenação, em 1910, Padre Pio se ofereceu “vítima pelos pecadores e pelas pobres almas do purgatório”.
Poucos sabem o imenso valor e o grande risco que envolvem a oferta da vítima. Nós fomos preservados do sacrifício de Cristo, a quem todos devemos dar nossa contribuição com oferta pessoal. Mas quem se oferece como vítima, aceita verdadeiramente participar de tal sacrifício de modo heróico e freqüentemente paga a sua generosidade com grande sofrimento para os quais não existe nenhum remédio humano.