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Artigo N.º 10928 - Seitas na África um desafio para as Igrejas
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Postado em: 26/04/13 às 13:15:06 por: James
Categoria: Obras Malignas
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um desafio paras as Igrejas

"As seitas nascem na África que sofre com os solavancos da instabilidade e dos desajustes sociais, culturais e econômicos. Elas se convertem num refúgio de pessoas insatisfeitas e um instrumento de poder para os políticos." Constantino Bogajo

No dia 17 de março de 2000, em Kanungu-Uganda, a seita do Movimento para a Restauração dos Dez Mandamentos instigou 500 pessoas ao suicídio, porque "chegara o tempo da salvação". Esse suicídio em massa causou um grande impacto no país e na África porque, como tentava desviar o presidente de Uganda, Yoweri Museveni, "É incrível que na África aconteçam essas coisas".

 
A verdade é que as seitas na África proliferam como cogumelos. Para fundá-las, é suficiente que alguém se auto-proclame "pastor, sacerdote, bispo, profeta ou messias". Algumas dessas seitas vêm de fora e contam com o apoio das grandes seitas norte-americanas, do Brasil ou da Ásia, como a Gospel of Prosperity, Tulsa's Rhema Bible Church, 
 
Meditação Transcendental, Full Gospel Business's Fellowship Internacional, Igreja Universal do Reino de Deus e outras mais. Outras são genuinamente locais. Pouco a pouco, criam-se instituições, Ongs e organizações secretas que atuam atrás de fachadas, como vida familiar, social, política e econômica. Esses grupos são fanáticos e sua pregação baseia-se em alguns livros bíblicos, com especial referência aos textos apocalípticos. Suas bíblias são impressas nos EUA. A cura é um elemento importante em seus ritos. Os líderes religiosos aproveitam-se da fragilidade das condições e prometem curas rápidas. Alguns chegam a dizer: "Se der uma terça parte do seu salário ou do dinheiro que possui, Deus lhe concederá mais graças".
 
 
 
 
 
 
DESAJUSTES SOCIAIS
 
Várias causas podem explicar a proliferação das seitas na África. Citamos algumas que são até um desafio para as Igrejas e os políticos.
 
Do ponto de vista político, ninguém duvida que a atual situação africana foi e continua lamentável. Os políticos criaram uma linguagem que servia somente para o poder e para abocanhar os recursos do Estado. Todas as esperanças suscitadas no momento da independência viraram fumaça. Alguns adotaram ideologias e sistemas sócio políticos totalmente estranhos à sociedade africana e cujo resultado foi desastroso. 
 
 
 
 
Após a queda do muro de Berlim, no final de 1989, reavivaram-se as esperanças do povo africano, porque a maioria dos chefes de estado adotou as reformas necessárias para passar a uma democracia. De repente, caiu-se novamente na desilusão porque, com raras exceções, a democracia limitou- se a organizar eleições só para disfarçar ditaduras.
 
Socialmente, a África está vivendo uma grande transformação. Muita gente migra para os centros urbanos, dando origem a grandes favelas onde se vive em condições desumanas. Essa migração deve-se a vários fatores: fugir das guerras, busca de um trabalho estável, melhores condições de vida.
 
A conseqüência é a desagregação da família, a solidão: é muito comum ver, pela cidade, pessoas perambulando sozinhas, porque perderam suas próprias raízes e não encontraram alternativas. Surgiu também um novo fenômeno: os meninos de rua, forma visível do conflito entre a modernidade e os valores tradicionais.
 
 
 
 
Enfermidades como Aids, ebola, cólera e malária grassam nessa população sem destino estável. Essas doenças são incuráveis ou oferecem grande resistência aos medicamentos tradicionais. Isso faz com que muitos busquem alternativas para seus sofrimentos e frustrações nas forças mágicas. Muitos curandeiros, que eram autênticos médicos tradicionais, converteram-se em charlatões e trapaceiros. A bruxa- ria, outrora considerada como algo misterioso e maléfico, agora se considera um fato positivo.
 
INSTRUMENTALIZAÇÃO POLíTICA
 
Muitos políticos africanos apóiam essas seitas violentas e fanáticas e promovem a corrupção, em troca de ajudas econômicas. Facilmente, até presidentes, hoje se declaram kimbauistas, amanhã freqüentam a Igreja Universal do Reino de Deus, depois de amanhã se declaram pentecostais e outro dia... É o que acontece principalmente durante as campanhas eleitorais. A morte, que na África era algo sagrado, agora passou a ser uma companheira habitual. Um moçambicano queixava-se pouco tampo atrás: "Chorar não tem sentido em si porque não temos nem tempo para enxugar as lágrimas ou viver o luto. Foi violada a sacralidade da morte, transformaram os nossos campos em cemitérios".
 
Todas essas circunstâncias criam um ambiente propício para a proliferação das seitas. Alguns personagens carismáticos, aproveitando-se dessa realidade, estabeleceram comunidades cujo objetivo principal é fazer com que seus adeptos se sintam protegidos, em família, e para isso criam fortes laços de amizade entre eles e facilitam até alguma ajuda econômica. Dessa maneira, muitas pessoas perseguidas por situações adversas sentem-se acompanhadas, seguras. As pessoas que estavam perdidas no anonimato agora são reconhecidas, amparadas e gozam da solidariedade do grupo. Sentem-se "curadas" tanto psicologicamente como emocionalmente. Aderindo a esses grupos, o africano espera encontrar soluções ao drama existencial que está vivendo.
 
PROBLEMA OU DESAFIO?
 
Não podemos negar que as seitas são um problema para a África. Com suas doutrinas fundamentalistas, enfraquecem a situação já fragilizada da sociedade africana. Manipulam o povo, impedindo de adotar posturas críticas e buscar soluções duradouras e justas para sua precária situação social e pessoal. Solapam ainda mais a harmonia sócio-cultural e atentam contra um dos princípios da ética africana que consiste na unidade do mundo, da família, do grupo e do trabalho para o bem comunitário, respeitando a sacralidade da vida.
 
De outro lado, as seitas são um desafio também para as Igrejas independentes. Muitas delas pararam no passado sem renovação ou avanços. É verdade que lutaram a favor de uma inculturação do Evangelho, mas perderam muita força depois da independência política, quando buscaram alianças com os políticos. Também descuidaram do estudo em profundidade da teologia e dos textos bíblicos.
 
Para a Igreja católica, os desafios são ainda maiores. É preciso recuperar o tempo e dar os passos já percorridos pelas outras Igrejas. É verdade que se avançou bastante com o Sínodo Africano, mas existe ainda um receio na hora de concretizar os princípios.
 
A famosa analogia da Igreja-família na África ainda está longe de ser posta em prática. As pequenas comunidades de base, que deveriam ser a força motriz das nossas paróquias e centros de inculturação, muitas vezes se transformam em centro de batismo em massa, sem que o sacramento transforme profundamente a vida do africano.
 
Não é suficiente que as nossas liturgias durem duas, três horas, utilizando tambores, cânticos, danças, paramentos sacerdotais de cores africanas. É necessário refletir mais sobre seu simbolismo e significado, a partir de uma antropologia e teologia africanas.
 
As curas são um tema discutível na Igreja católica local. Muitas vezes, o nosso linguajar está inadequado. É importante distinguir entre o curandeiro ou médico tradicional e o bruxo ou adivinho. No conjunto, o ritual de cura é bruxaria. Não podemos continuar interpretando a cultura africana com nossa mentalidade dessacralizadora do simbolismo. É necessário que a criança - a África - aprenda a nadar dentro da água; não podemos ensina-Ia a nadar, se nunca entra nela. As seitas continuarão nos desafiando e fragmentando nossa sociedade e nossas comunidades já enfraquecidas antropológico-cultural e economicamente. Se continuarmos a proteger assim a criança, ela nadará sempre em nossos braços.


Fonte: http://www.pime.org.br/noticias.inc.php?&id_noticia=3678&id_sessao=2



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