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Artigo N.º 11385 - Quatro pessoas, cinco casais: conheça a rotina dos "poliafetivos", a “próxima fronteira”.
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Postado em: 02/09/13 às 09:33:05 por: James
Categoria: Destaque
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=41&id=11385
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Quando o Homem perde a noção de Deus, também perde a noção de si e de quem é. Sua autorreferencialidade se torna prisão.

A questão dos nossos dias tem por ponto de partida uma crise antropológica sem precedentes na história, o homem já não sabe mais quem é e não consegue mais reconhecer em si as marcas da imagem e semelhança de Deus.
 
De  "Fronteira em fronteira"... Onde chegará?
 
--
 
 
BBC
 
Charlie está sentada em um sofá ao lado do marido, Tom, na casa do casal na cidade de Sheffield, na Grã-Bretanha. Eles são casados há seis anos.
 
 
 
 
Do outro lado de Tom, no mesmo sofá, está Sarah, que tem um relacionamento há cinco anos com Tom. O noivo de Sarah, Chris, está na cozinha, fazendo chá.
 
Chris também tem uma relação com Charlie, e as duas mulheres também são amantes. Então, na mesma casa vivem quatro pessoas que formam cinco casais.
 
“Planejamos envelhecer juntos”, afirma Charlie.
 
Os quatro estão envolvidos em um relacionamento “poliafetivo”, que é a prática de manter relacionamentos íntimos simultâneos com mais de uma pessoa por vez, com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos.
 
O termo em inglês para “poliamor” (poliamory) entrou no dicionário Oxford apenas em 2006. Trata-se de um tipo de relacionamento que ainda tão raro no Reino Unido que, em algumas ocasiões, Tom precisa dar explicações sobre sua vida pessoal.
 
“Tive muitas conversas com colegas nas quais eu comecei a explicar e eles só chegaram até (o ponto onde falam) ‘então todo mundo trai todo mundo’ e nunca consegui passar disso. Eu disse que não, todo mundo está bem com isso, todo mundo sabe o que está acontecendo, ninguém está enganando ninguém”, afirmou.
 
Veto
 
Se algum deles quer se envolver com outra pessoa, terá que apresentar o caso aos outros três e todos têm poder de veto ao novo relacionamento.
 
“Não podemos usar o veto por motivo tolo, como por exemplo, gosto pessoal”, afirmou Sarah. “Se você está saindo com alguém e eu não entender a razão de você achar a pessoa atraente, isto não será razão para eu falar não, você não pode sair com esta pessoa.”
 
Todos afirmam que a única coisa que é encarada como infidelidade é a mentira.
 
“Por exemplo: antes de eu ir neste primeiro encontro ontem, me sentei com cada um dos meus três parceiros e chequei com cada um deles se estava tudo bem. Trair seria (algo como) eu sair escondida, dizendo que ia me encontrar com um amigo X e não dizer que era um parceiro romântico em potencial.”
 
As regras e limites do relacionamento entre os quatro são negociados cuidadosamente.
 
E tudo começou duas semanas depois de Tom e Charlie se transformarem em um casal, quando Tom sugeriu que eles não fossem mais monógamos e, para Charlie, esta foi uma ótima ideia.
 
“Eu tinha medo de me comprometer pois nunca tinha encontrado alguém por quem eu pudesse me apaixonar completamente e exclusivamente. A ideia de esta não ser uma relação monógama permitiu que eu me apaixonasse profundamente por Tom sem medo de partir seu coração ao me apaixonar por outra pessoa”, disse.
 
E, para Charlie, o fato de Tom ter se apaixonado por outra mulher, Sarah, não foi tão ruim.
 
“Bem, Sarah é adorável. Fiquei tão feliz por Tom estar feliz com ela”, disse.
 
Mas Sarah teve problemas para contar para seu noivo, Chris, que tinha se apaixonado por Tom.
 
“Nós conversamos sobre isto e o que significava estar apaixonada por mais de uma pessoa e isto não significava que eu o amava menos. (…) Não é como seu eu tivesse uma quantidade de amor para dar apenas para uma pessoa. Posso amar quantas pessoas couberem no meu coração e acontece que são algumas”, afirmou Sarah.
 
Chris e Tom acabaram ficando amigos, e Chris se apaixonou por Charlie.
 
“Nunca passou pela cabeça do Chris não ser monógamo – agora ele fala que nunca voltará atrás”, disse Sarah.
 
Gerenciamento e segurança
O dilema de como gerenciar um relacionamento é algo que a terapeuta de casais Esther Perel presencia o tempo todo.
 
“Você pode viver em uma instituição monógama e você pode negociar a monotonia, ou você pode viver uma escolha não monógama e negociar o ciúme. Escolha seu mal”, disse.
 
Mas, para Charlie, Sarah e Tom o ciúme não é um problema.
 
“Sempre há uma pequena quantidade de insegurança”, diz Sarah, lembrando como se sentiu quando seu noivo se apaixonou por Charlie. “Mas compare meu pequeno incômodo com a enorme quantidade de amor que posso ver nos dois e, honestamente, senti que eu seria uma pessoa muito ruim se eu falasse que meu incômodo era mais importante que a felicidade deles.”
 
Charlie afirma que o ciúme é gerenciado de forma diferente neste tipo de relacionamento. O motivo do ciúme não pode simplesmente ser cortado dos relacionamentos das pessoas envolvidas, o motivo do ciúme precisa ser analisado. E, algumas vezes, as conversas entre eles duram a noite toda.
 
“Nós conversamos muito mais do que fazemos sexo”, conta Charlie, rindo.
 
Mas algumas pessoas apontam que é natural para os humanos se unirem em pares.
 
Segundo Marian O’Connor, terapeuta psicossexual no Centro para Relacionamentos de Casais de Tavistock Square, em Londres, o desejo de monogamia tem raízes profundas.
 
“Quando crianças precisamos de alguem que nos ame muito para poder progredir. Normalmente há uma pessoa que cuida da criança, geralmente a mãe. O relacionamento monógamo pode te dar um sentimento de certeza, um lugar onde você pode se sentir seguro e em casa”, afirmou.
 
Agenda
“Na minha opinião é apenas um problema (o “poliamor”) se sinto que um de meus parceiros está passando mais tempo com os outros parceiros do que comigo”, disse Sarah.
 
Mas tudo é resolvido com a ajuda de uma agenda, que controla as noites de encontro.
 
“O casal que está em um encontro escolhe qual filme ver na TV e ajuda a controlar quem está em qual quarto”, disse Charlie.
 
“Então, por exemplo, eu tenho uma noite semanal com Charlie. Então somos nós duas juntinhas, nós com a TV, nós indo para a cama juntas e tudo mais”, disse Sarah.
 
Para a terapeuta de casais Esther Perel o “poliamor” é a “próxima fronteira”.
 
“Temos uma geração que diz: nós também queremos relacionamentos estáveis, comprometimento e segurança, mas também queremos satisfação pessoal. Vamos ver se podemos negociar monogamia ou não monogamia de uma forma consensual que evite a destruição e a dor da infidelidade”, disse.
 
Mas não é uma decisão simples. “A pessoas te olham de uma forma estranha na rua”, diz Sarah, enquanto que Charlie diz que está se preparando para comemorar 30 anos sendo ridicularizada pelas pessoas. “Cada vez que você revela (a opção pelo “poliamor”), corre o risco de perder um amigo”, diz.
 
Tom adota um otimismo cauteloso sobre a possibilidade que esse tipo de relacionamento se torne mais popular.
 
“Qualquer um que espere alguma grande mudança social de um dia para o outro está terrivelmente enganado, mas (a mudança) vai acontecer”, disse.
 
Mas, enquanto a mudança não vem, os quatro estão planejando uma ceremônia não oficial para marcar o comprometimento entre eles.


Fonte: http://blog.comshalom.org/carmadelio



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