Postado em: 08/12/10 às 07:20:23 por: James
Categoria: Destaque
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Igrejas se tornaram alvo de atentados por parte de extremistas muçulmanos
No último dia 1º de novembro, uma explosão durante uma missa na catedral de Sayida An Nayá (Nossa Senhora do Socorro, em árabe), em Bagdá, deixou mais de 40 pessoas mortas. O atentados chamaram a atenção para a perseguição sofrida pela minoria cristã que vive no Iraque, um país de maioria muçulmana. Ataques a bomba em lares cristãos se tornaram frequentes e estão provocando a fuga de boa parte da comunidade.
Reportagem do jornal britânico The Guardian mostra que a invasão americana liderada pelo ex-presidente George W. Bush (2001-2009), um cristão praticante, deixou desprotegida a minoria cristã que vive no país de maioria muçulmana.
Ironicamente, os cristãos (quase todos católicos de igrejas de tradição árabe) tinham liberdade religiosa durante a ditadura de Saddam Hussein (1979-2003). O presidente também fazia parte de uma minoria – ele era muçulmano sunita, no país onde a maior parte dos islâmicos são xiitas.
A queda do ditador provocou uma guerra religiosa entre os radicais das duas facções muçulmanas. O ódio agora atinge também os cristãos.
Radicais deixam bombas em casas de cristãos
O Guardian conta a história da iraquiana Linda Jalal. Pela segunda vez em quatro anos ela teve de empacotar suas coisas às pressas e deixar a casa em Bagdá para fugir, junto com a família, a uma área mais segura.
Assim como em muitos lares cristãos, uma bomba deixada por fundamentalistas explodiu na casa de Linda, espalhando destruição e deixando um recado de que eles já não são bem-vindos no país. Ela diz que vive com medo:
- Estou aterrorizada por viver aqui. Estamos sendo abatidos como cordeiros. E nós somos apenas civis e este é o nosso país.
Dados da fundação Iraqs Christian Endowment mostram que metade da população cristã iraquiana já deixou o país. O presidente da ONG, Abdullah al-Noufali, disse que havia em 2003 um milhão de católicos no país (de 31,2 milhões de habitantes); hoje restam apenas 500 mil, segundo ele.
- Está difícil encontrar um cristão que queira continuar vivendo no Iraque. O ataque à igreja foi a pior crise de nossa história. Nós vivemos juntos com outras seitas por milhares de anos no Iraque. Lutamos juntos em muitas guerras, enfrentamos todo tipo de desastre. E agora temos isso...
Igreja de Mossul foi atacada quatro vezes
Minorias cristãs ligadas a igrejas ortodoxas e católicas de tradição árabe, assim como comunidades judaicas, convivem há séculos com a maioria muçulmana em muitos países do Oriente Médio.
Na maior parte do tempo, não houve problemas. Mas o surgimento nos últimos anos de grupos fundamentalistas como os ligados à rede terrorista Al Qaeda fez mais difícil a vida de todos – dos muçulmanos que sofrem com os atentados à bomba, aos cristãos e judeus que agora são perseguidos.
O padre Jorge Fatuhi, da Igreja Católica Caldeia, que possui rituais próprios e é ligada ao Vaticano, diz que, desde a queda de Saddam Hussein em 2003, sua capela foi atacada quatro vezes na cidade de Mossul.
- Se os ataques continuarem, não teremos mais nenhum cristão no Iraque. Antes havia 4.000 famílias em Mossul. Agora só resta 20% disso.
No caso da família de Linda Jalal, duas de suas irmãs já fugiram. Uma delas conseguiu asilo na Holanda, com os dois filhos, porque o marido foi morto por radicais muçulmanos por vender bebida alcoólica em sua loja, em Bagdá.
Outra irmã de Linda está nos EUA, porque o marido também foi morto por fundamentalistas. Entre os parentes que continuam no Iraque o objetivo é o mesmo – sair do país.