Postado em: 30/01/12 às 12:09:43 por: James
Categoria: Destaque
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=41&id=9402
Marcado como: Artigo Simples
Ver todos os artigos desta Categoria: Destaque
ROMA, sexta-feira, 27 de janeiro de 2012 (ZENIT.org) - Dom Siluan Span, bispo ortodoxo romeno na Itália, declarou que o ecumenismo progrediu especialmente na prática, na convivência entre pessoas das diversas tradições cristãs.
Depois do comunismo, com a liberdade e as emigrações rumo aos países europeus ocidentais, a Igreja católica demonstrou uma grande abertura e disponibilidade, e as famílias italianas confiaram seus avós e suas crianças às trabalhadoras do lar de outras confissões. Uma abertura sem precedentes, que superou desconfianças não elimináveis só através do diálogo teológico.
Depois da solene celebração de Vésperas com Bento XVI na basílica de São Paulo Extramuros, em Roma, o bispo Siluan Span, do Patriarcado Ortodoxo Romeno, bispo da diocese ortodoxa romena para a Itália e membro do Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Romena, conversou com ZENIT sobre estes avanços do ecumenismo no dia a dia.
Em que situação está o diálogo ecumênico entre católicos e ortodoxos?
- Dom Siluan: Eu acho que, apesar de algumas vozes que dizem que o diálogo ecumênico está em crise, nos últimos quinze anos os cristãos da Europa oriental, e falamos da Romênia, da Bulgária, da Rússia, mas em particular dos países que estão na União Europeia , com a possibilidade e a disponibilidade de sair de migrar, acabaram entrando em contato com a realidade de todos os países ocidentais. Nós temos que dizer que a Igreja católica na Itália, na Espanha e em outros países vem manifestando uma abertura e uma disponibilidade de ajuda que foi muito apreciada pelas Igrejas do Oriente, pela Igreja ortodoxa.
Que tipo de relações foram criadas?
- Dom Siluan: Eu falo pela Igreja ortodoxa romena e vejo que há relações diferentes das que havia no passado. A empregada romena encontra uma família italiana e a sua realidade. É um ecumenismo de base, que nunca foi assim. A família italiana confia o cuidado não só da avó ou do avô, mas também das crianças. E quando a pessoa idosa reza de noite, ela pede para a cuidadora ortodoxa romena ler para ela a liturgia das horas. Elas vão juntas à igreja e eu vejo que eles me passam os nomes para nós rezarmos pelas pessoas que elas cuidam.
Ou seja, é um ecumenismo da vida cotidiana.
- Dom Siluan: Essa oração uns pelos outros, essa fé, digamos, doméstica, é um início de proximidade e de diálogo mais profundo que o das comissões de alto nível. E também a relação entre os nossos párocos e os católicos que hospedam a maior parte das nossas comunidades na Itália. É um diálogo muito importante entre as diversas comunidades, porque, por exemplo, em algumas igrejas, a comunidade católica reza de manhã e a ortodoxa reza às dez ou às onze. Nós vemos a presença dos italianos no batismo das crianças e nas nossas igrejas. E há muitos casais de romenos e italianas, e vice-versa. É um tipo de diálogo sem precedentes.
O que foi determinante para esta mudança?
- Dom Siluan: Bom, a Romênia, durante o comunismo, não podia ter um diálogo desse tipo. Tinha um representante que saía uma ou duas vezes por ano e que não tinha a liberdade de dizer o que queria. Nesses quinze ou vinte anos, foram criadas relações sem precedentes mesmo.
Isso no nível horizontal. E entre os religiosos?
- Dom Siluan: Temos lugares e momentos em que o diálogo está em crise, mas, sem dúvida alguma, as relações amadureceram. Eu vejo os encontros com os monges católicos, sacerdotes e bispos que eu conheci faz vinte anos, na França. Hoje nos encontramos como amigos de velhos tempos. Não há desconfiança quando nos encontramos pela primeira vez, não só entre irmãos, mas também entre clérigos. Nós tínhamos aprendido uns sobre os outros só em livros, com uma atitude em geral crítica. E por isso não era fácil você se inserir, mas, pouco a pouco, nós começamos a conhecer as pessoas, a dialogar, a nos encontrar, a compartilhar o que podíamos. Compartilhar é fundamental. Os alimentos, por exemplo. Ajuda a superar aquela desconfiança que não podia ser eliminada só através das argumentações teológicas.
Ir. Sergio Mora