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Artigo N.º 1186 - Entrevista com Satã - Parte 4
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Postado em: 03/03/09 às 20:02:13 por: James
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Trevas - 401 Entrevista com Satã (4)

QUARTO ENCONTRO

Não foi propriamente um encontro como os anteriores nem como os que seguirão. Desta vez, exceto um rápido retorno do Maligno ao final, quase tudo se desenvolveu num longo e muito agitado sonho. Tudo aconteceu de um modo que pudera jurar que estava completamente desperto. Os sonhos, dizem, costumam ser breves mas este me pareceu longuíssimo, a julgar pelas coisas que vi e que entendi. Era um sonho que chamarei adivinhador.

Tive a sensação de ser despertado de sobressalto, ao som ensurdecedor de milhares de buzinas de carro, de tambores batendo ao ritmo de marcha, que martelavam um potentíssimo canto marcial. Aproximando-me, encontrei-me diante de uma grandíssima praça, jamais vista por mim, cheia de gente, especialmente de jovens, que com bandeiras vermelhas na cabeça, continuavam chegando de todas as partes, como rios em cheia que vinham desembocar naquele mar de gente.

Um tiro de canhão foi o sinal para um silêncio imediato. Todos estavam às minhas costas e olhando para um palco altíssimo que surgia longe sobre o fundo da praça. Nada mais ver ali um homem com uma longa faixa vermelha caindo pelos lados, gritos frenéticos de "viva" lhe saudaram durante longo tempo. Feito silêncio a um sinal seu, começou a falar numa língua da qual não compreendi nem uma palavra.

Enquanto assistia a esta reunião espetacular, aconteceu um fenômeno estranho. À medida que o orador falava e os alto-falantes difundiam a voz a todas as direções, a superfície da praça se dilatava, alongava-se até não poder mais enxergar com os olhos os confins. Só conseguia captar um confuso flutuar de gente à distância cada vez mais esfumada.

Foi aqui que, no assombro daquela estranha visão, interveio a voz alta e soberba do Maligno:

“Olha, olha que espetáculo tão maravilhoso!... Toda a juventude se colocou do meu lado. É minha juventude. A muitos seduzi com a luxúria, com a droga, com o espírito revolucionário. Mas a maior parte ganhei com o laço do marxismo materialista. Quase todos têm vindo aqui sem os costumeiros esquis batismais. Estes jovens passaram por escolas programadas sobre um ateísmo radical. Ali aprenderam que não foi aquele de lá de cima quem criou o homem, sim que o homem criou estupidamente a si mesmo. Agora obstinadamente lutam contra Ele, que resiste a desaparecer. Mas desaparecerá. É fatal!

Estes jovens meus aprenderam a desfazer-se de todas as verdades assim chamadas metafísicas. Para eles existe só o mundo material e sensível. Foi uma lavagem cerebral universal, e nos serviremos destes para todos os que se atrevam a manter-se ainda agarrados às velhas crenças. Ele deve desaparecer de modo absoluto. Logo virá o dia em que nem sequer será lembrado seu Nome. As poucas áreas de resistência que não alcançamos eliminar com nossa filosofia, faremos com o terror. Existe para os que sobrem, dezenas e dezenas de hospitais psiquiátricos e centenas de campos de concentração onde os enviaremos para morrer. Assim será em todos os países da terra. Um depois do outro, debem cair aos meus pés, abraçar meu culto, reconhecer que o único senhor do mundo sou eu...”

* * *

Neste ponto, enquanto o Maligno se exaltava e se acalorava falando com tanta segurança, a praça de imprevisto desapareceu, e toda aquela multidão desapareceu, de toda aquela multidão exterminada não sobrava nem o menor vestígio, e o discurso do orador parou como por uma inesperada interrupção de corrente. Num instante me encontrei num profundo subterrâneo iluminado escassamente, que me fez lembrar os passos das catacumbas romanas, dominadas por um ar de calma e de paz.

Vejo lá, distante, um ponto mais luminoso, dirigi-me com ânimo e passo seguro até aquele lugar. Apresentando-me, senti vir ao meu encontro o eco de uma oração em coral. Detive-me, esperando captar o significado. Impossível; ainda que se tratasse de uma língua desconhecida por mim, compreendi por certos motivos que era o Pai Nosso. Uma força interior me animou a seguir caminhando. Um do grupo vestido de sacerdote copta (N.T.: sacerdote do rito grego), deu-se conta de minha presença, veio inseguro e excitado ao meu encontro. "Seja louvado Jesus”, disse-lhe. Ante aquela saudação, abriu os braços e sorrindo me perguntou: "Você é um irmão nosso?”.

"Sim, sou um irmão seu” e nos abraçamos calorosamente.

“Em nome de Deus”, pedi-lhe, “explique-me onde me encontro e quem são vocês?".

“Você se encontra num subterrâneo do país dos sem Deus. Duas vezes na semana, de noite, nos reunimos aqui para nossas orações comuns, para assistir à liturgia, e dar testemunho de Deus o melhor que possamos". Sorriu vendo minha surpresa e continuou: "Olha, aqui somos apenas uma centena, mas em outros lugares se reúnem inclusive mais para orar por nós, pela pátria, pelo mundo inteiro".

“Como nos tempos das catacumbas?”

“Exato, como nos tempos das catacumbas; esta é nossa catacumba."

“Mas é verdade que Deus foi eliminado deste grande país?”

“A Deus não se pode eliminar, querido irmão! Expulso da porta, entra por todas as vias misteriosas que só Ele sabe abrir”.

Meu interlocutor se deu conta de que estava comovido e calou.

* * *

"Vejo que também há jovens".

"Aquí, quase a metade dos que recolhemos são jovens. Em outros refúgios ainda são mais. Jovens que não vêem só a orar, sim a trabalhar. Pensa, querido irmão, depois de uma jornada de trabalho bastante extenuante, estes filhinhos sacrificam por turnos, horas inteiras, para vir aqui a prestar seu trabalho”.

“Que fazem?"

"Venha, lhe mostrarei”.

Depois numa pequena curva à direita, descidos poucos degraus, nos encontramos num átrio com algumas saídas de segurança e transformado num escritório tipográfico rudimentar: algumas máquinas de escrever; uma copiadora que ia rapidamente a pedaladas, uma atadora e outros utensílios.

“Que estão imprimindo?”

«Antes de tudo parte da Bíblia, Evangelhos, os Atos dos Apóstolos, pequenos missais, catecismos, livros de oração e também romances, poesias de escritores não aliados e condenados ou expulsos da pátria. Creio que em nosso país uma grande parte leu já as obras de Pasternak, de Sinjavskij, de SoIzenitzin; o exemplo destes homens é enorme sobre nossa juventude.

Apenas esta se deu conta de ter estado anos e anos enganada e insensibilizada por mentiras nos discursos das praças, pelos livros, nas escolas, foi pega por uma fome insaciável pela verdade: querem saber a verdade sobre tudo. Não lhe digo a comoção que nos passa quando não conseguimos escutar a liturgia transmitida em nossa língua pela Rádio Vaticano".

* * *

Dei-me conta que meu interlocutor, enquanto me falava, continuava me observando. Mas se deu conta que comigo podia falar livremente, e continuou até acabar. Afastou-me um pouco para um lado e, aproximando-se um pouco mais, pegou minhas mãos nas suas e continuou: "Olha, eu sou um sacerdote copta mas faz anos que descordo do meu superior local, bastante politizado pelo regime e colocado a serviço do partido. Fui obrigado, por tanto, a viver escondido. Estes jovens o sabem; a notícia correu pelos refúgios e assim tenho de ir de um a outro para o serviço religioso. Que jovens tão queridos! Deram-me toda sua confiança. Tratam-me como a um pai. Abrem-me sua alma, e se visse que almas! Sobretudo são heróis!

“E isto no país dos sem Deus!”

"Ó, não, não diga isto! Aqui Deus existe, e trabalha com sua graça e recolhe! Creia-me, nestes 60 anos de prova infernal o povo russo deu a Deus exércitos de Santos e de mártires como nunca na história passada. Tudo o que este povo sofreu e está sofrendo não é algo perdido. Eu penso que seja o longo inverno que prepara em nosso país uma primavera jamais vista, um renascimento religioso que será a inveja de tantos países livres. Olha, eu sou bastante acusado de fazer cristãos: estes jovens o sabem e daí sua confiança. Pensa: entre eles há os que sabem de memória o evangelho de São João, alguma carta dos apóstolos, a Pacem in terris, a Lumen gentium, o Credo de Paulo VI. E editam e difundem tudo isto. Rússia está cheia destes livros.

“Deus, meu Deus! Que coisas tão grandes você me diz, meu irmão!"

“Também você é sacerdote?”

“Sim.”

Abraçou-me e beijou-me: "E vem da Itália?... De Roma?... Aqui dizem que a Itália é toda comunista, é isto possível?”

“Toda não, mas uma parte sim."

É incrível! Mas sabem que significa viver sob o comunismo? Aqui na Rússia não há nenhum que creia neles. Aqui foi suficiente que nossos jovens tivessem aprendido a fazer a comparação entre a propaganda oficial e a realidade da vida de nosso país para perder a fé na ideologia do partido".

"Exatamente o que na Itália não conseguimos fazer crer especialmente aos jovens. É um fenômeno de monstruosa cegueira!"

Levou-me ainda um pouco mais a um lado e continuou: "Olha, aqui o materialismo nos colocou num beco sem saída. A alma russa não sabe prescindir de uma explicação do homem e do mundo, e como o materialismo nisto falhou, nos lança com uma sede instintiva aos valores espirituais, à igreja, a Deus. A ideologia marxista nos leva à morte e ao nada, e nosso povo tem enraizado na alma a fé no além túmulo. Você não pode crer que acrobacias de prudência realiza esta pobre gente para poder dizer um De profundis na tumba de algum familiar sepultado recentemente. Quantos despenhadeiros são necessários para obter na Páscoa um pouco de pão bento para distribuir na mesa, depois da saudação familiar "Cristo verdadeiramente ressuscitou"

“Tudo isto, querido irmão, o sabemos e nos comove imensamente.”

“Então por que os italianos querem caminhar sob o comunismo ateu?”

"Porque muitíssimos crêem mais no demônio que em Deus: Esta é a verdade."

“Estes jovens compreenderam que só o cristianismo põe o máximo acento sobre o valor dos direitos da pessoa humana: o socialismo fala só de coletivismo, de massa, para ele o indivíduo não existe."

“A este passo, há que esperar que o maior estado comunista do mundo, pela lógica das coisas, possa desenvolver-se na maior força anticomunista.”

“Pensamo-lo todos, irmão, ainda que sejamos poucos a dizê-lo, porque é horrível o terror que se tem dos julgamentos, da lavagem cerebral, dos campos de concentração disseminados por todo o território russo. Aqui, entretanto, a ideologia marxista se rege unicamente pela força. Mas o dia em que esta caia – só Deus sabe quando – a Rússia se apresentará com uma cara completamente nova, religiosamente provada, graças à experiência do martírio que nenhum povo sofreu até agora.”

"Nós confiamos muito nas promessas da Virgem de Fátima.”

"Ó, a Santa Mãe de Deus! Se soubesse como a venera nosso povo! E é Ela quem conservou – ainda que em certos momentos muito reduzida – nossa fé. Suas imagens desapareceram de quase todas as casas, mas muitíssimos as conservam escondidas, e sobretudo a invocam.”

“Crê que logo a oposição dos jovens, dos intelectuais, da classe que reflexiona poderá aumentar?”

"Para mim é uma coisa muito certa. E isto acontecerá pouco a pouco à medida que progrida o descobrimento alegre da fé cristã e a persuasão em muitos já radicada de que o cristianismo é a única força capaz de mudar o mundo. Se entre nós se recolhessem as vozes de nossos convertidos do materialismo, pensaria no milagre de um novo Pentecostes."

“Posso dizer-lhe que muitas destas vozes chegam a nosso país. Existem também antologias que as recolhem, mas, por desgraça, nem todos as lêem".

"Conservamos cartas que nos chegam dos campos de concentração. São de homens, mulheres, de jovens ali condenados que nos animam a conservar intacta nossa fé em Deus: impossível lê-las sem estremecer-se de comoção e sem chorar.”

Na Itália, lê-se muito O Doutor Givago de Pasternák, a outra literatura de Molicev, Padre Dimitrij Dunko, Pároco em Moscou.

Um golpe de gongo anunciou a recitação em comum do Pai Nosso.

* * *

Aqui me despertei. Mas me dei conta de que foi um grande golpe na porta do quarto a despertar-me do sonho. Olhei o relógio, era ainda muito cedo. Um novo golpe me fez saltar e gritei: “Quem é?" A resposta foi uma risada de chacota louca e sem sentido que me advertiu de imediato da presença dele.

"Que belo sonho, hein? Você terá gostado muito, penso. Talvez inclusive lhe terá deixado a boca doce. Pensando de novo, seria capaz de crer todas aquelas belas notícias?”

“É uma terrível destruidora de meus planos. É uma devastadora de meu reino. Não me deixa conseguir uma vitória e já me prepara uma derrota. Está sempre em meu caminho. Sempre ocupada em atravessar-se em meu caminho, a suscitar fanáticos que a ajudam a arrebatar-me almas. Ali onde mais clamorosas são minhas conquistas, num silêncio capilar ela multiplica as suas. Mas agora chegou o tempo em que obterei sobre ela vitórias jamais vistas...”

"Efêmeras como as demais!”

Ainda um breve silêncio. “Não serão efêmeras!.. Desta vez será uma vitória total. Cria estar em segurança numa fortaleza inalcançável. Agora lhes abri uma brecha que será pior que a primeira!...”

“Que brecha? Penso que você corre demais. Está muito seguro de si mesmo."

“Tenho ao meu lado também os teólogos. Os meus vaidosíssimos doutores. Se eu fosse capaz de amar, seriam meus amigos mais queridos. Seus cultivadores do dogma vão abandonando suas posições uma depois da outra. Induzi-os a envergonhar-se de certas fórmulas ridículas. A envergonhar-se antes de nada de crer em minha existência e em meu trabalho no meio de vocês: Coisa para mim comodíssima."

"E você conta com isto?”

“Deste modo, as fábulas da Imaculada Conceição, da Maternidade Divina, da sempre Virgem, da onipotente cheia de graça estão sendo desmoronadas como miseráveis disparates. Dentro de poucos anos ficará só a recordação – vergonhosa recordação - de lendas tão bobas. Muito tive que esperar mas agora chegou finalmente meu tempo. Definitivamente chegou minha hora! Se soubesse o bem que trabalham meus aliados: padres, freis, doutores!... Onde estão agora os fanáticos de seu culto, seus simpatizantes fervorosos?”

“Sim, creio-as todas como coisas verdadeiras."

"Não me maravilho, conheço sua credulidade. Crê também nos sonhos."

“Quantos sonhos têm vindo de Deus!”

"Então será capaz de provar-me uma só de todas aquelas bobagens, responda a verdade? Venha, uma prova”.

Fiquei absorto por um tempo, depois apertando forte entre as mãos a coroa do Rosário, sentei-me sobre a cama e, com tom imperativo, disse:

Já que vem a desafiar-me, em nome dEla, que é sua inimiga capital, ordeno-lhe dizer-me se naquele sonho havia uma só mentira."

“É tudo uma mentira”.

"Você deve responder em nome dEla, disse-lhe, em nome dEla."

Ao invés de responder, o Maligno se enfureceu como não o havia feito nunca. Parecia que estivesse desencadeando um terremoto.

“Ao invés de fazer toda esta comédia, ordenou-lhe responder: Deves dizer-me que aquele sonho era verdade. Vamos, em nome de Maria, lhe ordeno, responde”

Senti-o gritar como um leão ferido de morte e vi-o desaparecer.





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