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Artigo N.º 1826 - CRISTÃO MODELO
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Postado em: 25/06/09 às 00:30:02 por: James
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Nestes tempos finais, onde estamos sendo postos contra a parede, por um mundo ateu e cada vez mais carregado de ódio contra a Igreja, apresento parte de um trabalho do autor a seguir citado, sobre o Bem Aventurado Contardo Ferrini (1859-1902). Este é um exemplo de cristão valente, que devemos ter como sinalizador doravante. Ele nasceu numa época de grande ateísmo, onde eram exaltados grandes hereges e falsos mestres, cujos escritos ainda hoje pesteiam as bibliotecas e corrompem mentes, entretanto, jamais se desviou da fé, mesmo tendo freqüentado as escolas destes falsos profetas da razão. E tal era a sua fortaleza espiritual, que até mesmo seus inimigos e discordantes o escutavam com prazer. Gostaria que o leitor meditasse especificamente no item que fala sobre o infinito. Nenhuma palavra até hoje me fez meditar tanto quanto esta. Quem com toda humildade medita nela, acabará por chegar perto de Deus.

Artigo do Prof. Dr. Cláudio De Cicco
Autorizada divulgação (Gentileza Nelson)
    
RESUMO
O presente texto tem por objetivo difundir a grande figura de Contardo Ferrini mestre no campo do direito, mas ao mesmo tempo um homem de Deus, um modelo admirável pela elevação sobrenatural do seu espírito e pela santidade de sua vida. Vivendo, ele não operou milagres nem portentos; o portento e o milagre é ele mesmo. Foi ele cristão autêntico em um século no qual a caridade de Cristo parecia banida da sociedade humana; num século em que a doutrina de Cristo e o seu Evangelho eram freqüentemente desprezados e esquecidos na prática da vida e da família; em um século em que progrediu certamente a ciência da natureza e do mundo, mas também aquela ciência que da natureza e das vísceras da terra tira e multiplica as armas e as invenções para as lutas, a destruição e as ruínas.
 
Com todo progresso que acompanha o curso da vida humana, o homem não tem aqui uma residência permanente, porque é criado para outro mundo, para um mundo espiritual, ao qual todos estão destinados, mas do qual tão poucos se lembram. Os verdadeiros cristãos  são os heróis que têm o pé na terra e o ânimo no céu: Contardo Ferrini foi um destes, desde a sua juventude. Dedicado ao estudo das fontes bizantinas do Direito Romano ou no estudo das leis penais romanas,  com a aplicação de sua inteligência, foi metódico, claro, muito atento, mas também na Associação de São Vicente de Paulo soube ajudar os mais pobres. Foi beatificado pelo papa Pacelli, Pio XII, em 1947.Pouco tempo depois, aqui no Brasil, na fundação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,em 1948, o  Cardeal Arcebispo de S.Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, designou o novo Beato Contardo Ferrini para patrono da Faculdade de Direito, que a integrava.
 
OS PRIMEIROS ANOS
Nasceu Contardo Ferrini em Milão, aos 5 de Abril de 1859, cresceu e se educou em Suna, aprazível cidade junto ao Lago Maggiore, onde seu pai, o engenheiro e professor de física Reinaldo Ferrini, estabeleceu sua residência, com a esposa, Luísa Bucellati Ferrini e mais cinco filhos. Bastante saudável e agitado, o menino Contardo era um verdadeiro traquinas, exigindo, muitas vezes, corretivo severo de seu pai, como de uso naquele tempo.
 
No entanto, mais exatamente a partir de sua primeira comunhão, revelou um espírito sobrenatural, capaz de antever a razão essencial de toda a sua vida, resumida numa afirmação categórica de Gian-Battista Vico :” o homem é um ser finito que deve tender para o Infinito.” (PELLEGRINO, 1928, p. 25 e segs.). Sobre esta admirável intuição, baseou depois completamente sua existência.
 
Ainda estudante do liceu, entre as anotações explicativas e glosas à margem dos textos de literatura ou de história, Contardo escrevia pequenas jaculatórias “Salvai-me, Senhor” (CAMINADA, 1953, p. 18), certamente quando assistia a aulas de mestres agnósticos ou ateus confessos,  na atmosfera anticlerical do “Risorgimento”, causada pela famosa “Questão Romana”, ou seja, a tomada de Roma, capital dos Estados Pontifícios, pelas tropas de Garibaldi, em 20 de Setembro de 1870, que só será encerrada pelo Tratado de Latrão, em 1929, entre o chefe do governo italiano, Benito Mussolini e o Cardeal Gasparri, secretário de estado do papa Pio XI, o qual, como se sabe, criou o soberano Estado do Vaticano, que perdura até hoje, garantido-se, assim, a independência do pontífice perante a política italiana e vice-versa.
 
Apesar desse ambiente, Contardo Ferrini, ao lado de uma espiritualidade que irá num crescendo até atingir os píncaros da ascética e da mística, em seus escritos espirituais da idade madura, já revelava uma tendência marcante  para o estudo e a pesquisa. Seus colegas reuniam-se em sua casa para ouvi-lo repetir as lições do liceu. “Quase nunca falava de religião, mas, como atesta seu colega Ferrario, todos compreendiam como o estudo e a ciência eram, para ele, meios para subir até Deus”. (CAMINADA, op.cit., p. 23).
 
Terminados os estudos do liceu, Ferrini ingressou no Colégio Borromeu, onde se matriculou na Faculdade de Direito. “Recordo muito bem, escreve o advogado Zapparoli, as impressões bem diferentes que me deixavam as lições escritas por Ferrini, comparadas com as dos outros companheiros. Ferrini não escrevia com as palavras do professor, mas reunia em poucas frases um grande discurso, anotando com prontidão e maravilhosa clareza só a idéia. Desde então, admirei esta característica da inteligência de Ferrini: ele era eminentemente sintético, e ao mesmo tempo muito claro.” (PELLEGRINO, op.cit. p. 58). Esta admirável capacidade de ir diretamente ao cerne das questões será uma característica de Ferrini, que explica seu êxito no campo tão complexo que escolheu em seus estudos de pós-graduação.
 
Desde cedo se sentiu atraído pelo estudo aprofundado das leis penais dos povos da Antiguidade. Como salientava o Papa Pio XII, na homilia de sua beatificação “Ferrini não só levava consigo nesta empresa uma rica bagagem, um profundo conhecimento das línguas antigas e um bom conhecimento dos mais importantes idiomas moderno, mas também um puro e alto idealismo, que lhe desvendava e lhe indicava no Direito Romano um reflexo daquela lei natural, a qual, até mesmo pelo pensamento pagão é considerada como algo de eterno e divino, segundo o solene testemunho de Cícero: ” - Vejo que a opinião dos mais sábios foi que a lei não é invenção do engenho humano nem da vontade dos povos, mas é qualquer coisa de eterno que deve reger o mundo inteiro, pela sabedoria dos preceitos e das proibições.” (Cícero, De Legibus, L. II, cap. 4)” (Pio XII , Papa, 1947, p. 88).
 
UM POUCO DE INFINITO
Donde tirava ele sua serenidade perante um revés que tanto fez sofrer um estudioso, principalmente quando vê triunfar a injustiça? De sua profunda sede de Deus. Continuava fiel a seu pensamento de adolescente: o homem é um ser finito que deve tender para o Infinito.
 
Seu dia-a-dia estava impregnado de Deus, desde sua meditação matutina, até a visita e comunhão diária, à leitura do evangelho e das vidas de santos, que traziam uma meta, no intervalo das pesquisas laboriosas. O nada das coisas terrenas, a vaidade do aplauso dos homens, o único permanente que é Deus, tudo isso transparece no opúsculo que dedicou a alguns amigos “Um pó d’infinito”.
 
“Toda criatura inteligente sabe e pode elevar-se ao infinito. Antes já existe uma parte de infinito em todo ser inteligente, no qual se reflete o esplendor da face de Deus: neste pensamento que brota de uma alma imortal e filho do espírito, ignora os limites do tempo e do espaço e evoca as idades que passaram e sonha com as futuras. E verdadeiramente existem momentos na vida em que o contato com o infinito é necessário, e imprescindível e em que se produzem elevações voluntárias e sublimes. Toda filosofia é ciência do infinito, entendido tantas vezes de través, jamais negado; toda religião é uma aspiração natural ao infinito, mil vezes desiludida, jamais desesperada de achá-lo.
 
“E, entre todas as filosofias e entre todas as religiões, o Cristianismo, ao nos revelar a verdade, também mostrou a capacidade universal de elevar-se ao infinito. O sábio brâmane queria ser absorvido no infinito divino, até perder sai individualidade, e o vulgo jazia no torpe politeísmo, que obscurecia toda luz natural e todas aspirações do coração. Não assim o Cristianismo. Diante desta solene revelação de Deus cai toda barreira: Servos e livres, gregos e bárbaros, ricos e pobres, sábios e ignorantes todos são convidados, o infinito é acessível a todos e a todos apareceu a benignidade de Deus. O pescador galileu, Pedro, revela diante do palácio de Cesar a loucura da cruz, no pórtico de Atenas, Paulo, um judeu de cultura grega, revela o “deus desconhecido”, em toda parte se anuncia a boa nova e em toda parte se canta com incenso louvor, pois “revelou estas coisas aos pequenos e as escondeu aos sábios”.
 
“Estupendos arcanos de Deus! Confundida a alma soberba, Ele sabe tirar a luz, onde o mundo não suspeita haver senão trevas; Ele sabe cegar, onde o mundo espera ver a luz. Aqui não falo somente daqueles que renegam a Deus e destroem a fé dos outros. Falo de vós, filósofos cristãos, de vós teólogos sutis e celebrados. Ah! Quantas vezes a velhinha das montanhas em que vivi poderia ensinar-vos e dizer maravilhada a palavra do evangelho: “Como! Vós sois mestres em Israel e ignorais estas coisas?”
 
“Por que tanta luz de Deus nas almas santas, humildes e simples e sem acastelamentos de livros? Por que tanto conhecimento de Deus? Quantas vezes, cansado de uma longa jornada de caminho sobre os montes, sentado à sombra de um abeto me defendia do sol, conversei com pastores dos Alpes, com a pobre mulher, filha da montanha! E toda vez fiquei maravilhado e confuso, tanta era a sabedoria da vida, tão grande o senso da Providência Divina, tão baixa a estima das coisas terrenas, tão grande a paz íntima e a alegria de uma vida intemerata!
 
“É a terrível verdade: aquela ciência que parecia ser a estrada do infinito, não alcança, se não está fundada na mais simples humildade antes se extravia e delira. Se alguns dos nossos grandes sábios compreendeu e sentiu a Deus, observai se foi no árido estudo de questões complicadas, ou foi antes em uma hora matutina diante do altar de Deus, ou no crepúsculo, quando o último raio de sol ou o primeiro lume da lua caía sobre a modesta imagem de Maria e um homem prostrado em doce e confidente oração.
 
(5) FERRINI, Scritti religiosi, p. 174 a 210. O opúsculo é todo ele um comentário da palavra de Vico “Homo est ens finitum quod tendit ad infinitum” e que, como já dissemos, Ferrini tinha tomado como diretiva e razão de sua via.
 
“Tal é, pois a divina economia deste mistério: a estrada do infinito é a humildade, a virtude mais acessível a todos, e especialmente aos que nós menos estimamos. O pobre aldeão que as roupas esfarrapadas  não protegem dos ventos invernais saberá, se virtuoso, elevar-se até Deus com o hábito de santos pensamentos e com uma vida humilde e de resignação. O culpado arrependido de seus múltiploes e graves erros encontrará no seu remorso mesmo a estrada pra Deus e se enaltecerá perante o Senhor, enquanto que o justo, soberbo de sua justiça, nunca poderá fazê-lo. E isto é bem razoável. O que é humilde senão a verdade, a pura e única verdade? O que nos ensina a natureza, a experiência e a razão além disso?
 
Como não chegará à verdade aquele que faz da verdade a regra de todas as suas ações e de todos os seus pensamentos? Nestas pessoas o mundo não pensa, e no entanto eles entenderam a vida, porque como que intuíram uma ordem superior de Deus, se elevaram até o Infinito, que lhes explicou o infinito, “causa causarum”, causa de todas as causas, como reconhecia Cícero, O que sabe em comparação o filósofo orgulhoso, que semeia doutrinas funestas, carregadas de imoralidades, de desconforto, de dúvida e de desesperança?
 
“Quando a pobre velhinha, que lê com dificuldade seu livro de orações, implora a Deus a conversão do filósofo incrédulo, ela comenta sem o saber o primeiro capítulo da Epístola aos Romanos! Pobre avozinha! Falava-se de um homem doutíssimo, celebérrimo e ela pergunta se ele ia à missa. Um imbecil riria dela, mas estaria rindo também da palavra de Paulo: “Se eu falasse a língua dos anjos e não tivesse a caridade, eu não passaria de um bronze que ribomba e de um címbalo que tine!”
 
“Seja louvado o Senhor. Tudo é vaidade, espinhos e remorsos de vida, exceto elevar-se a Deus; tudo é miséria, exceto repousar no Senhor. São chamados à sabedoria celeste, ao reino de justiça, de paz e de alegria, os que trouxerem o desejo de eternidade que compensa toda cegueira do mundo, aquela pureza de coração que prega o Infinito.”
 
Ao voltar, em setembro de 1902, de uma excursão ao monte São Martinho, onde se detivera junto a um riacho para beber água que talvez percorrera campos estrumados, Contardo foi acometido de fortes dores que o levaram ao leito no dia 4 de outubro. Chamado o médico, verificou-se que se tratava de tifo. Acometido de delírio, só se referia a coisas santas, das quais a alma estava cheia. Murmurava: “Cumpri o meu dever…” A 17 de outubro, recobrou as faculdades e, calmo e sereno, assistido por seus familiares, entregou o espírito a seu Criador.
 
Revestido do hábito da ordem Terceira de São Francisco a que pertencia, desde 1899, o professor de Direito Romano de três Universidades famosas, e que soubera ser digno discípulo do Santo Poverello Francisco de Assis (basta ler os trechos em que se vê seu amor pela natureza no opúsculo “Un pó d’infinito”) foi sepultado no cemitério de Suna, que logo se tornou alvo de peregrinações. Sabendo de sua morte, o padre Aquiles Ratti, futuro papa Pio XI, que com ele tivera muitas conversações relacionadas com suas pesquisas na biblioteca vaticana, fez em Milão seu elogio fúnebre, referindo-se a ele como a um santo.
No ano seguinte, sobe ao trono de São Pedro o Cardeal Sarto, com o nome de Pio X.
 
“Serei feliz de poder elevar às honras dos altares um professor de Universidade. Oh! Certamente seria um grande exemplo nos nossos tempos!” Esta foi sua reação, quando ouviu comentários de vários sacerdotes piemonteses a respeito da santidade do professor de Direito Romano da Universidade de Pavia, Itália setentrional, conhecido nos meios intelectuais como um grande pesquisador das fontes do direito justinianeu e intérprete fidelíssimo do Direito Penal Romano: o Professor Contardo Ferrini
 
Mais tarde, sua beatificação virá em 1947, no pontificado de  Pio XII, que disse na homilia:
“É de grande conforto que o Senhor tenha dado à Igreja um beato, o qual foi um mestre, um grande no campo do direito, mas ao mesmo tempo um homem de Deus, um modelo admirável pela elevação sobrenatural do seu espírito e pela santidade de sua vida. Vivendo, ele não operou milagres nem portentos; o portento e o milagre é ele mesmo, que esplende, exemplar de todas as virtudes, à veneração do povo. Inclinai as cabeças e meditai. Meditai de que o modo ele se fez santo em um século no qual a caridade de Cristo parecia banida da sociedade humana; num século em que a doutrina de Cristo e o seu Evangelho eram frequentemente desprezados e esquecidos na prática da vida e da família; em um século em que progrediu certamente a ciência da natureza e do mundo, mas também aquela ciência que da natureza e das vísceras da terra tira e multiplica as armas e as invenções para as lutas, a destruição e as ruínas. Meditai como com todo progresso que acompanha o curso da vida humana, o homem não tem aqui uma residência permanente, porque é criado para um outro mundo, para um mundo espiritual, ao qual todos estão destinados, mas do qual tão poucos se lembram.
 
Os santos são os heróis que têm o pé na terra e o ânimo no céu: Contardo Ferrini foi um destes, desde a sua juventude. Aprendei com ele e com seus exemplos a crescer na ciência que da terra se eleva ao céu, e transforma os passos da vida aqui em baixo em uma soma de méritos para a vida que depois desta não tem fim. Não vos ensoberbeça a ciência profana: guie-vos para o alto do conhecimento das verdades da fé, profundamente estudadas e praticadas; que vos sublime em Cristo a ciência  de sua caridade.”(PIO XII, Papa , op. cit., p. 99.)
 
À sua beatificação sucederam inúmeros livros biográficos, além da publicação de todas as suas obras jurídicas. Escolas, liceus, institutos, bibliotecas ruas e praças na Itália e por todo o mundo receberam seu nome e, aqui no Brasil, na fundação da Pontifícia Universidade Católica em 1948, o então Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, designou o novo beato para patrono da Faculdade de Direito que a integrava.
 
CONCLUSÃO
Só nos resta esperar que, em futuro bem próximo, possamos chamar aquele que viveu e resolveu problemas semelhantes aos nossos, com generosidade e humildade, e por isso é legítimo modelo e protetor dos professores, pesquisadores e  estudantes de Direito:  São Contardo Ferrini.

 


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