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Artigo N.º 1978 - VISÃO DO PARAÍSO PARTE 1
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Postado em: 19/07/09 às 21:53:10 por: James
Categoria: Artigos Site Aarão
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Continuamos traduzindo do espanhol as visões de Fanny Moisseiva, agora vos trazendo as tão esperadas visões do Céu, do Paraíso! Como é o Céu? Esta pergunta por certo já muitas vezes deve ter acudido a mente de cada um de nós, que ficamos a imaginar o modo de vida e o lugar onde nós viveremos na eternidade em Deus. As visões desta mística nos oferecem mais uma idéia, quem sabe conseguirão nos dar pelo menos um pálido reflexo daquilo que nos está reservado, até porque, em diversas passagens ela dirá que a linguagem humana é por demais imprópria para descrever as realidades celestes.

 
       
Vamos então á sexta parte do livro: Onde resplandece o paraíso!
 
 “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!, porque ocultais o Reino dos céus aos homens; de modo que não entrais nem deixais entrar aos outros” (Mt 23,13)
 
Observações da Autora:
 
Muitos homens dizem que depois da morte não existe nada além de um espírito privado de forma... Com grande erro imaginam: o corpo não existe, e tampouco os olhos, a boca, as mãos, etc... somente o espírito. Se realmente fosse assim, então tudo ao nosso redor seria apenas escuridão. Porém eu não encontro nada disso nas Escrituras Sagradas, eis porque sinto o desejo de gritar: “Fora com estes horrores”! E volto a olhar cuidadosamente a Bíblia e não encontro sequer um caso que pudesse confirmar tudo isto; ao contrário, encontrei algo bem diferente:
 
E Jesus respondendo lhes disse: Os filhos deste mundo casam e dão-se em casamento, mas os que serão julgados dignos do século futuro e da ressurreição dos mortos não terão mulher nem marido. Eles jamais poderão morrer porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, porque são ressuscitados” (Lc 20, 34-36)
 
Iguais aos anjos, disse o Senhor. E os anjos, como se sabe, têm figuras e os homens os têm visto assim, com os olhos corporais e têm falado com eles. Dou alguns exemplos tirados somente do novo Testamento. Lucas em 1, 11 diz: Apareceu-lhe um anjo do Senhor ficando de pé ao lado direito do altar dos perfumes.(...)
 
Observação de Arnaldo: Daqui em diante, por três páginas a autora saca textos dos Evangelhos, para provar que os anjos e as almas têm formas. Como isso não importa ao leitor, penso que poderemos dispensar estes textos bíblicos, que realmente não influirão no entendimento do texto. Vamos então, diretos às visões do paraíso!
 
I
 
Ouvi uma voz, não sei donde, que falou: Acima, desperta-te Fanny, e olha ao redor atentamente e escreverás o que vês. Nada exceto o Senhor, conhece cada homem, mas chegou o tempo de despertar os corações que estão afogados no pecado.Tu foste escolhida e designada para isto, e o que tens visto não pode ser revelado por um sonho comum. Para ti tem sido revelado o eterno mistério.
 
Eu murmurei: Mas... talvez eu não consiga entender!  E a voz falou: Eu te ajudarei sempre em todos os momentos.
 
Voltei-me como a despertar, abri os olhos e de pronto fiquei deslumbrada com um amplo azul que se estendia diante de mim numa grande distância. O tempo que havia passado entre as trevas infernais havia ofuscado meus olhos: aqui, diferentemente, a luz se derramava em torrentes e seus raios atingiam tudo ao redor.
 
Voltei meus olhos e pensei: Que belo aqui! Que ar balsâmico e perfumado! Que formoso jardim! Que esplendidos e multicoloridos vestidos usam as almas que passam por ele! E que límpido céu azul! Nenhuma nuvem empana a nitidez da pureza! Só o atravessavam os anjos, desaparecendo pelo azul imaculado. A erva aqui é sutil, verde, deliciosamente fresca e primaveril, adornada de flores e não se dobra ao solene pisar dos anjos. Que agradáveis são os pequenos caminhos que o atravessam!
 
Onde me encontro, então? Este é o glorioso Reino de Deus? Este é o Reino, onde infinitos coros de santos e querubins se inclinam ante o trono do eterno? Os sonhos, os benditos sonhos de minha vida; é aqui que se tornam em realidade? Rosas, rosas em quantidade, formam uma alfombra debaixo de meus pés, rosas se unem ao meu redor como grinaldas posando em meus braços e me deleitam com seu suavíssimo perfume.
 
Pouco a pouco se me aclararam os pensamentos; e logo me ressurgiram as espantosas impressões de minha estadia no inferno. Mas notei que me vieram despertar almas desconhecidas vindo ao meu encontro, leves como borboletas, tanto que eu sequer ouvia seus passos. Tinham vestidos multicoloridos e suas faces eram cheias de felicidade, e refletiam uma bondade sem limites.
 
Elas me disseram: Irmã: levanta-te! Está agora no Reino do Pai Celeste, cujo Espírito vive em todas as coisas. Estás aqui, por Sua vontade, para que o homem não se extravie na dúvida, em busca inútil, para que possas contar na terra a nossa vida aqui, porque a viste.
 
Aquela linguagem era para mim totalmente nova, porém eu a entendia como se fosse a minha língua materna. Levantei-me, tremendo de emoção, ao pensar no que me fora concedido: sair do inferno e anunciar depois, em êxtase, as criações celestes. As almas então, me acompanharam a uma fonte, onde bebi. Como por encanto, todo o meu medo desapareceu e se desvaneceram também os horrendos pesadelos do tétrico inferno. O mesmo que ocorre com alguém que esquece dos pesadelos, tão logo desperta. Então, mais tranqüila, comecei a contar:
 
Venho do inferno! Ali existe somente uma eterna noite, sem lua alguma, já que lá em baixo a luz foi apagada pelo Senhor. Não existe sol, não existem nuvens brancas. Por toda parte sombras e trevas. A terra não produz nenhum fruto, tudo é vazio e morto e somente pesa, sobre tudo e sobre todos – soberano – o eterno sofrimento. Assim deseja satanás, que ameaça inclusive enviar a terra o anticristo, que converterá os homens em seus escravos.
 
Eu ouvi, entretanto, suas vozes: Nós rogamos aqui ao Senhor que faça cessar desde agora a vida na terra, porém ele responde que, todavia, não chegou ainda a hora. Que vivam, ainda, os homens.
 
E voltei a dizer: Lá embaixo, no inferno eu vi... Porém fui interrompida: Não fales! Nós sabemos já tudo! Ali não valem de nada as tribulações nem os tormentos dos pecadores. Aqui, em contrapartida, é o Paraíso, cheio de toda a perfeição, e Deus reina gloriosamente nele, entre os doces cantos dos serafins, enquanto, em todas as partes florescem plantas e maduram frutos. Aqui podem viver somente as almas santas; aqui está a fonte dos pensamentos superiores e das idéias sublimes. A água dos regatos é pura e as asas dos anjos têm um esplendor prateado. Aqui ninguém trabalha e todos gozam dos bens que foram criados para os justos.
 
Uma delas trazia uma pedra preciosa, diferentes das terrestres e tão grande que a duras penas puder recolhe-la. A quem pertence esta pedra, perguntei? Posso leva-la comigo? Vale muito?
 
 Certamente – me respondeu – seu valor é considerável: vosso mundo não possui pedras similares e nem toda a terra seria suficiente para comprar uma só delas, porém acima, o Senhor as dá a todos que chegam a Ele. Se estás cansada, podes deixa-la no solo, que ninguém a tocará. Tu despertaste a pouco e não tens visto ainda nada ao teu redor. Olha quantas pedras aqui, e ainda mais belas que aquela. Aqui nada se vende nem se compra, porque aqui são inumeráveis as coisas raras. Se tu estivesses aqui há muito tempo, te asseguro que nem as terias tocado. Aqui existem pedras preciosas em tão grande quantidade que já não fazemos caso delas. Nossa alegria são as festas, que nos dão a possibilidade de voar por todos os astros e admirar a glória do Senhor. Nestes dias nos encontramos também com nossos entes queridos. Nas festas, só nas festas, vemos nossos parentes a amigos.
 
De pronto ouvi uma música dulcíssima: deixei cai a pedra preciosa e partimos daquele lugar. Ao redor de nós havia um dulcíssimo perfume de flores do Paraíso. Junto a uma sonora cascata nos detivemos e admiramos a esplêndida paisagem. Então meu companheiro se uniu a comitiva e, pondo sobre minha cabeça uma grinalda de flores em forma de coroa disse: Aqui há sempre uma bela primavera! Em todo o redor se erguiam majestosas palmeiras, que murmuravam, movidas por uma leve brisa que fazia mover as suas folhas. Naquele jardim havia um grande número de alamedas frondosas e caminhos, porém não se via ninguém andando por eles. Meu companheiro me guiava e me levava sempre adiante, e mostrando-me vários objetos para mim de todo desconhecidos e sobre eles me ia explicando, porém eu não sabia dar-lhes um nome em nossa linguagem humana. Nem poderia descrever sua beleza, porque a linguagem da terra é demasiado pobre.
 
Agora te mostrarei – disse meu companheiro – os outros planetas nos quais talvez, um dia viverão eternamente as almas daqueles que na terra foram de outras religiões, mas viveram uma vida reta, e acreditaram num único Deus. E naquele mesmo instante nos encontramos sobre estes planetas sobre os quais me ia falando meu companheiro. Eram formosos por sua cor e me quedei admirada por sua paisagem. Mas meu companheiro me disse que sua beleza era muito inferior ao brilho do paraíso dos cristãos.
 
Como me havia indicado meu companheiro, estavam por hora desertos e somente o canto dos pássaros rompia o grande silêncio, enquanto vez por outra coros de anjos voavam por cima cantando hinos ao Criador. Agora chegamos aos mundos onde estão as almas dos cristãos.
 
II
 
Durante o vôo eu admirava distintos e maravilhosos aspectos da vida celeste. Na passagem encontrávamos grandes e luminosos cometas de cauda flamejante. Alguns tinham três caudas e se iam voando pelo espaço infinito, deixando em sua passagem estrelas douradas. No fundo céu via as estrelas que de repente se separavam de sua rota e se precipitavam no infinito, sozinhas ou em grupos de milhares, formando como que um nuvem de ouro cintilante. Às vezes, em meio a estes mundos, passavam velozes esferas ardentes que deslumbravam a vista. Todo este espetáculo era tão grandioso e inconcebível que eu percebi que tudo aquilo era ainda e apenas uma pequeníssima gota do imenso mar do criado, e quão perfeito e Onipotente é Deus, Criador e Senhor do Universo.
 
E dirigindo-se a mim, meu companheiro disse: Não existe na terra nenhum mistério que seja comparável em grandeza ao do além túmulo. O homem pode subjugar as forças da natureza, porém não poderá nunca saber o mistério do além. E indicando-me o Céu falou: Vês estes pontos luminosos? São planetas sobre os quais existe uma vida eterna, porém estão separados da terra por um espaço inacessível. Depois, continuando nosso vôo, fomos chegando a um planeta que fazia tempo brilhava entre os outros, similar em forma à terra, porém de dimensão menor. Quando chegamos, observei que o solo de uma cor diferente da terra: não era pardo e roxo claro.
 
Eu me assombrei também pelo imenso número de rios que cortavam a planície em todas as direções. Havia também lagos, porém a natureza em geral se diferenciava da terrena.  Até o ar era diferente, porque eu respirava mais livremente. Tudo ao redor era festa de cores. A água dos rios e dos lagos era azul turquesa e não pelo reflexo do Céu, mas sim pela própria faculdade. No horizonte se erguiam montanhas altíssimas de uma cor violeta escuro. Nos achegamos aos bem-aventurados que estavam ali.
 
Eles contavam a um novo hóspede do paraíso, chegado fazia pouco tempo, a grandeza e a Glória do Senhor, sua Majestade; a sabedoria que concede a eles, a liberdade que gozam ali, onde não se lhes opõe nenhuma barreira nem espaço; sua clarividência, pela qual eles experimentam grandes satisfações. Passa o tempo, os séculos se sucedem, porém nenhum teme esta carreira, e ninguém tem qualquer inimigo. E nos dias de festa nossa alma espera a reunião como seus entes queridos e não pede outra coisa.
 
Calaram-se, e então ressoou um hino sagrado. Eu olhava cheia de admiração a estes bons seres, almas sensíveis que rezavam e conheceram na terra a piedade e souberam apreciar o trabalho dos homens. Sobre isso me falou meu companheiro quando lhe perguntei por quais caminhos terrenos se pode chegar a este reino.
 
Subimos até bem alto para admirar o panorama do vale, e um espetáculo grandioso se nos apresentou. Amplas extensões de prados, adornados de esplêndidas flores e árvores curvadas até o chão pelo peso de frutos dourados. Do alto descia um claro raio de luz sobre a floresta de folhagem murmurante. Era o mais esplêndido bosque que eu já vira, e dava frutos que não são vistos na terra, alguns dos quais tinham um aroma como de vinho perfumado. Detive-me ali por longo tempo, fascinada por aquele espetáculo maravilhoso, e enquanto meus olhos apreciavam tudo, a natureza parecia dizer: tudo isso é dom eterno para os justos.
 
Agora que vês o reino do além – me disse meu companheiro – é bom que saibas que as almas dos justos às vezes podem descer à terra porém invisíveis a todos. E isso sucede em dias de festa, quando se lhes concede ir a visitar os seus amigos e sua tumba vazia. Mas apenas seus queridos tenham abandonado a terra, esta se volta aos justos, completamente indiferente aos que deixou. Te mostrarei agora a região onde vive eternamente tua mãe.
 
III
 
Depois de haver admirado longamente este quadro que me alegrou verdadeiramente, nos dirigimos voando até o local onde se encontrava minha mãe. Chegamos logo nas proximidades de um planeta de dimensões tão excepcionais, que me pareceu ser muitas vezes maior que a terra. Era meio dia e o sol estava pleno. O céu era de um azul puríssimo e estava levemente marcado por nuvenzinhas alvíssimas. Vi os flancos das montanhas brilhar de ouro e prata; pedras preciosas de muitas cores pareciam ter sido espalhadas entre as rochas por uma pródiga mão; corriam arroios e prateadas cascatas iam gotejando; tudo ao redor era formado de pequenos lagos, repartidos aqui e acolá; quietos corriam rios, refletindo em si o sol, as nuvens e a maravilhosa natureza. Aqui havia luz ininterruptamente, pois durante o dia iluminava o sol e durante a noite algumas estrelas o acompanhavam dando-lhe uma luminosidade azul.
 
Caminhamos por uma ampla estrada que nos levava a um esplêndido jardim, todo rodeado, a maneira de muralha, por uma fileira de ciprestes de espessa folhagem. Aqui, neste reino perfumado, nos detivemos. Fiquei, em seguida, impressionada pela beleza e pela variedade de cores que possuíam as flores daquele lugar, todas inocentes criaturas do Senhor. Algumas, entre elas, eram tímidas e modestas. Outras, ao contrário eram belíssimas, porém totalmente indiferentes à própria beleza. Nenhum pintor saberia reproduzir os tons e os matizes próprios destas flores. Algumas mudavam continuamente e em suas mudanças havia tão grande diferença que é literalmente impossível capa-las e descreve-las. Na terra não existem cores capazes de dar sequer uma pobre idéia desta maravilha. Ninguém na terra pode preparar perfumes que se possam igualar ao doce aroma das flores do Paraíso. Estas flores não produzem embriagues, somente um prazer intenso. Eu respirava, com uma alegria não humana, o ar impregnado daquele dulcíssimo sopro.
 
E não havia nem sequer uma flor que não atraísse com doce simpatia a minha alma. Eu sentia que em todas elas vive o Espírito Divino, ao qual as cores vivas e as inumeráveis formas servem de expressão, numa harmonia que pode ser claramente intuída.
 
Tudo aqui era belo. Sem ruído, semelhantes a leves borboletas voavam os anjos. De repente, através da folhagem de uma espessa vegetação, ouvi uma voz bem conhecida por mim, e reconheci a voz de minha querida mãe. Atirei-me para aquele lugar: a voz querida conservava seu encanto de outros tempos, e não via o momento de me encontrar com ela. Diante de nós apareceu um quiosque esculpido de pedra azul, parecida com turquesa nele vi minha mãe, formosa como nunca, alta, esbelta, envolta em véus vaporosos. Seus olhos eram idênticos aos que tivera em vida, porém o rosto era diferente. Também tinha a cintura mais delgada e os cabelos mais brilhantes e penteados de outra maneira. Seu rosto era todo liso, enquanto ao redor da cabeça brilhava uma auréola. E também brilhava uma auréola em torno de todos aqueles que estavam com ela. Ela lhes falava e eu escutava avidamente cada sílaba sua. Depois se levantou e chamou as amigas. Atrás dela ondeava um véu.
 
Ó que maravilhoso é poder ver, sã e formosa, a própria mãe morta um dia por mãos de miseráveis assassinos. Que belo voltar a vê-la no Paraíso, cheia de um bendito êxtase! Dificilmente se poderia repetir a alegria de minha alma, que seguia em sobressalto a cada movimento seu. Vi seus olhos pousar sobre a imensa amplidão da água, que era toda uma paleta de luzes e cores. Parei diante dela, comovida, ansiosa pela espera e, admirando seu aspecto, recordei minha infância e a chamei docemente: Mamãe! E chorei, beijando-lhe as mãos, enquanto meu coração batia forte.
 
Porém ela não sentia a minha angustia nem minha ansiosa chamada, apenas olhava a eterna beleza das águas com um maravilhoso sorriso nos lábios. Abracei-a e encostei minha cabeça ao seu peito? Mamãe! Porque estás tão indiferente aos carinhos de tua filha? Diz-me, mamãe, pelo menos uma palavra! Porém ela estava calada. Acaso não me reconheces mais? E dizendo isso, beijava seus vestidos, mantendo-a abraçada, porém ela, vaporosamente me escapou. Eu fiquei muito triste: Companheiro, sou por acaso uma desconhecida para ela? Não – me respondeu ele – isso é porque tu pertences à terra e ela ao Paraíso. E assim nos fomos voando pelo crepúsculo azul. Por toda parte, em meio às flores, brilhavam luzes acesas em honra a Deus. Aqui não existe sol como em outros mundos; aqui a luz vem de Deus.
 
Voamos mais acima, porém quanto mais me elevava, mais crescia em minha alma uma grande tristeza, entrementes eu ia olhando cuidadosamente os montes e os bosques deste planeta, onde havia deixado minha mãe.
 
Não fiques triste – disse meu companheiro – tu viste que tua mãe recebeu o dom do Paraíso. E a verás mais uma vez, junto com teu pai, quando assistirmos juntos a festa das festas, a maior de todas as festas, a Santa Páscoa. Agora, em tempo, te mostrarei um planeta cujo esplêndido aspecto te assombrará muito.
 
(Perdão ao leitor, mas segue-se um parágrafo, que por ser polêmico prefiro descartar, que forma o capítulo IV. Vamos ao próximo capítulo)
 
V
 
Como deveríamos visitar ainda outros planetas, re-emprendemos nossa viagem. Por cima de nós vimos uma belíssima estrela e para ela nos dirigimos. Mas quando chegamos perto, ela desapareceu. Havíamos entrado em uma cobertura de vapores que vagavam lentos pelo céu difundindo, por toda parte, sombra e frescura. Quando os transpusemos, vimos palmeiras altíssimas que pareciam tocar os céus e esparziam sombra ao redor com sua folhagem, prometendo repouso e quietude. Das palmas saíam frutos estranhos, grandes e cheirosos, de polpa rugosa, de diferentes formas; abaixo delas se estendiam, como alfombras, prados cobertos de flores. De vez em quando o azul do céu se adornava de raios multicores.
 
Este era o mais solene de todos os planetas; aqui havia inumeráveis tesouros: as montanhas eram de ouro e pedras preciosas, que deslumbravam os olhos. Nos lagos azuis a água era tranqüila e não se ondulava, permanecendo sempre pura e cristalina. Descemos sobre um prado cheio de flores, onde as árvores frutíferas dobravam seus ramos até o solo. Eu colhia aqueles frutos, que pareciam dissolver-se na boca, porém não encontrava nenhuma semelhança com os frutos da terra. Sobre este descampado, uma fonte luminosa do céu espargia sua luz; seus raios rosados se espargiam pelo espaço, dando ao ambiente, tons muito delicados.
 
A erva era fina e atapetada como uma alfombra que cobria, por vontade divina, toda aquela mágica extensão; e das grandes alturas caím brancas fileiras de cascatas. Aqui estão as moradas dos santos, me disse meu companheiro, e lhe perguntei então se no Paraíso havia diferença de tratamento entre as almas.
 
Sim, disse meu companheiro, aqui a vida é diferente para cada uma destas almas, como são diferentes os planetas do Céu: cada um recebe a graça sempre dentro do limite de seus méritos terrenos, e não pode ser mais ampla ou maior do que isto. Certamente há uma grande diferença, porque os justos levaram uma vida normal, sem fazer mal, e seguindo os mandamentos com os limites de suas próprias forças. Os outros, os santos, têm feito, em contrapartida, de sua vida um sacrifício de louvor a Deus e desprezando os bens deste mundo se entregaram completamente a Deus, vivendo somente uma vida espiritual. E muitos deles, que têm estado, todavia na terra, se tornaram quase espiritualizados; por meio deles o Senhor manifestava Seus sinais; e através deles criava milagres e através deles implorava que cumprissem sua vontade”.
 
E vós, ó homens, conservai uma eterna memória deles, e sejam, as festas em sua memória (dos santos) uma recordação de louvor aos seus maravilhosos feitos. E que os homens amem e respeitem a vida espiritual, grande e santa, que eles levaram da terra.
 
Neste entretanto, ao nosso redor soavam harpas invisíveis e os santos passavam ligeiros sem que seus passos deixassem marcas. Seus movimentos, seus gestos e cantos eram de uma beleza nunca vista. De vez em quando, como relâmpagos, passavam anjos, cujo doce canto até agora ainda me ressoa aos ouvidos.
 
Entrei em uma morada e vi um santo que estava pensativo com os olhos fixos no espaço. E meu companheiro me explicou que este santo enviava seu pensamento a outro mundo, para se corresponder com um amigo. Depois saímos dali e voamos baixo, entre as moradas dos santos, e as pude admirar muito, com seus esplêndidos e perfumados jardins. Nestes jardins se recolhem os santos, com seus vestidos brancos e claros como o sol. Suas cabeças estavam rodeadas de uma claridade como de auréola dourada, e notei que esta luz somente emanava dos santos, derramando-se deles e iluminando tudo ao redor e até atrás deles se derramavam torrentes de luz dourada.
 
Diminuímos nosso vôo, e nos detivemos em cima de um alto monte; e daqui pode ouvir uma campainha, que repercutia também em mim. Ouvia aqueles sons com a alma e compreendia que anunciavam aos anjos e aos santos a luminosa manhã. Era – compreendi em seguida – o alvorecer do dia puríssimo, o alvorecer da Santa Páscoa.
 
Aquele repique não era outra coisa senão o ressoar das ondas jubilosas de gozo dos bem-aventurados. De repente, todos se levantaram para voar. E me parecia que um anjo me bateria com as asas ou me queimaria com um raio ardente. Onde havia ido meu companheiro, o protetor de minha alma adormecida? Eu estava intranqüila e comovida: o céu flamejava luzes vivíssimas e foi aqui que voltei a ver meu companheiro. Estava junto de mim! E me disse: Agora tu voltarás só, pelos céus esplendorosos, enquanto eu irei com os outros.
 
E aconteceu que, embora me sentisse uma nulidade em comparação com os santos, de improviso me cresceram nas espáduas, asas luminosas: Eu as abri ligeiramente; elas me elevaram pelo céu. Junto de mim disse uma voz: É preciso ensinar tudo à alma de um ser vivo. Me olhei e me vi com roupas novas. As asas me levaram cada vez mais alto e enquanto eu voava pelo azul infinito, não me acudia a mente nenhum pensamento.
 
Ao redor, os espaços infinitos. Que ilimitada distância! Meus olhos curiosos já não se assombravam com mais nada: no espaço infinito, sempre novos mundos, iguais em aparência, entretanto sempre novos me pareciam. Tudo era tão novo para mim que eu me esquecia até de mim mesma e ia vagando pelo céu, ligeira como um pássaro, ébria de espaço, cantando pela alegria desta vida imortal. O santo coro cantava os feitos da vida de Cristo na terra, enquanto com seu azul, o céu perfilava e rodeava maravilhosamente os corpos dos santos. Em seus olhos havia amor e beatitude: seus corpos eram transparentes sobre o fundo radioso do céu. Meus olhos buscavam com avidez cenas e aspectos desconhecidos da vida celeste. Por todas partes, novos mundos e infinitos espaços. Eu subia cada vez mais alto e não queria voltar mais para baixo: a antiga timidez tinha desaparecido e os espaços celestes já não me atemorizavam.
 
Aqui, por questão de espaço, fazemos um corte no texto para seguir em novo bloco, com a seqüência das revelações. Não deixe de ler o que segue, amigo leitor. É lago fantástico e imperdível, saber antecipadamente do lugar onde poderemos morar eternamente.
 
Segue em outro texto a Parte 2.
arnaldo


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